Tecnologia e inovação

O buzz do Clubhouse

O início de fevereiro foi agitado no universo digital com o frenesi da nova rede social do momento, o Clubhouse
Trocou as grandes corporações pelo mundo das startups e atualmente é CMO da unico, IDTech especializada em tecnologia para identidades digitais.

Compartilhar:

Lançada em março de 2020 nos Estados Unidos, com a proposta de ser uma plataforma multitask baseada em áudio, uma espécie de podcast interativo. O tipping point de adoção aconteceu por aqui em fevereiro de 2021, e fez muita gente entrar no Clubhouse. Aliás, alguns não saem mais de lá.

É fato que houve muitas críticas por ainda ser exclusiva para usuários de iOS, e entendo a frustração. No entanto, nenhuma plataforma que queira ser universal será limitada. Do ponto de vista de tecnologia, faz sentido começar controlado, com número restrito de usuários, o entendimento da usabilidade e garantir a estabilidade do sistema. A entrada de Elon Musk numa conversa, por exemplo, gerou tanto buzz que a rede quase caiu.

Claro que nós brasileiros, que adoramos uma novidade (e uma rede social) entramos em peso. Uma pesquisa recente, comandada pela consultoria de inteligência de mercado Sensor Tower, apontou que o [Brasil já estava em sexto lugar no ranking de países que mais baixaram o aplicativo](https://www1.folha.uol.com.br/tec/2021/02/boninho-e-elon-musk-impulsionam-clubhouse-rede-social-por-voz.shtml), no fim da primeira quinzena de fevereiro. Até a data, eram 308 mil instalações acumuladas, com grande potencial de crescimento e de oportunidades.

A estratégia de aquisição também ajudou a gerar este buzz. Ao começar pelos perfis mais influentes da internet e gerar escassez, já que a entrada é só por convite (como também ocorreu com Orkut, Facebook e Nubank em seus lançamentos), acabou gerando FOMO (Fear of Missing Out) em muita gente, e chegou a criar um mercado clandestino de venda de convites. Reportagens chegaram a divulgar sites e perfis pedindo 600 reais por um acesso ao Clubhouse.

Nada disso é necessário, quem está ativo na rede, além dos dois convites iniciais, vai ganhando convites à medida que participa ou criar salas. Você certamente conhece alguém que está lá e pode te puxar.

## Contextos e conexões sociais

Outra sacada é que [o Clubhouse chega num momento delicado quanto o que vivemos](https://mitsloanreview.com.br/post/clubhouse-diversidade-e-inclusao), de isolamento social, poder trocar experiências e contribuir com a sua opinião por áudio acaba dando uma sensação de proximidade que as outras redes, por meio de fotos, vídeos e textos, não conseguem (ou ainda não conseguiram). Ali mostra-se vulnerabilidade, emoção já que com a voz não tem muito como maquiar.

Também estamos muito mais conectados, então a novidade se espalhou rapidamente. Eu mesma tinha mais de cinco grupos, em um único dia, falando sobre a rede, pedindo convite e divulgando espontaneamente o aplicativo.

## Descobertas e variedades

Nos primeiros dias, muita gente entrava para falar de Clubhouse. Era comum, nesse sentido, abordagens sobre como o aplicativo impactaria as relações, o mundo do marketing, etc.. Com o passar dos dias, novas possibilidades foram sendo descobertas. Há grupos fixos, todos os dias no mesmo horário, há papos de temas bem específicos e salas fechadas. Tem até sala para imitar piloto e tráfego aéreo, ótima para boas risadas.

O mais legal e interessante é que ali é possível ter um espaço democrático para a troca de ideias e experiências, e você ainda pode dividir a sala com alguém que não teria acesso em outra situação, seja a pessoa anônima ou celebridade.

Você pode entrar numa sala para ouvir, como você faria com rádio, enquanto faz outra coisa e ainda pode sair à francesa, pelo botão de “leave quitely”. Algumas trocas também são tão enriquecedoras que a rede tem grande potencial viciante. Você quer ouvir mais, entender mais, interagir mais. No entanto, essa mesma diversidade de assuntos e salas faz com que, às vezes, seja difícil saber aonde ir.

Por isso, acredito que o melhor seja uma boa curadoria de quem seguir, já que o algoritmo vai se encarregar de te avisar os conteúdos relacionados a eles e a seus assuntos de interesse. Se bem aproveitado, o Clubhouse pode ser um South by Southwest (SXSW) de todo dia.

O potencial da rede é imenso e, por enquanto, minha experiência tem sido bacana. Se você puder, entre. Nem que seja por curiosidade. Se a rede vai ser parte do nosso hábito do dia a dia, só o tempo dirá. Pela adoção inicial tem muito potencial.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

Saúde psicossocial é inclusão

Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Empreendedorismo
A Geração Z não está apenas entrando no mercado de trabalho — está reescrevendo suas regras. Entre o choque de valores com lideranças tradicionais, a crise da saúde mental e a busca por propósito, as empresas enfrentam um desafio inédito: adaptar-se ou tornar-se irrelevantes.

Átila Persici

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A matemática, a gramática e a lógica sempre foram fundamentais para o desenvolvimento humano. Agora, diante da ascensão da IA, elas se tornam ainda mais cruciais—não apenas para criar a tecnologia, mas para compreendê-la, usá-la e garantir que ela impulsione a sociedade de forma equitativa.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG
Compreenda como a parceria entre Livelo e Specialisterne está transformando o ambiente corporativo pela inovação e inclusão

Marcelo Vitoriano

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura
ESG
No mundo corporativo, onde a transparência é imperativa, a Washingmania expõe a desconexão entre discurso e prática. Ser autêntico não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica para líderes que desejam prosperar e construir confiança real.

Marcelo Murilo

8 min de leitura