Uncategorized

O caminho para o early exit

Fundador da Questum e mentor e conselheiro da aceleradora Darwin Startups

Compartilhar:

**“Crie e administre sua empresa pensando sempre no momento da venda”**, um conselho que muitos empreendedores de tecnologia com certeza já ouviram de algum mentor, em alguma palestra ou leram em algum livro. Vender a empresa é o sonho de muitos fundadores, então é preciso falar sobre as possibilidades de exit.

Tradicionalmente são duas saídas que os empreendedores podem realizar, o _early exit_ e o _big deal_. Na primeira, os empreendedores vendem sua startup em um estágio ainda intermediário, muito antes de abrir um IPO  (oferta inicial pública) na bolsa ou antes até do investimento série B ou C. A segunda opção é muito mais tradicional, os empreendedores constroem uma grande corporação, passam por muitas séries de investimento e acabam realizando o exit quando a empresa está muito madura.

Aqui no Brasil, estamos vivenciando uma onda de early exits, com grandes corporações adquirindo startups. A média dessas transações é de R$ 20 a R$ 50 milhões, e ocorre com empresas que possuem de três a quatro anos de vida. São pequenos negócios, quando comparamos com grandes gigantes de tecnologia que estão realizando IPO. 

O caminho do early exit
———————–

Temos muitas instituições mirando a aquisição de startups já escaladas e com bom fluxo de vendas e poucas as que possuem capital em caixa para realizar uma aquisição acima de R$ 100 milhões. Por isso o _early exit_ acaba sendo uma alternativa possível e atrativa para o cenário nacional. 

Normalmente, as empresas adquiridas recebem poucas rodadas de investimento, no máximo um investimento _seed_, e estão longe de realizar um IPO. Ainda há muito potencial para crescimento dessas empresas, mas elas já estão estabelecidas no mercado, com uma solução validada e escalada. Na minha trajetória dentro do ecossistema de tecnologia de Santa Catarina presenciei algumas saídas com essas características:

* A Chaordic, vendida para Linx por R$ 55 milhões;

* A Hiper, também vendida para Linx, por R$ 50 milhões;

* A Axado, adquirida pelo Mercado Livre, por R$ 28 milhões.

Estratégias do Early Exit
————————-

“Minha premissa é que startups e empresas iniciais devem adotar essa abordagem nova e simples – começarem pequenas, permanecerem enxutas, levantarem apenas o investimento de que realmente precisam, fazerem o negócio crescer e depois executarem uma saída antecipada”, é o que recomenda o autor americano Basil Peters, no livro Early Exit.

No livro, Basil dá o direcionamento: “faça um plano de negócio de dois anos no máximo. Desenvolva uma tecnologia nos primeiros 12 meses, e passe os próximos 12 meses desenvolvendo parcerias, vendas e clientes. Se você não conseguir bons potenciais clientes em 24 meses, pense em pivotar ou achar outra startup.”

No outro lado
————-

Apesar de não serem a maioria, muitos empreendedores brasileiros buscam um _exit_ mais maduro, com o chamado _big deals._ É um caminho longo, onde a _startup_ passa por várias rodadas de investimento e está sempre em crescimento, com o objetivo de ter uma venda acima de U$ 100 milhões ou fazer um IPO (oferta inicial pública) na Bolsa de Valores.

No ecossistema catarinense também encontramos algumas empresas com essas características:

* Resultados Digitais, fundada em 2011, com investimento série D de R$ 200 milhões, liderado pelo fundo Riverwood Capital.  A Riverwood se juntará a outros investidores da Resultados Digitais, como TPG Growth (Airbnb, Azul, Spotify, Uber), DGF Investimentos (Reclame Aqui, Ingresse, Resultados Digitais), Redpoint eventures (Creditas, Gympass, Magnetis, Pipefy, Rappi), Astella Investimentos (Omie, Sallve, Qulture Rocks) e Endeavor Catalyst (Conta Azul, Contabilizei, Creditas, Dr. Consulta, Guia Bolso, Rappi).;

* Neoway, que está na rodada de investimento série B, com U$ 45 milhões e foi aportada por QMS Capital, PointBreak, Pollux, Andrew Prozes, Accel Partners, Monashees e Endeavour Catalyst.

Para realizar a saída de empresas com esta faixa de valuation ou acima, a melhor opção é contratar grandes empresas que trabalham com aquisições e fusões de organizações. Os empreendedores devem também buscar investidores que tenham uma boa relação e parceria com empresas com essa expertise.

Retornando para o ecossistema
—————————–

Tanto o _IPO_ quanto o _Early Exit_ são importantíssimos para o ecossistema de tecnologia nacional. Esta é a hora que os empreendedores e investidores são recompensados financeiramente pela sua dedicação. Nessa hora também nascem novas oportunidades para os colaboradores e para a sede da _startup_, que passa a se destacar no mapa da inovação e a atrair novos negócios.

O próximo passo desses empreendedores, que agora contam com uma boa saúde financeira, é seguir para novos desafios e, muitas vezes, retornar para o ecossistema em forma de #GiveBack: ajudando pessoas que estão começando, oferecendo mentorias, consultorias, virando investidores, ou até como fundadores ou cofundadores de novas startups.

Com tudo isso, existe a melhor estratégia de saída? Não, ela depende muito da visão e expectativa dos empreendedores. **O importante é que toda empresa tenha um plano de saída.** E nossa recomendação é que todos fundadores alinhem a sua estratégia de saída antes de receber o primeiro real de investimento na empresa.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)