ESG
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O conflito de gerações no mercado de trabalho e na vida: problema ou oportunidade?

Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.
Fundador e CEO da Motivare, com mais de 30 anos de exepriência na área de Marketing. Autor do livro "Marketing sem blá-blá-blá: inspirações para transformação cultural na era do propósito".

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Seja nos corredores das empresas, nos coworkings ou nas videochamadas, a convivência entre múltiplas gerações é um fenômeno sem precedentes na história. 

Ao ler o livro The perennials: the megatrends creating a postgerational society, de Mauro Guillén, ex-reitor da Judge Business School da Universidade de Cambridge e vice-reitor da The Wharton School da Universidade da Pensilvânia, me deparei com um novo conceito que me fez entender melhor essa questão, o de Perennials. Esse grupo de pessoas não é definido por sua geração, mas pela variedade de idades, matizes e tipos que transcendem estereótipos e fazem conexões entre si e com o mundo ao seu redor. 

Guillén explica que, enquanto em um passado não muito distante coexistiam no mundo no máximo quatro ou cinco gerações de pessoas, agora temos oito habitando o planeta simultaneamente. Essas transformações estão gerando uma revolução pós-geracional, que irá remodelar a vida de pessoas e a organização de empresas, impactando os rumos da sociedade. Ou seja, independentemente de nomenclatura, Perennials, Tradicionais, Baby Boomers, Geração X, Millennials e Geração Z estão lado a lado, interagindo, negociando e moldando o futuro do trabalho e do consumo. 

Contudo, essa convivência, que deveria ser uma ponte para o crescimento, muitas vezes, se transforma em barreiras erguidas por diferenças de valores, estilos de comunicação e perspectivas. Como podemos transformar essas barreiras em oportunidades? De que forma cada geração pode influenciar positivamente o mercado enquanto aprende e cresce com as outras? Como fugir dos chavões tradicionais e não tratar a maturidade e experiência como obsolescência nem tampouco a juventude e arrojo como imaturidade?

Os Baby Boomers cresceram em um mundo que valorizava a estabilidade e o trabalho duro como principal caminho para o sucesso. Eles trouxeram para o mercado características como comprometimento, lealdade e a valorização de conquistas tangíveis, como a casa própria e uma carreira estável. Hoje, muitos estão próximos da aposentadoria ou ocupam cargos de alta liderança, representando um pilar muito importante de experiência vivida e conhecimento acumulado.

Conhecida como a geração “ponte”, a Geração X equilibra os valores tradicionais dos Boomers com a adaptabilidade trazida pelas gerações mais novas. Resilientes como os Boomers, mas mais abertos à inovação, tornaram-se líderes naturais em ambientes que exigem mediação entre diferentes estilos.

Os Millennials entraram no mercado durante o auge das mudanças tecnológicas e econômicas. Essa geração impulsionou o trabalho remoto, a economia compartilhada e o consumo consciente.

Já a Geração Z é marcada pela hiperconectividade. Eles cresceram em um mundo de redes sociais, informações instantâneas e mudanças sociais rápidas. Não apenas consomem, mas também criam tendências. Exigem autenticidade e agilidade de marcas e empresas e têm uma abordagem direta e assertiva em relação a causas sociais e diversidade.

Embora as diferenças geracionais possam gerar atritos, elas também oferecem um terreno fértil para a inovação. Os jovens aprendem com a experiência dos mais velhos, enquanto os mais experientes se atualizam com as inovações comportamentais e  tecnológicas. Soluções inovadoras emergem quando perspectivas diferentes se complementam e empresas que promovem integração geracional tornam-se mais criativas e resilientes. A questão atual não é mais sobre pensar fora da caixa. O momento atual pede a destruição das caixas. 

Como alguém que já viu distintas gerações passarem pelo mercado, pertenço ao grupo que prefere trazê-las para perto de mim. Acolher as gerações mais jovens não é apenas uma questão de empatia, mas também de sobrevivência e relevância. Acolher significa garantir que o conhecimento acumulado ao longo dos anos seja repassado e adaptado às novas realidades. E se desenvolver significa a coragem e humildade para desaprender oque for preciso.

O futuro do mercado não pertence a uma geração isolada, mas à soma de todas elas, assim como na vida, nas relações que cultivamos. Ao acolher as diferenças e valorizar o que cada geração traz para a mesa, criamos um ambiente onde a experiência encontra a inovação e a tradição caminha lado a lado com a ousadia.

Cabe a cada um de nós refletir: estamos prontos para destruir caixas, desaprender, quebrar paradigmas, construir novas pontes e, assim, consequentemente brilhar? 

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