Os temas estão à mesa. Transição energética, mudanças climáticas, digitalização dos serviços, compliance, além dos de sempre: emprego, educação e sistemas alimentares. Foi com esses desafios que o B20 Summit Brasil 2024, realizado entre os dias 24 e 25 de outubro de 2024, em São Paulo (SP), se pautou. Foram debates envolvendo líderes empresariais e políticos do grupo das 20 maiores economias do mundo, o G20, sobre o que fazer.
Tranquilamente se pode afirmar que essa não é uma tarefa trivial. Nem um pouco. Até porque construir uma economia mais justa, sustentável e próspera através da inovação tem sido alvo de vários e vários summits, reuniões, workshops, palestras, enfim, de todo e qualquer tipo de encontro de quem toma decisão mundo afora.
Muito embora seja um terreno difícil de se transitar, há algo novo no horizonte. Com o objetivo de alcançar um crescimento sustentável e inclusivo, empresas brasileiras estão lançando mão de um framework que se baseia em três horizontes de inovação, direcionando, portanto, ações que contribuam para a superação desses pontos.
O relatório da McKinsey “From poverty to empowerment” margeia esses pontos. Por exemplo, quando se refere à “Inclusão Econômica e Empoderamento da População”, destaca-se a importância de se elevar os padrões de vida da população mundial, indo além da erradicação da pobreza extrema. É engenhoso. O é, porque o conceito de “linha do empoderamento” define o nível de consumo que permite às pessoas não apenas suprir suas necessidades básicas, mas também ter acesso a serviços essenciais como saúde, educação e moradia, além de construir uma reserva financeira e participar ativamente da sociedade.
No Brasil, cerca de 51% da população, cerca de 110 milhões de pessoas, viviam abaixo da linha do empoderamento em 2020, segundo relatório feito pela própria consultoria.
Desafiador, não? De fato. Tanto que as empresas se lançaram nessa jornada e o ecossistema de inovação tomou para si a tarefa e desenhou três horizontes. A saber:
- Horizonte 1: Otimizar seus processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, além de oferecer programas de treinamento e desenvolvimento para seus colaboradores.
- Horizonte 2: Desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda, expandindo o acesso a bens e serviços essenciais como crédito, seguros, saúde e educação.
- Horizonte 3: Investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos, como plataformas de microcrédito, soluções para o mercado informal e tecnologias que facilitem o acesso à educação e à saúde.
Mas não parou por aí. No que diz respeito à Transição Energética e Sustentabilidade Ambiental, estão todos cientes do papel do Brasil. Qual seja? Crucial.
Crucial pela rica biodiversidade, pelo potencial de liderança na transição energética, entre outros fatores. Nessa esteira, as empresas podem contribuir para esse objetivo através da inovação em cada um dos 3 Horizontes. A eles:
- Horizonte 1: Implementar práticas de eficiência energética para reduzir o consumo de energia em suas operações, buscar fontes renováveis e reduzir o impacto ambiental de suas atividades.
- Horizonte 2: Investir no desenvolvimento de produtos e serviços com menor pegada de carbono, como soluções de mobilidade sustentável, embalagens biodegradáveis, tecnologias de reuso de água e sistemas de produção mais eficientes.
- Horizonte 3: Pesquisar e desenvolver tecnologias disruptivas para a descarbonização da economia, como captura e armazenamento de carbono, novas formas de produção de energia limpa, tecnologias de agricultura regenerativa e soluções para a gestão de recursos hídricos.
Só que nem as hipóteses referentes à Inclusão Econômica, bem como as da Transição Energética não vão acontecer da noite para o dia. Trata-se de construção. Nessa linha, o crescimento econômico é peça essencial.
No entanto, para que esse crescimento seja realmente transformador, ele precisa ser impulsionado pela produtividade e pela inovação. E as empresas brasileiras sabem disso.
Esse tripé da inovação se apresenta em três categorias que representam diferentes estágios e metas de inovação. A saber: Inovação Incremental e Eficiência do Core Business, a Experimentação e Desenvolvimento de Negócios Emergentes e Visão de Futuro e Inovação Disruptiva.
Em linhas gerais, a Inovação Incremental tem por objetivo consolidar e aprimorar os negócios principais da empresa, buscando a máxima eficiência e rentabilidade. Já o Desenvolvimento de Negócios objetiva explorar e desenvolver novas oportunidades de negócios que complementem ou, eventualmente, substituam o core business no futuro. E, por fim, a Visão de Futuro versa sobre a investigação de tendências de futuro e desenvolvimento de tecnologias e modelos de negócios disruptivos que podem transformar o mercado e a empresa no longo prazo
O Bioeconomy Amazon Summit (BAS), trilha de eventos que vai se estender até 2030 na região amazônica e cuja primeira edição aconteceu em agosto deste ano em Belém (PA), se inspira nesses desafios. Tanto que o objetivo central é ampliar a discussão sobre o papel da inovação e do empreendedorismo na bioeconomia da Amazônia.
Por óbvio que a jornada rumo a um crescimento sustentável e inclusivo no Brasil exige um esforço conjunto de empresas, governo e sociedade civil. Eventos como o B20 Summit Brasil 2024 e o BAS oferecem uma plataforma para o diálogo e a colaboração entre esses atores, com o objetivo de construir uma agenda comum para o futuro.
As empresas que se posicionarem na vanguarda da inovação terão a oportunidade de se destacar no mercado, gerar valor para seus stakeholders e contribuir para a construção de um futuro mais próspero e sustentável para o Brasil. O momento é agora: as empresas brasileiras são chamadas a assumir um papel de protagonismo na construção de um futuro mais justo, verde e inovador para o país.