Estratégia e Execução

O desafio dos unicórnios no e-commerce indiano

O eBay desistiu de competir e a Flipkart teve sua valuation rebaixada; os problemas revelam a difícil transformação digital do varejo em mercados emergentes, mas o potencial é imenso

Compartilhar:

 Nos outros mercados do BRIC, será que a vida das empresas anda mais fácil? Na Índia, parece que sim: três das maiores empresas de tecnologia do mundo, a chinesa Tencent, o eBay e a Microsoft, investiram US$ 1,4 bilhão no e-commerce indiano Flipkart no final de 2016. Só que os analistas de mercado, que haviam reduzido as estimativas de valuation da empresa de US$ 15,5 bilhões no fim de 2015 para algo entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões, não as melhoraram.

 O fato de ser uma startup-unicórnio, tipo ainda relativamente raro em economias emergentes, não blinda a Flipkart contra perspectivas ruins. Por quê? De um lado, há o avanço da multinacional Amazon; como publicou a Knowledge@Wharton, Jeff Bezos, em visita recente à Índia, anunciou investimentos adicionais de US$ 3 bilhões na operação local. De outro, o segmento de e-commerce anda vivenciando abalos sísmicos naquele país. O eBay desistiu de atuar lá diretamente (sua aquisição da Baazee em 2005 não funcionou como previsto). O marketplace ShopClues foi fraudado por um cofundador e o Snapdeal enfrenta sérias dificuldades financeiras (tanto que seu acionista japonês, o SoftBank, quer fundi-lo com a Flipkart). O CEO da Stayzilla, de hospedagem, passou um mês na cadeia por fraude também. 

Piorando as coisas, o CEO do Snapchat, Evan Spiegel, declarou publicamente que não quer expandir suas operações para países pobres como a Índia – a Índia foi o exemplo ao lado da (pasme!) Espanha.

 E, por fim, há um novo entrante no pedaço: a fintech de pagamentos eletrônicos Paytm, que começa a atuar no e-commerce e conta com investidores pesos-pesados como o Alibaba e o SoftBank.

 Será que o mercado indiano online possui semelhanças com o brasileiro? A avaliação é que seja menor. Só a elite daquele país tem o hábito de comprar online por enquanto. A infraestrutura de internet não está tão evoluída quanto deveria, os pagamentos digitais estão no início e a logística de entrega é complicada em áreas rurais remotas. Além disso, a oferta de produtos e marcas é pouco diversificada. Lá são as lojas físicas que continuam a crescer, como o DMart e o Future Group. (Vale observar que o Future Group diz estar se transformando em uma organização digital com lojas físicas, como o Magazine Luiza no Brasil.)

 O potencial indiano, porém, é enorme: só 2% das vendas são online (ante 5,4% no Brasil e 7% nos EUA). Estima- -se que possa faturar US$ 100 bilhões anuais se aumentar um pouco esse percentual. Não falta pasto para unicórnios.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
26 de novembro de 2025
Parar para refletir e agir são forças complementares, não conflitantes

Jose Augusto Moura - CEO da brsa

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
25 de novembro de 2025

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom Tecnologia

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança