Uncategorized

O estresse e a liderança consciente

O estresse pode ativar instintivamente partes do cérebro e impedir o autoconhecimento, a empatia e a inovação. Com base na neurociência e nos princípios do mindfulness, desenvolvi um método em quatro etapas para que líderes possam enfrentar o estresse de forma mais efetiva e, de modo proativo, passar de uma mentalidade reativa para uma mentalidade criativa.
Daniel Friedland, especialista em liderança e neurociência, CEO da SuperSmartHealth e autor do livro Leading well from Within: a neuroscience and mindfulness-based framework for conscious leadership.

Compartilhar:

O conceito de Liderança Consciente (Conscious Leadership, no original em inglês) enfatiza o desenvolvimento e a manutenção de um pensamento que tem como objetivo a criação de organizações bem-sucedidas guiadas pelo propósito e com foco na estratégia. Isso é especialmente vital em épocas de estresse e sobrecarga.

A expressão Liderança Consciente se tornou conhecida por conta do trabalho do Capitalismo Consciente, uma organização criada e constituída por gestores de empresas como Unilever, Reserva, Cielo, Whole Foods, Southwest Airlines e Starbucks. O objetivo é inspirar a humanidade por meio da prática de negócios conscientes. (Detalhes sobre o tema você encontra na edição 133 da HSM Management, no dossiê “Você acredita em empresas que curam?”)

O Capitalismo Consciente estabelece que o líder consciente deve focar no ‘nós’, em vez de focar no ‘eu’. Ele inspira as pessoas, promove transformações e desperta o melhor de quem está ao seu redor. Compreende que seu papel é servir ao propósito da organização, dar apoio às pessoas e criar valor para todos os públicos de interesse, cultivando uma cultura consciente baseada na confiança e no cuidado.

Com tantos papéis relevantes, o líder precisa estar atento, pois uma das principais ameaças à Liderança Consciente é o estresse sem gerenciamento. O estresse pode ativar partes do cérebro e impedir o autoconhecimento, a empatia e a inovação.

Isso geralmente leva a um pensamento reativo, presente na ação de luta e em outras reações baseadas no medo, o que, por sua vez, está associado à liderança de baixo desempenho. O estresse não gerenciado pode bloquear a capacidade do líder de pensar com clareza, conectar-se plenamente com outras pessoas e inspirá-las, levando ao conflito destrutivo e, ainda pior, a uma harmonia artificial – e ambas as possibilidades geram uma cultura pouco saudável de “desengajamento”.

Embora as pesquisas evidenciem que o estresse pode prejudicar a saúde, os relacionamentos e a produtividade, novas descobertas mostram que certos tipos de estresse podem, na verdade, proteger a saúde, melhorar os relacionamentos e alimentar uma mentalidade criativa e levar ao alto desempenho da Liderança Consciente.

Há um processo de quatro passos, baseado na neurociência e em mindfulness (atenção plena), para que os líderes consigam enfrentar de forma mais efetiva o estresse e, de modo proativo, passar de uma mentalidade reativa para uma mentalidade criativa. 

**1. Reconhecer e gerenciar a reatividade**

Essa etapa permite que você reconheça suas sensações, seus sentimentos e seus comportamentos reativos. A ideia é tirar vantagem dessas reações a fim de encontrar mais calma no calor do momento, sempre que as reações possam fazer mais bem do que mal a você e às outras pessoas. 

**2. Reavaliar o estresse e as dúvidas pessoais**

Permite que você reconfigure a forma como experimenta o estresse e as dúvidas pessoais, de modo a sentir maior segurança para neutralizar seus efeitos negativos. Do mesmo modo, é possível ter mais confiança em ser capaz de redirecionar e focar melhor as energias, como ferramenta para alcançar os resultados que mais importam.

**3. Cultivar a criatividade**

Possibilita que você alinhe sua visão, estratégia, implementação e resultados almejados de modo a otimizar sua saúde, seus relacionamentos e seu trabalho, experimentando maior sucesso, significado e senso de realização na vida. 

**4. Catalisar o crescimento**

Essa etapa transforma seu diálogo interno ao mostrar a você como fazer perguntas melhores e, assim, encontrar, avaliar e aplicar respostas que permitam aprender e crescer continuamente.

Esses passos não são apenas decisivos para aprofundar sua inteligência emocional e sua capacidade interpessoal. Também são vitais para ampliar sua inteligência social e sua capacidade de lidar bem com o mundo.

À medida que você aplicar esses passos como Líder Consciente, vai expandir continuamente sua capacidade de inspirar, influenciar e cultivar uma cultura altamente engajada e de alto desempenho, que transforme sua empresa para fazer ainda mais diferença na vida daquelas pessoas que você serve.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura
Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura