Uncategorized

O futuro da educação

A Singularity University discute temas do mundo contemporâneo a partir da perspectiva do crescimento exponencial. Aqui apresentamos essa visão aplicada ao universo da educação

Compartilhar:

No mundo do futuro projetado pela Singularity University (SU), todos têm acesso à informação, a um ambiente saudável e a experiências que podem construir inteligência, conhecimento e habilidades para todas as pessoas em todos os estágios de suas vidas, tanto para a realização pessoal como em benefício da sociedade. Não é possível imaginar nesse mundo, portanto, crianças indo à escola – a escola é que as segue para onde elas forem. Nesse contexto, professores e alunos estão sempre mudando de posição.

O século 20, segundo os pesquisadores da SU, trouxe grandes progressos no sentido de melhorar o acesso à educação. Hoje, mais de 91% das crianças do mundo têm acesso à educação básica. Mas isso ainda deixa 57 milhões sem escola. 

E isso não significa que a educação oferecida seja de qualidade. Professores e gestores mal preparados, infraestrutura precária e currículos ultrapassados são alguns dos problemas, ao lado de questões estruturais resultantes da desigualdade econômica, como má nutrição e violência.

A maioria das crianças que não frequenta escolas vive na África Subsaariana, em regiões de guerra ou em zonas rurais sem acesso a transporte. Outros desafios frequentes são ter deficiências ou ser mulher em locais em que meninas têm mais restrições do que meninos.

Em um mundo de mudança tecnológica e econômica em aceleração, as profissões rapidamente se modificam, o que exige um aprendizado para a vida toda a fim de complementar a educação formal. Além disso, teremos de ser flexíveis para conciliar como atendemos nossas necessidades básicas enquanto encontramos estímulo e propósito em nosso trabalho e aprendizado. 

Para a professora da SU Esther Wojcicki, “quando os alunos chegam ao fim do ensino fundamental, já perderam boa parte de sua criatividade, porque só se preocupam com as notas. A criatividade vem quando você faz algo em que realmente está envolvido, e isso não necessariamente resulta em uma nota máxima. E essa criatividade gera paixão e interesse, o que dura para o resto da vida”. 

O sistema educacional se mantém o mesmo há décadas, inspirado nas práticas industriais, e o resultado é desmotivação crescente. Na análise da SU, aqui estão alguns problemas:

• Sistema de notas: no sistema tradicional, os alunos começam com 10 e vão perdendo pontos conforme cometem erros. No mínimo, é desmotivador. No máximo, não tem nada a ver com o mundo adulto. A sugestão é aprender com o mundo dos games, no qual se começa do zero e se ganha pontos para o que se faz com sucesso.

• Sistema de classes e aulas: em uma época de escassez, a saída foi colocar um professor diante de muitos alunos, falando sobre vários assuntos. Hoje esse sistema de palestras não funciona mais.

• Conteúdo: em que medida o conteúdo aprendido no ensino fundamental e médio é útil na vida prática? Pouco do que se aprende ajuda a enfrentar a vida adulta. Habilidades de comunicação e de colaboração, por exemplo, cada vez mais importantes, raramente são ensinadas.

• Conformidade x imaginação: memorização e aprendizado analítico são as bases da educação industrial. Qual o espaço para a criatividade nesse contexto?

• Tédio x evasão escolar: se ir à escola é uma obrigação chata e sem emoções, os alunos não se envolvem. Diariamente, 7,2 mil alunos deixam o ensino médio, somando 

1,3 milhão por ano nos Estados Unidos, o que representa 31% dos alunos que entraram. No Brasil, a taxa é ainda maior: quase 40% dos jovens de 17 anos estão fora da escola. 

**COMO A TECNOLOGIA PODE AJUDAR**

A educação tem sido quase a mesma por mais de um século. Para muitos, esse sistema se tornou desatualizado. Em todo o mundo, os inovadores trabalham para melhorar e possivelmente transformar a educação para todos, incorporando novas formas de aprendizado e tecnologias exponenciais à educação. Esses experimentos podem se tornar bem-sucedidos e chegar a milhões de pessoas. A Singularity University analisa alguns movimentos:  

**Explosões de aprendizado**

Os professores descobriram que é impactante incluir breves explosões de aprendizado sobre diferentes tópicos ao longo do dia. O microaprendizado é oferecido em breves sessões interativas, garantindo que a atenção do aluno não se perca. Esse formato de microaprendizado pode reduzir a necessidade de aprender grandes conjuntos de informações de uma só vez, diminuindo o estresse que tende a acompanhar esse tipo de esforço.

**Criatividade de volta à sala de aula**

Salas de aula focadas em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) têm funcionado bem nas últimas décadas, mas pessoas criativas são necessárias agora mais do que nunca. Educadores descobriram que a criatividade é vital para o nosso processo de aprendizado e para a maneira como nos expressamos como seres humanos. Aprender sobre as artes criativas está ganhando popularidade e agora está de volta em alguns currículos. Muitas empresas começaram a dar crédito à criatividade, chegando mesmo a listá-la como uma característica desejada em seus esforços de recrutamento.

**Novos métodos de ensino**

Os líderes em educação começaram a chegar às crianças por novas formas de ensino, como simuladores, jogos educativos e até entretenimento educativo. Por exemplo, o RoomQuake coloca uma sala de aula comum em uma simulação de terremoto. Os jogos educativos e os métodos de aprendizado do entretenimento educativo oferecem aos alunos a oportunidade de sair do livro e de participar de uma experiência, abrindo oportunidades para momentos valiosos de ensino. Além disso, essa abordagem oferece aos alunos uma ampla oportunidade de desenvolver habilidades do mundo real, como o trabalho colaborativo e habilidades essenciais de gerenciamento de tarefas e tempo.

**Personalização**

Alguns especialistas em educação preveem que as salas de aula do século passado em breve darão lugar a um aprendizado mais individualizado. Com a liberdade de não ser limitado por dispositivo, local ou hora do dia, as pessoas podem aprender em seu próprio ritmo. O aprendizado individual não apenas proporciona uma vantagem aos alunos mais rápidos, mas também pode colocar em evidência mais depressa os desafios do aprendizado. Programas que atendem a desafios específicos, como TDAH e dislexia, estão fornecendo aos alunos as ferramentas necessárias para aprenderem com colegas da mesma faixa etária.

**Aulas online**

Embora a educação online tenha passado por mudanças, ela está disponível na internet há décadas. Aulas online são facilmente acessíveis para qualquer pessoa com acesso à internet, seja por meio de computadores, tablets, telefones ou dispositivos inteligentes. Isso abre oportunidades para o aprendizado em plataformas de internet que ensinam pessoas usando tutoriais em vídeo e métodos visuais de aprendizado.

**Tecnologias emergentes**

De maneira abrangente, as tecnologias emergentes na educação podem parecer voláteis, mas a exploração e a descoberta podem fechar importantes lacunas no acesso e na qualidade da educação. Os principais educadores deram os primeiros passos em direção ao ensino com a ajuda da inteligência artificial (IA) e do blockchain para orientar as jornadas educacionais dos alunos. Outros inovadores educacionais se concentraram em tornar a educação mais envolvente e atraente por meio da realidade virtual (RV) e da realidade aumentada (RA). E alguns líderes estão explorando o uso da internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) para oferecer comunicações mais eficientes aos alunos e pais em tempo real.

Imagine um mundo em que instrutores não ensinem mais fazer provas, mas recompensem os alunos por resolver problemas da vida real. Visualize uma realidade na qual aprendizado e educação podem acontecer em qualquer lugar, com qualquer pessoa, e no qual os adultos possam aprender de forma tão fluida quanto as crianças. 

Um currículo bem-sucedido foca o desenvolvimento de habilidades críticas de sobrevivência, como liderar pela influência, nutrindo habilidades como agilidade, adaptabilidade, iniciativa, empreendedorismo, comunicação efetiva, pensamento crítico, análise, curiosidade e imaginação. Esse é o mundo vislumbrado pela SU.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de setembro de 2025
Ignorar o talento sênior não é só um erro cultural - é uma falha estratégica que pode custar caro em inovação, reputação e resultados.

João Roncati - Diretor da People + Strategy

3 minutos min de leitura
Inovação
16 de setembro de 2025
Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Magnago

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de setembro de 2025
O luto não pede licença - e também acontece dentro das empresas. Falar sobre dor é parte de construir uma cultura organizacional verdadeiramente humana e segura.

Virginia Planet - Sócia e consultora da House of Feelings

2 minutos min de leitura
Marketing & growth, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
12 de setembro de 2025
O futuro do varejo já está digitando na sua tela. O WhatsApp virou canal de vendas, atendimento e fidelização - e está redefinindo a experiência do consumidor brasileiro.

Leonardo Bruno Melo - Global head of sales da Connectly

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
11 de setembro de 2025
Agilidade não é sobre seguir frameworks - é sobre gerar valor. Veja como OKRs e Team Topologies podem impulsionar times de produto sem virar mais uma camada de burocracia.

João Zanocelo - VP de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura