Carreira, Inovação, Comunidades: CEOs do Amanhã

O impacto da colaboração na inovação

Descubra as cinco quebras de paradigmas sobre colaboração fundamentais para potencializar a cultura de inovação na sua empresa

Catarina Squillante

Estrategista de transformação digital na SulAmérica, atuando na polinização do movimento lean digital transformation....

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Inovação é um tema polêmico, né? Só o Larry Keeley, que é líder e cientista da inovação eficaz em 55 setores com as maiores empresas do mundo, acredita que há dez tipos de inovação. Então, não vamos pensar em todas as variáveis para essa reflexão e, sim, em algo simples como: inovação é uma nova ação para algo.

O que vou escrever aqui ninguém nunca te contou e você não encontrará em livros ou no Google: os [bastidores da inovação](https://www.mitsloanreview.com.br/post/mais-do-que-inventar-negocios-e-criar-empresas). Você já pensou que quem faz essas “novas ações para algo” são as pessoas? Então, por que na maior parte das empresas o foco dos investimentos é muito maior em tecnologias do que nas pessoas?

Vivemos em um tempo onde há várias lideranças que comandam e controlam, mas esperam essas grandes inovações da sua equipe. O que essas lideranças não percebem é o [impacto da colaboração na inovação](https://www.revistahsm.com.br/post/um-ecossistema-de-colaboracao). Para que você tenha clareza desse impacto, compartilho cinco quebras de paradigmas que você precisa conhecer para começar uma transformação que leve a inovações.

Mas antes, um breve resumo sobre mim: iniciei minha carreira em uma multinacional alemã, sempre com muita vontade de transformar e criar inovações. Porém, no início, não consegui os resultados que esperava, pois os processos eram muito burocráticos e havia resistência por parte dos colegas e da liderança. Demorei cinco anos para aprovar um projeto de milhões que tinha como propósito otimizar o processo de precificação de mais de 200 pessoas, um projeto pioneiro no mundo, mas que, depois de iniciado, ninguém usou. Esse foi um grande aprendizado. Hoje, lidero a estratégia de transformação de jornadas digitais em uma empresa centenária carioca ao lado de um time extremamente colaborativo. Mas vamos às quebras de paradigmas da colaboração, que são a potência da inovação.

## 1. “Tarefeiros” X Objetivos e resultados
É comum escutar “chefes” (entre aspas, pois indico o estereótipo de chefe, não de um líder) perguntarem aos seus “funcionários” (e não colaboradores) quais foram as tarefas executadas. Porém, o que normalmente nenhuma das duas partes sabe é qual o objetivo que se deseja alcançar com a tarefa e os resultados esperados — lembrando que resultado não significa concluir uma tarefa, mas algum valor mensurável gerado para o negócio e sociedade.

A quebra, portanto, está na criação de objetivos claros e de forma colaborativa, além da reflexão sobre os resultados esperados e a identificação de indicadores e métricas que permitam seu acompanhamento. O líder é a peça-chave que [traz a visão de futuro](https://www.revistahsm.com.br/post/futuro-no-agora-negocios-conscientes-responsaveis-e-humanizados) e empodera as equipes para criarem esse caminho.

## 2. Apresentação de uma ideia em PowerPoint X Dinâmicas cocriativas
Se você trabalha ou já trabalhou em grandes empresas, com certeza já teve uma ideia sensacional, passou horas no PowerPoint para mostrar ao “chefe” para, no fim, ele não gostar. De acordo com o Daniel Fredland, neurocientista e autor do livro *Leading well from within*, as pessoas abraçam o que elas criam, e não se cria nada sozinho.

A cocriação exige um processo de colaboração para resolver um problema real. Nesse sentido, pessoas contribuem com ideias e, com protagonismo, desenvolvem a melhor versão de uma solução. Aqui, o líder também deve estar presente e agregar a visão estratégica da organização.

## 3. Aprovação de projeto X Decisões coletivas baseadas em dados
Sabe aquele friozinho na barriga para aprovar um projeto? Ele acontece, provavelmente, porque seu “chefe” aprova coisas *que ele acha que darão certo*. Então, vou te mostrar como acabar com esses hipopótamos (nomenclatura para o acrônimo em língua inglesa HIPPO, que significa as pessoas “de peso” que tomam decisões com base em achismos).

Para tomar decisões com base em dados, de forma coletiva e colaborativa, é importante escutar os problemas enfrentados pelos clientes (não aqueles que o “chefe” *acha que eles enfrentam*) e, assim, buscar dados da operação para descobrir a [causa raiz relacionada ao desafio do cliente](https://www.revistahsm.com.br/post/de-chro-a-chief-of-experience-officer-cxo). Caso contrário, são criadas soluções que agradam apenas os chefes, e não os clientes, sendo que quem “paga a conta” é o cliente.

## 4. Criar um novo produto X Entrega de valor para o cliente
Algumas frases clichês sobre isso, populares nas metodologias ágeis: “comece pelo problema”, “ame o problema” e [“tenha foco no cliente”](https://www.revistahsm.com.br/post/a-hora-h-do-sxsw-empatia-e-transparencia). Na teoria, fácil, o difícil é colocar em prática de forma colaborativa, ou seja, com o time interno, com o ecossistema de stakeholders e com o seu cliente.

Todo produto é usado para atender a uma necessidade do ser humano. Antes de pensar em uma solução, pense quais atividades esses seres humanos executam, quais problemas eles têm no dia a dia e quais ganhos eles esperam com uma inovação. Depois, crie hipóteses de soluções e valide com o seu cliente na prática, por meio de experimentos de baixo custo.

## 5. Erros X Resultados esperados não alcançados
Aposto que quando seu “chefe” falou para sua equipe que vocês erraram, devem ter pensado “mas quem nunca errou na vida?” ou ficaram bem chateados. Vou te contar um segredo da Fernanda Dutra, criadora da Inovação Não Violenta: não existem erros, existem resultados esperados não alcançados. Quando temos objetivos e resultados claros, as ideias são criadas de forma colaborativa e as decisões tomadas com base em dados, é importante entender que, talvez, o projetado não se concretize.

O importante é discutir o que não funcionou em equipe, listar os aprendizados e refletir sobre como fazer diferente da próxima vez. As inovações surgem do risco e se a equipe não sentir que o [ambiente é seguro para errar](https://www.revistahsm.com.br/post/quatro-elementos-para-construir-um-ambiente-que-inspira-e-desenvolve-pessoas), a inovação sequer passará para o plano das ideias, quanto mais das ações. Se você é um líder e espera inovações, fomente a cultura do aprendizado para encorajar sua equipe!

## Um longo caminho
Essas quebras de paradigmas não acontecem de um dia para o outro. A mudança na forma de pensar é algo que leva tempo, assim como a cultura da colaboração e, consequentemente, os resultados da inovação. Exige investimento em tempo, recursos, pessoas e no engajamento integral da liderança (lembrando que liderança não é um cargo, é uma atitude! Uma atitude de escutar, conectar e engajar as pessoas, de perceber aonde podemos chegar juntos, de conhecer os clientes e de motivar mesmo quando não se alcança os resultados).

Para liderar a inovação, não é necessário somente que se entenda tecnicamente alguma tecnologia, conhecer metodologias ou ser extremamente criativo. É sobre conectar pessoas, criar equipes multidisciplinares e orquestra-las para que a resolução de problemas seja colaborativa, as engajando para que se sintam responsáveis pela construção de ideias e soluções. Para isso, precisamos [olhar para as jornadas e histórias profissionais e de vida](https://www.revistahsm.com.br/post/a-importancia-da-diversidade-nas-comunidades-empreendedoras) de cada um, pois é nas histórias que se percebe o propósito e é no propósito que se mora um futuro inovador.

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