Estratégia e Execução

O Líder brasileiro

Pesquisa realizada pela Etalent identificou que quase um em cinco líderes brasileiros tem tendência à estabilidade; será esse o perfil mais adequado?

Compartilhar:

A produtividade do trabalhador brasileiro tem se mantido estável nos últimos 30 anos, enquanto outros países, como a Coreia do Sul, mais que triplicaram esse número no mesmo período. Até que ponto se trata de um problema de liderança empresarial? “Nas organizações, sejam elas públicas ou privadas, as equipes são sempre reflexo da liderança, não importando o setor de atividade ou o porte da organização”, avalia Jorge Matos, fundador e CEO da Etalent, empresa de tecnologia especializada em mudança pessoal e educação do comportamento.  “Para melhorar a produtividade do Brasil, temos de começar por entender e capacitar nossos líderes.” 

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/ccc5c231-1995-4365-afa8-84c9de37339f.jpeg)

Com esse intuito, a Etalent realizou uma pesquisa com quase 700 líderes presentes na HSM ExpoManagement 2015, em São Paulo. A descoberta é que, entre os 12 perfis de líderes da metodologia (inspirada nos fatores DISC, de William Marston), o mais frequente, com mais de 17% da amostra, é o observador, estilo que tende à estabilidade. 

Quatro estilos compuseram quase 60% dos executivos da amostra: além do observador, o influenciador, o gerenciador (os dois de alta influência) e o direcionador (de alta dominância). Uma dose elevada dos fatores influência e dominância é naturalmente mais esperada em posições de liderança, porque as empresas demandam tais comportamentos; o fator estabilidade é previsível em ambientes que exigem planejar muito ou manter o status quo. 

O preocupante, segundo Matos, é que grande parte das pessoas que ocupam posições de liderança não conhece verdadeiramente seu estilo de liderar, nem percebe qual seria o estilo mais adequado para um contexto ou uma equipe específica. 

Conforme Matos, esse autoconhecimento é fundamental para o exercício da liderança e, consequentemente, para o aumento da produtividade das pessoas. Isso é facilmente compreendido ao lembrar que a maior dificuldade de um líder de alta estabilidade é dizer não, por medo da rejeição. “O fato de termos tantos líderes de alta estabilidade, os observadores, explica o significativo número de líderes que ‘empurram’ a decisão para os liderados e não assumem seu papel”, comenta o CEO da Etalent. 

A boa notícia é que, quando essa característica fica explicitada para o próprio líder, ele ganha mais controle sobre ela e passa a tomar decisões mesmo que isso seja desconfortável.

Hierarquia e tamanho Há diferenças significativas de perfil de liderança por nível hierárquico, ou seja, entre presidentes e diretores/gerentes? “Em geral, não. A principal é que os presidentes estão mais sob pressão do que os outros: do universo pesquisado, 11% se sentem pressionados, ante 4% no nível diretoria/gerência”, destaca Matos. 

Expressiva é a diferença observada por porte de empresa. As companhias maiores concentram mais líderes de alta influência, talvez porque utilizem os relacionamentos para os trabalhos andarem com mais fluidez. 

Nas organizações pequenas, por sua vez, há mais pessoas com alta conformidade, o que pode indicar a proximidade do líder com a operação, levando-o a ser mais detalhista e preciso. Os líderes das pequenas também se mostram mais pressionados que os das grandes.

Desafios Nas empresas há espaço para todo tipo de líder? Sim. Porém, conforme a análise da Etalent, o líder tem de conhecer muito bem seu estilo e entender quando este deve prevalecer e quando é preciso reprimi-lo para incorporar atributos alheios. Às empresas cabe avaliar se os perfis de liderança ali dominantes são adequados para aumentar a produtividade de seus profissionais e melhorar seu desempenho.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.
12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura
Uncategorized, Inteligência Artificial

Coluna GEP

5 min de leitura
Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura