Enquanto o mundo reconstrói suas expectativas futuras em meio à pandemia do novo coronavírus, nós, brasileiros, vivemos uma realidade ainda mais nebulosa: nossas preocupações acumulam cuidados com a saúde, o futuro da economia e uma instabilidade política que nos coloca em um novo patamar de incredulidade e incerteza.
É nesse contexto que a habilidade do exercício da liderança torna-se ainda mais desafiadora.
Para falar de liderança neste cenário devemos, antes de tudo, compreender que temos a “clássica” – atribuída àqueles que lideram equipes, negócios e projetos; e aquela proposta pelo modelo Shakti, na qual “o líder que você é é a pessoa que você é”.
A comunicação transparente e direta da clássica “alta liderança” tem-se mostrado estratégica e evidente em um contexto em que navegamos no mesmo oceano, ainda que em barcos distintos.
É cada vez mais comum encontrarmos os rostos, textos, áudios, vídeos e _lives_ de representantes de empresas mostrando o que têm feito pela economia do nosso País e quais as situações estão enfrentando para lidar com as dificuldades, a exemplo da presidente do conselho do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, a presidente da Procter & Gamble Brasil, Juliana Azevedo, e o founder da Loft, Florian Hagenbuch. Cartas abertas, manifestações públicas nas redes sociais e explicações para tomadas de decisão, a exemplo do CEO e co-founder do Airbnb, Brian Chesky, que explanou publicamente os motivos da (dura) decisão de realizar demissões em meio ao contexto atual.
“O que precisamos é de líderes que possam adotar uma ‘postura de possibilidade’ e encontrar um caminho para esses tempos difíceis. Agora, mais do que nunca, carecemos de autoridade em que possamos confiar. Precisamos de líderes que possam visualizar e encorajar o nosso futuro, ajudando-nos a avançar no presente. Dentro dessa postura de possibilidade, existe a crença de que há algo melhor do outro lado de onde estamos agora”, afirma Lorri Sulpizio, diretora na Academia de Liderança Consciente da San Diego University e facilitadora certificada Dare to Lead™️.
Lorri enfatiza que precisamos de “real skills”, ao citar o autor Seth Godin. Nem soft, nem hard. O que precisamos para liderar em meio à pandemia são habilidade reais.
Precisamos nos despir
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A pressão do momento não permite que a liderança vista mantos vultuosos. A exemplo da fábula ‘A roupa nova do Rei’ de Hans Christian Andersen (1837), no atual momento não há espaço para “vaidade cortesã e soberba intelectual”. Na minha visão, este espaço não mais existirá no Novo Normal.
Como enfatiza o filósofo e escritor Charles Eisenstein em seu ensaio “The Coronation” (A Coroação): “Uma coroa é uma coroa”. Onde a “nova pandemia de coronavírus” significa “uma nova coroação para todos”.
Eisenstein nos ajuda a reconstruir a imagem daquele rei nu ao completar que “o verdadeiro soberano serve ao povo, serve a vida e respeita a soberania de todas as pessoas. A coroação marca o surgimento do inconsciente na consciência, a cristalização do caos em ordem, a transcendência da compulsão na escolha.”
**Clareza, transparência e verdade**
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Quando a informação está ao alcance de todos, nos vestimos de transparência. A habilidade real reforça a necessidade de trabalharmos a essência da liderança. Não é sobre cargo, não é sobre posição. Não é sobre quem tem mais ou menos.
Como ouvimos no discurso de saída do (segundo) ex-ministro da saúde, o oncologista Nelson Teich: “O mais importante de tudo é o seguinte: eu não aceitei o convite pelo cargo. Aceitei porque achava que podia ajudar as pessoas e o Brasil”.
Em tempos de crise, as lideranças ficam expostas. É como o sonho de chegar nu à escola ou trabalho. Porém, sonhamos acordados. A nudez é real. A alta conectividade da transformação digital expõe as fragilidades daqueles que não exercem sua versão Shakti: ser quem você é.
A liderança do Novo Normal é desempenhada na própria pele. Sem vestimentas, sem mantos. E, se existe uma coroa, o peso da sua responsabilidade recai sobre todos nós. Nessa nova realidade, a habilidade que precisamos cultivar e praticar, seja nas empresas, seja na nossa vida, é sermos reais. Ou, na essência, sermos humanos.