Tecnologia e inovação

O low-code é a chave para a democratização do mercado de TI

Essa tecnologia é uma alternativa promissora para suprir a demanda por desenvolvedores de aplicativos e permitir que empresas continuem expandindo seus negócios. Além de abrir espaço para ocupação de posições antes consideradas impossíveis por profissionais de outras áreas
Renata Sampaio é diretora de vendas indiretas da Siemens Software para a América do Sul.

Compartilhar:

Dificuldade para contratar. Essa é uma das principais dores que as empresas enfrentam hoje, especialmente no setor de tecnologia. Os profissionais de TI estão entre os mais requisitados no Brasil e no mundo. Com isso, 75% deles estão dispostos a abandonar o mercado brasileiro para atuar fora do País e ganhar em dólar, de acordo com um levantamento da Icon Talent, empresa especializada em recrutamento nessa área. Dá pra competir? Essa é a grande questão, já que o Brasil tem sido um dos países a “exportar” mais profissionais para outras nações em busca de mão de obra qualificada para desenvolver seus mercados.

Estamos vendo o processo de contratação no setor de tecnologia ficar ainda mais desafiador. Uma pesquisa desenvolvida pelo Google for Startups, em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) e a Box 1824, aponta que mais de 85 milhões de vagas de emprego no mundo não serão preenchidas por falta de profissionais qualificados. Outros dados, divulgados pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), indicam que a demanda atual por profissionais de TI é de 70 mil por ano, no entanto, apenas 46 mil alunos com habilidades tecnológicas são formados pelas universidades.

Mas há uma solução à vista. O low-code tem se mostrado uma alternativa promissora para suprir a demanda por desenvolvedores de aplicativos e permitir que empresas continuem expandindo seus negócios, mesmo com a escassez de profissionais qualificados em programação. Isso porque a natureza visual e de arrastar e soltar das plataformas de low-code permite que pessoas sem habilidades avançadas de programação possam criar aplicativos de forma mais rápida e eficiente, as plataformas geralmente oferecem uma interface intuitiva e amigável, com componentes pré-construídos e recursos de automação. Muitas vezes, as pessoas podem começar a criar aplicativos funcionais em questão de dias ou semanas, dependendo da complexidade do projeto.

E acredito que esse impacto no mercado de trabalho vai além: estamos falando de uma oportunidade de transformação social. O low-code está abrindo espaço para que pessoas de outras áreas possam ocupar posições antes consideradas impossíveis, dada à necessidade de conhecimentos específicos. E, digo mais, essa tecnologia está abrindo caminho para a construção de um mercado mais democrático ao transformar o movimento da digitalização que estamos vivendo em todas as esferas da vida. Quanto mais companhias passarem a adotar esse sistema de fácil operação, mais pessoas de diferentes formações e repertórios buscarão acesso ao conhecimento e, com isso, passarão a ocupar espaços no mercado de trabalho antes inimagináveis. Assim, esse processo contribui também para a ampliação da diversidade nas empresas.

Não vou romantizar essa teoria ao supor que é algo fácil e acessível para todos, mas estamos falando de um primeiro passo para que cada vez mais pessoas possam ter acesso a melhores oportunidades de trabalho a partir de uma tecnologia democrática. Como parte de uma companhia líder no setor, entendo que isso é um papel fundamental que queremos exercer na vida das pessoas, abrindo portas para que novas oportunidades sejam vistas e aproveitadas.

Ao favorecer esse movimento, estamos contribuindo para que as empresas possam suprir a sua demanda por profissionais ao mesmo tempo em que abrimos espaço para aqueles que estão migrando para a área de tecnologia. É um verdadeiro “ganha-ganha”, que vai além do ambiente de negócios e faz com que a tecnologia se aproxime cada vez mais de seu papel em relação à sociedade: democratizar acessos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Empreendedorismo, ESG
01/01/2001
A maior parte do empreendedorismo brasileiro é feito por mulheres pretas e, mesmo assim, o crédito é majoritariamente dado às empresárias brancas. A que se deve essa diferença?
0 min de leitura
ESG, ESG, Diversidade
09/10/2050
Essa semana assistimos (atônitos!) a um CEO de uma empresa de educação postar, publicamente, sua visão sobre as mulheres.

Ana Flavia Martins

2 min de leitura
ESG
Em um mundo onde o lucro não pode mais ser o único objetivo, o Capitalismo Consciente surge como alternativa essencial para equilibrar pessoas, planeta e resultados financeiros.

Anna Luísa Beserra

3 min de leitura
Inteligência Artificial
Marcelo Murilo
Com a saturação de dados na internet e o risco de treinar IAs com informações recicladas, o verdadeiro potencial da inteligência artificial está nos dados internos das empresas. Ao explorar seus próprios registros, as organizações podem gerar insights exclusivos, otimizar operações e criar uma vantagem competitiva sólida.
13 min de leitura
Estratégia e Execução, Gestão de Pessoas
As pesquisas mostram que o capital humano deve ser priorizado para fomentar a criatividade e a inovação – mas por que ainda não incentivamos isso no dia a dia das empresas?
3 min de leitura
Transformação Digital
A complexidade nas organizações está aumentando cada vez mais e integrar diferentes sistemas se torna uma das principais dores para as grandes empresas.

Paulo Veloso

0 min de leitura
ESG, Liderança
Tati Carrelli
3 min de leitura