Normalmente se define empreendedorismo com uma equação: preferências por alto risco + paixão + autoeficácia = empreendedorismo. (Autoeficácia significa se perceber como capaz de enfrentar o desafio.) As pesquisadoras suecas Cecilia Dalborg e Yvonne von Friedrichs, da Mid Sweden University, fizeram, com Joakim Wincent, da Luleå University of Technology, uma pesquisa de três anos (2008-2011) sobre essa equação com uma base de empreendedores da Ami Företagspartner Mitt AB, o Sebrae sueco, para entender se há diferença entre homens e mulheres. A pesquisa contou com uma amostra de 233 participantes e 103 respostas válidas, 66% delas de mulheres. Na época, a descoberta foi que as mulheres percebem mais risco do que os homens e que isso anula muitas vezes a decisão de empreender. Curiosamente, a autoeficácia mostrou-se irrelevante, embora muito se fale da falta de autoconfiança feminina.
Por que mulheres e homens diferem em suas preferências de risco? Os estudos em geral convergem para a explicação do papel social (expectativas compartilhadas sobre o comportamento apropriado para homens e mulheres). Tanto que as mulheres que decidem empreender muitas vezes reduzem seus riscos selecionando setores de baixo crescimento da economia.
Um livro recém-lançado nos EUA, [*Level Up: Rise Above the Hidden Forces Holding Your Business Back*](https://www.amazon.com/Level-Up-Hidden-Holding-Business/dp/0593539826), mostra um caminho contra essa maior percepção de risco. Ele é de autoria de Stacey Abrams, empreendedora negra que é a candidata democrata ao governo da Geórgia em 2022. Ela aprendeu que “o risco real é não tentar”.
## Criando tolerância a risco
Abrams admite que não é uma aventureira nata; o que ela conseguiu foi tornar-se “tolerante a riscos”. E ela aconselha empreendedoras e gestoras a fazerem o mesmo. “Percebi que só quando você está disposto a correr riscos, você vê oportunidades que outros podem não ver. Por isso é importante aceitar o risco.”
Abrams cofundou três empresas. A primeira foi uma consultoria, Insomnia. Querendo trazer um produto para o mercado, fundou a Nourish, fabricante de mamadeiras esterilizadas pré-prontas com água, vendidas a hotéis, varejistas tradicionais, equipes de socorristas. A terceira, atual, Now, é uma fintech que se inspirou nas dificuldades de fluxo de caixa da Nourish ajudando pequenas empresas a crescer por meio de desconto de duplicatas. A Now levantou um investimento de US$ 9,5 milhões de série A.
“Aceitar riscos é o que nos permite nos manter firmes em nossas ideias quando os outros duvidam”, explica Abrams.
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