Uncategorized

O modelo de liderança dos sonhos dos brasileiross

Edição de 2018 da pesquisa Carreira dos sonhos, feita pelo Grupo Cia. de Talentos com 87 mil pessoas, revela que profissionais juniores e seniores não querem mais líderes de referência e sim um esquema mais horizontal e participativo | por Danilca Galdini
Diretora da Nextview People, o braço de pesquisas do Grupo DMRH.

Compartilhar:

Vivemos um momento conturbado, marcado por incertezas e pela falta de confiança nas instituições e nos líderes. Não é um movimento específico do Brasil ou mesmo da América Latina, mas uma questão mundial, o que aponta para um problema sério e estrutural e não resultado apenas de uma má gestão pública ou privada. As preocupações sociais e econômicas das pessoas, incluindo os impactos da tecnologia, a globalização, o ritmo das mudanças e da inovação e as novas configurações do mundo do trabalho, transformam-se em medo e alimentam a percepção de que empresas e governos não se esforçam para resolver os problemas das pessoas.

Assim, o ambiente de negócios é mais volátil, incerto, complexo e ambíguo do que nunca (é VUCA, na sigla em inglês). As organizações precisam ser mais ágeis para absolutamente tudo: para inovar, para resolver problemas, para ensinar e para aprender. Essa postura exige que toda a sua força de trabalho responda de forma fluida e proativa à mudança, o que só pode acontecer a partir de processos de trabalho multidisciplinar e colaborativo, que por sua vez só é possível em equipes formadas por profissionais engajados.

Diante da profunda e generalizada desconfiança em instituições e dos requisitos para as empresas lidarem com o ambiente VUCA, torna-se urgente e particularmente desafiador (re)construirmos a confiança das pessoas nas empresas. E, se lembrarmos que empresas são formadas por pessoas, veremos que estamos falando de resgatar a confiança das pessoas nas pessoas – principalmente, nos líderes. Por quê?

Em primeiro lugar, porque faz parte do papel do líder construir e manter a confiança na instituição. Em segundo, como identificou o neurocientista Paul Zack, diretor do Centro de Estudos Neuroeconômicos da Claremont University, o ingrediente essencial para construir engajamento dos colaboradores é a confiança. As empresas que possuem uma cultura de alta confiança são mais produtivas, têm mais energia no ambiente de trabalho, apresentam um alto grau de cooperação entre os colaboradores e uma menor rotatividade de funcionários do que empresas com baixo grau de confiança.

No entanto, aqui entra um fator que dificulta bastante a construção da confiança: os modelos de liderança atuais estão desgastados e não dão conta de resolver os desafios que estamos enfrentando. Os líderes só conseguirão resgatar a confiança das pessoas se passarem a ter uma postura genuinamente mais participativa e colaborativa.

Hoje, a liderança é menos sobre aprender e mais sobre desaprender. Todos nós temos nossas visões do mundo, nossos quadros de referência, nossos preconceitos culturais. Não podemos deixar que essas coisas atuem como obstáculos; temos de estar abertos e ajudar a construir modelos positivos de liderança.

Estamos prontos para tudo isso? Foi esta pergunta que orientou a 17a edição da pesquisa Carreira dos Sonhos, realizada entre janeiro e março de 2018 pelo Grupo Cia. de Talentos e respondida por 87.161 pessoas no Brasil, sendo 69.565 jovens (estudantes e recém-formados), 13.156 profissionais que ocupam cargo de média gestão (coordenadores a gerentes plenos) e 4.440 profissionais que ocupam cargo de alta liderança (de gestores sêniores a presidentes). Separamos três dados para ajudar nesta reflexão: hoje, a liderança é menos sobre aprender e mais sobre desaprender. As visões do mungo e os preconceitos culturais de líderes individuais não podem atuar como obstáculos ao que precisa ser feito; é necessário construir modelos positivos de liderança.

**1. Os líderes atuais estão perto de adotar um modelo de liderança distribuída, participativa e colaborativa?**

A percepção das pessoas é que ainda vamos demorar um pouco para trocar os modelos hierárquicos e pouco inclusivos existentes nas empresas por uma liderança distribuída, participativa e colaborativa. Os jovens têm uma visão um pouco mais positiva, acreditam que vai demorar mais de dois anos; já a média gestão e alta liderança dizem que vai levar mais de cinco anos. Aqui já temos dois pontos importantes para trabalhar:

1) Alinhar as expectativas entre os colaboradores que estão entrando nas empresas com as daqueles que já ocupam cargos de gestão sobre a velocidade das mudanças.

2) Refletir sobre se realmente é possível esperar mais de cinco anos para fazer as transformações necessárias.

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/e046a0f4-c262-49ac-93b7-4ecb26ab6b7e.png)

**2.** **O que os líderes precisam desaprender para atuar conforme a lógica dos novos modelos de liderança?**

Um dos principais pontos de desconstrução é a ideia de autossuficiência. Os líderes não sabem – e não precisam saber – de tudo. Eles sozinhos não darão conta de resolver todos os desafios da organização. É a diversidade de estilos e pensamentos que tornará a empresa mais capaz de antecipar as mudanças, de analisar as diferentes vertentes de um problema e de ser mais inovadora na descoberta de soluções.

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/5e2dba94-ccb6-4bac-b5fb-b67908aef2d8.png)

**3. Quem são os líderes que representam esse novo modelo de liderança?**

A maioria dos jovens, dos gerentes médios e da alta liderança afirma não conhecer nenhum líder que represente esse novo modelo de liderança, o que é muito significativo.

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/2b847c3c-5331-473d-a25b-0012e2285731.png)

Entre aqueles que disseram conhecer uma pessoa que representa a liderança do futuro, os nomes mais citados pelos três públicos foram os dos empresários Elon Musk (fundador da SpaceX e CEO da Tesla Motors) e Jorge Paulo Lemann (um dos fundadores do 3G Capital – sócio da AB InBev, da Kraft Heinz e do Burger King), além do político Barack Obama (ex-presidente dos EUA). Para os jovens, Mark Zuckerberg, do Facebook, também é uma referência.

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/fc0f8ff8-4e6c-4e34-811b-266039992fe5.png)

A falta de líderes de referência para a maioria dos respondentes mostra que temos um trabalho árduo pela frente. Mas o tamanho do desafio é proporcional ao tamanho da oportunidade e dos impactos positivos que podemos gerar.

Seria bom se tivéssemos um modelo de liderança pronto – e também um modelo que nos orientasse sobre como navegar nesse futuro. Infelizmente isso não existe e não há mais líderes de referência. Como nossa pesquisa indica, o modelo de liderança dos sonhos agora é mais horizontal, aberto o suficiente para ser influenciado por todos e realmente voltado a enfrentar o desafio de construir o amanhã.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o corpo pede pausa e o negócio pede pressa

Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão – e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança