Tecnologia e inovação

O poder da análise de dados na Era da Informação

Como a matemática aplicada a negócios pode ajudar empresas a triunfar tomando melhores decisões
Co-founder e CFO da Macfor, adtech de marketing B2B, transformação digital e growth hacking. Bacharel em matemática aplicada a negócios pela USP de Ribeirão Preto, o investidor e empreendedor em série, é especialista em elementos de inteligência artificial.

Compartilhar:

Sempre que converso sobre a minha formação acadêmica, já fico preparado para os questionamentos que surgem após eu revelar que sou formado em “Matemática Aplicada a Negócios”. Não é como dizer que sou engenheiro ou advogado, por exemplo. As pessoas desconhecem a formação e, tampouco, a importância que a matemática tem em qualquer negócio.

O conceito de matemática aplicada a negócios não deve ser tratado com o rigor de teoremas ou de suas demonstrações abstratas, mas sim como uma ferramenta capaz de fornecer informações objetivas e dinâmicas. Aqui refiro-me aos conhecimentos básicos, que servem como fonte de análise atemporal e profunda. 

## O uso da matemática na análise de dados

A matemática nos ajuda a pensar melhor, aguça a intuição, afina a nossa capacidade de julgamento, doma a incerteza e revela a lógica sob vários aspectos distintos. 

Assim, com as ferramentas matemáticas adequadas podemos entender melhor os negócios. É óbvio que alguns números falam por si só, mas é importante compreender que a análise feita sob à luz da matemática revela informações preciosas, porque não dizer, precisas. Afinal, números demonstram fatos, geram conclusões, seja por meio de dados sobre receita, retorno aos acionistas ou até mesmo pelos índices de satisfação dos usuários (NPS), taxa de crescimento da base de consumidores e custo de aquisição de cliente (CAC). 

Após [extrairmos o máximo de dados que circulam dentro de uma empresa](https://revistahsm.com.br/post/da-alfabetizacao-de-dados-a-alfabetizacao-emocional), se compreendermos que a matemática pode ser usada como um meio para analisá-los, será viável interpretá-los e transformá-los em informações simples, óbvias, que ajudem na previsão de fatos e que contribuam com decisões corporativas cada vez mais assertivas.

Para isso, utilizamos o conceito da Navalha de Occam, um princípio que propõe que, entre hipóteses formadas sobre as mesmas evidências, é mais racional acreditarmos na mais simples. Assim, com o uso de parcimônia, a hipótese mais complicada deve ser “cortada”.

## Analisar dados é fundamental na transformação digital

Com a transformação digital invadindo o universo corporativo, as organizações competem em [análises de dados](https://revistahsm.com.br/post/privacidade-de-dados-lgpd-e-filosofia-estamos-realmente-preparados), não apenas porque podem, mas porque devem e precisam disso para se manterem à frente da concorrência. 

Atualmente, empresas de diferentes setores oferecem produtos semelhantes e usam tecnologias comparáveis, cujos processos de negócios estão entre os últimos pontos remanescentes de diferenciação. 

Temos como exemplos os bancos e as fintechs, que oferecem serviços financeiros, mas com dinâmicas distintas no que diz respeito ao processo, porém os consumidores ignoram a logística por trás dos bastidores. O que importa é que a oferta de produtos de um afeta nos resultados do outro.

## Por que sua empresa precisa fazer análise de dados

Os [concorrentes](https://revistahsm.com.br/post/nao-deixe-seu-concorrente-trazer-o-longo-para-o-curto-prazo) que usam recursos analíticos extraem até a última gota de valor dos processos de negócios, conseguindo prever quais são os produtos que seus clientes desejam e quanto pagarão por eles, podendo, inclusive, estimar quantos itens cada um comprará durante a vida e quais serão os gatilhos que farão as pessoas comprarem mais.

Essas companhias conhecem os custos de remuneração e podem calcular quanto o seu quadro de funcionários contribui ou prejudica nos resultados financeiros e como os níveis salariais se relacionam com o desempenho dos indivíduos. Além de saberem quando os estoques estão baixos, também podem prever problemas com a demanda e as cadeias de suprimentos, para atingir baixos índices de estoque e altos índices de pedidos perfeitos, por exemplo.

A adoção da matemática em uma empresa impulsiona mudanças em sua cultura. Assim, como qualquer transição importante, esse movimento requer engajamento da liderança. Idealmente, tendo como principal defensor o CEO. Outrossim, o comprometimento inabalável dos executivos é capaz de mudar a maneira como os funcionários pensam, trabalham e são tratados. 

O marketing e os recursos humanos, por exemplo, sempre foram áreas consideradas difíceis de quantificar porque estão enraizadas na psicologia. Mas, agora, as empresas de produtos de consumo podem aprimorar suas pesquisas de mercado usando a teoria da utilidade multiatributo – uma ferramenta para compreender e prever o comportamento e as decisões do consumidor, por exemplo.

Da mesma forma, a indústria de publicidade está adotando a econometria – técnicas estatísticas para medir o aumento fornecido por diferentes anúncios e promoções ao longo do tempo –  visando otimizar o retorno sobre investimentos (ROI – Return Over Investiment em inglês).

Numa fase mais avançada, os dados se tornam algoritmos – uma receita que mostra passo a passo os procedimentos necessários para a resolução de uma tarefa – e servem como base para a implementação de Inteligência Artificial e Machine Learning, por exemplo.

Por fim, quando o mercado entender a riqueza que habita nos resultados das análises de dados e o potencial somado aos recursos tecnológicos, as empresas alcançarão resultados exponenciais, sem precedentes. Afinal, coletar e transformar dados em informações de maneira automática será essencial para que toda decisão seja pautada em dados, sem achismo.

Reflita comigo, nós achamos que isso é verdade ou nós sabemos que é verdade?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Inteligência Artificial
Marcelo Murilo
Com a saturação de dados na internet e o risco de treinar IAs com informações recicladas, o verdadeiro potencial da inteligência artificial está nos dados internos das empresas. Ao explorar seus próprios registros, as organizações podem gerar insights exclusivos, otimizar operações e criar uma vantagem competitiva sólida.
13 min de leitura
Estratégia e Execução, Gestão de Pessoas
As pesquisas mostram que o capital humano deve ser priorizado para fomentar a criatividade e a inovação – mas por que ainda não incentivamos isso no dia a dia das empresas?
3 min de leitura
Transformação Digital
A complexidade nas organizações está aumentando cada vez mais e integrar diferentes sistemas se torna uma das principais dores para as grandes empresas.

Paulo Veloso

0 min de leitura
ESG, Liderança
Tati Carrelli
3 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança, Times e Cultura
Como o ferramental dessa ciência se bem aplicado e conectado em momentos decisivos de projetos transforma o resultado de jornadas do consumidor e clientes, passando por lançamento de produtos ou até de calibragem de público-alvo.

Carol Zatorre

0 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e Execução, Liderança, Times e Cultura, Saúde Mental

Carine Roos

5 min de leitura