Desenvolvimento pessoal

O poder do networking na crise

Mas atenção: antes de acessar a sua rede, entenda seus fundamentos e avalie se você tem feito a sua parte
Executivo com mais de 20 anos de experiência em empresas de grande porte, nacionais e multinacionais. Nos últimos dez anos atuou na indústria de eletrônicos, desenvolvendo serviços digitais como distribuição de aplicativos, e-wallet, plataforma de segurança mobile, entre outros.

Compartilhar:

“Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale Carnegie, é um dos livros mais vendidos no mundo nas últimas décadas. Apesar de ser classificado como autoajuda, é recomendado por executivos de todas as áreas e indústrias como um “must read” por tratar dos conceitos básicos de como desenvolver e nutrir relacionamentos no meio profissional. 

Outro autor muito conceituado nessa área é Keith Ferrazi, que escreveu “Nunca almoce sozinho”. E ainda que a literatura sobre o assunto seja ampla, vejo muitas pessoas falhando na construção de redes fortes. O famoso networking que, em tempos de crise, se torna ainda mais relevante.

Alguns anos atrás, a forma mais comum de se conectar com outras pessoas era nos eventos (seminários, workshops, feiras etc) por meio da troca de cartões de visita, que eram guardados em caixinhas que ficavam em cima das mesas. 

Quando você precisava falar com alguém, e os motivos mais comuns eram pedir um favor, tentar vender algo ou buscar emprego, era só encontrar aquele cartão e ligar para a pessoa.

Atualmente, as redes sociais cumprem esse papel. É possível se conectar a praticamente qualquer pessoa em plataformas como LinkedIn, Facebook, Instagram etc. Mas, exatamente por ser digital, de fácil acesso e rápido é que as pessoas se confundem e acabam criando enormes listas de contatos em vez de uma rede forte de conexões para que o networking seja, de fato, possível.

## Como usar o LinkedIn de forma eficiente para fazer networking

Recebo diariamente pedidos para conexão no LinkedIn e aceito todos. E a grande maioria desses convites vem acompanhado de uma mensagem, padrão, tentando me apresentar ou vender algo. Esses são os típicos casos de quem simplesmente digitalizou o cartão de visitas e, em substituição da “cold call”, envia uma “cold message”.

Qualquer relação duradoura, seja no mundo dos negócios ou pessoal, passa pela primeira regra básica, existente desde tempos imemoriais: você deve estar disponível para ajudar, se doar e não o inverso.

Networking, ao contrário do que muitos pensam, é uma via de mão dupla, mas sem cobrança. Sem medições. Não é para fazer esperando algo em troca.

A premissa básica do networking é colaboração, compartilhamento, cooperação. É uma troca, uma relação de confiança.

## E por que o networking é agora ainda mais relevante do que nunca?

Em tempos de incertezas, de crise e de mudanças profundas como as que estamos vivendo, ter pessoas de confiança, com quem você possa trocar informação de qualidade, trocar ideias sobre o que está acontecendo em setores específicos do mercado, falar sobre projetos, implementações, ações e reações a estímulos do mercado, não tem preço.

E não tem preço porque não se consegue isso com dinheiro.

Você até pode contratar uma agência ou uma consultoria e pedir para eles fazerem um estudo ou implementar uma ação específica. Mas quando você acessa sua rede de conexões, obter feedback e insights é muito mais rápido e genuíno do que em uma relação comercial. E aí você pode inverter o processo: contratar o fornecedor só depois de ter uma visão muito mais ampla do problema que deseja resolver, construída em parceria com a sua rede.

Quando você constrói uma rede forte, com colaboração e compartilhamento de ideias, uma única sugestão vinda de uma outra indústria pode fazer muita diferença no seu negócio. 

Esse é o poder do networking!

Mas não se iluda. O ideal é que você construa e nutra essa rede de relacionamentos antes de precisar dela. É um processo, e deve ser tratado como tal.

Ligar ou mandar mensagens só para pedir favor não vai, de maneira alguma, criar conexão, confiança e relação de troca.

Costumo falar com pessoas de diferentes indústrias toda semana, só para saber como eles estão, como o mercado onde elas atuam está sendo afetado pela pandemia e, invariavelmente, coloco-me à disposição para ajudar, caso necessário.

Muitas vezes, quando recebo alguma informação sobre o mercado delas, pergunto se elas estão sabendo, compartilho a informação, discuto o tema com elas, etc.

Sem pedidos. Sem cobranças. E detalhe: faço isso há mais de 15 anos. 

Se você não enxerga seu networking dessa forma, sugiro rever seus conceitos e começar imediatamente a construir relações duradouras, por meio da colaboração, do compartilhamento e da confiança, na vida e nos negócios.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

Saúde psicossocial é inclusão

Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Tecnologias exponenciais
A matemática, a gramática e a lógica sempre foram fundamentais para o desenvolvimento humano. Agora, diante da ascensão da IA, elas se tornam ainda mais cruciais—não apenas para criar a tecnologia, mas para compreendê-la, usá-la e garantir que ela impulsione a sociedade de forma equitativa.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG
Compreenda como a parceria entre Livelo e Specialisterne está transformando o ambiente corporativo pela inovação e inclusão

Marcelo Vitoriano

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura
ESG
No mundo corporativo, onde a transparência é imperativa, a Washingmania expõe a desconexão entre discurso e prática. Ser autêntico não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica para líderes que desejam prosperar e construir confiança real.

Marcelo Murilo

8 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo onde as empresas têm mais ferramentas do que nunca para inovar, por que parecem tão frágeis diante da mudança? A resposta pode estar na desconexão entre estratégia, gestão, cultura e inovação — um erro que custa bilhões e mina a capacidade crítica das organizações

Átila Persici

0 min de leitura