O surto de Covid-19 causou estragos nas cadeias globais de fornecimento. Como epicentro do vírus, a China impactou operações no mundo todo, que dependiam de sua produção e de seu escoamento. Relatório recente da revista The Economist informa que a maioria das empresas multinacionais foi pega desprevenida e sofreu com o fechamento temporário de seus fornecedores sediados em território chinês.
Apesar de fábricas estarem reabrindo, a logística em torno e fora da China continuará difícil. Até mesmo a gigante da tecnologia Apple foi afetada, já que sua produção de iPhones parou porque seu maior fornecedor, a Foxconn, demorou para voltar ao trabalho durante o pico da pandemia.
Algumas multinacionais estrangeiras na China disseram que o surto aumentou sua disposição de sair do país e instalar-se em lugares como a Índia, como demonstrou pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio.
No entanto, mudanças na cadeia de fornecimento variam por negócio, setor e segmento da cadeia de valor. Enquanto empresas de setores muito dependentes de mão de obra ou com grande exposição ao mercado norte-americano já se mudaram para países com custos mais baixos antes da pandemia devido a aumentos nas tarifas e outros custos, para as empresas que veem na China um mercado essencial, mudar suas cadeias de fornecimento inteiras é difícil e pouco estratégico.
Em meio a choques externos consecutivos da guerra comercial EUA-China e com a Covid-19, muitas empresas agora lutam para implementar medidas paliativas para minimizar o impacto em suas cadeias de fornecimento. Para os CEOs globais abordarem a questão de médio e longo prazo sobre o que fazer, precisarão responder a várias perguntas fundamentais. Cito três exemplos:
1. Como os padrões de demanda global de meus produtos mudarão após a pandemia?
2. Qual será minha estratégia de mercado para lidar com as mudanças?
3. Quais as principais variáveis que podem afetar minha forma de pensar sobre novas cadeias de fornecimento? Quais os cenários possíveis e como reagir a eventos do tipo “cisne negro”?
Na China, a expectativa é que, no pós-pandemia, algumas ações já previstas ajudem a aumentar a eficiência e a eficácia das cadeias de fornecimento. Em Pequim, por exemplo, foram anunciados investimentos pesados em infraestrutura. Espera-se também uma atualização em massa de cidades inteligentes em todo o país. Isso envolverá a construção de muito mais infraestrutura de conectividade, e mais inovações surgirão como resultado.
Decidir mudar a cadeia de fornecimento de uma empresa não é algo banal. Embora os problemas de curto prazo na China devido à pandemia sejam dolorosos, pensar em estratégias de longo prazo requer deliberação cuidadosa. A extrapolação linear do passado não é suficiente: as respostas corretas precisarão vir de uma visão perceptiva do futuro.