Uncategorized

O primeiro emprego ninguém esquece

96% dos participantes de uma pesquisa de Stanford atribuem a seus trabalhos iniciais o aprendizado de habilidades cruciais em sua carreira

Compartilhar:

Seu primeiro emprego importa mais do que os outros? Ele molda sua carreira de algum modo? 

A resposta a ambas as questões é “sim”, ao menos segundo os participantes de uma pesquisa realizada pela Stanford Graduate School of Business sobre o primeiro emprego. Entre os respondentes – ex-alunos, alunos atuais e leitores da revista da escola –, 96% disseram que seu primeiro emprego – um “bico” ou para valer – lhes deu habilidades que influenciaram sua trajetória profissional. 

Hoje CEO no mundo corporativo, Philip C. Kantz começou a trabalhar na marinha mercanLiderança e pessoas reportagem te norte-americana. “Acredito que administrar a ponte de um navio oito horas por dia me ajudou a desenvolver e a refinar habilidades de liderança; ganhei habilidades de gestão de equipes e de projetos”, diz ele. 

Para o empreendedor serial Nuh Sedat Kurtaram, o trabalho de verão em um bar de hotel em Antalya, Turquia, sua primeira incursão profissional, o superexpôs a pessoas e culturas estrangeiras – e isso o auxilia toda vez que ele funda empresas. 

Às vezes, o primeiro emprego é uma forma de descobrir do que você não gosta, relata Arturo Cazares, que, quando criança, mudou-se do México para os Estados Unidos com os pais e, antes dos 16 anos, trabalhou na colheita em lavouras na Califórnia. “Com o serviço braçal, desenvolvi senso ético e disciplina fortes e também fiquei motivado a continuar os estudos.” Cazares graduou-se em Stanford em 1984 e concluiu o MBA em 1989. Ele já foi vice-presidente de várias empresas de tecnologia do Vale do Silício e atualmente é diretor de operações da CipherCloud. 

Como os primeiros empregos terminaram? A maioria pediu demissão e partiu para trabalhos que não tinham relação com a primeira posição, mas 10% foram promovidos dentro da mesma organização. Onze por cento foram demitidos, e até a demissão no primeiro emprego pode fornecer lições de longo prazo. É o que ensina a história de Harold Eastman. 

Ele ingressou no mundo do trabalho aos 13 anos, capinando o mato em uma creche em Renton, Washington, mas foi demitido depois de apenas um dia. “Aprendi a não ser desencorajado pelo fracasso e a continuar tentando.” Eastman concluiu o MBA em 1962, já dirigiu empresas de milhões de dólares de faturamento e hoje atua, em uma segunda carreira, como fotógrafo profissional. 

Seu pai deu uma boa ajuda a sua autoestima, contudo: foi com ele questionar o chefe e descobriu a razão da demissão – ele era pequeno demais para aguentar carpir. “Isso foi reconfortante, porque entendi que eu não era um mau trabalhador.” Seu pai guardou a nota de US$ 5 ganha naquele dia e lhe deu na formatura do ensino médio. Ele ainda a tem. 

Outro profissional demitido do primeiro emprego – pondo preços em latas de um supermercado na Carolina do Norte –, sem dar o nome, diz o que aprendeu: “Ser inteligente não significa que você consegue fazer um trabalho simples”. 

**COMO CONSEGUIRAM**

Para conseguir o primeiro emprego, a pesquisa mostrou a importância do networking. Quase a metade dos participantes – 45% – soube do trabalho por meio de um amigo, parente, professor ou mentor, e apenas 15% responderam a um anúncio. Muitos entrevistados começaram a carreira no serviço militar. Um total de 61% permaneceu no trabalho mais de um ano, e 26% ficaram por um verão ou apenas alguns meses. 

**RELATOS DE PRIMEIRO EMPREGO**

**JOHN W. BOYD** 

**Primeiro emprego:** engenheiro aeronáutico no Ames Aeronautical Laboratory. “Fui promovido do túnel de vento menor e mais simples para o maior em 18 meses.”
**Lição aprendida:** “A de que você precisa confiar nas pessoas para ser bem-sucedido”.
**Agora:** “Ainda estou na mesma empresa”, diz Boyd, 70 anos mais tarde. Lenda no laboratório perto de Mountain View, Califórnia, que se tornou o Nasa Ames Research Center, ele fez carreira na pesquisa dos túneis de vento da Nasa e hoje é assistente especial do diretor. Publicou mais de 20 papers de pesquisa, e seus estudos envolvendo aerodinâmica foram fundamentais para o desenvolvimento das aeronaves supersônicas, como o F-102 e o B-58. Ele também ajudou no projeto das sondas espaciais. 

**JIM GRIFFITH**

**Primeiro emprego:** dirigir um trem subterrâneo a profundidades de 700 metros por 2,3 quilômetros para abastecer mineiros de prata na Hecla Mining, perto de Wallace, Idaho, nos anos 1970.
**Lições aprendidas:** “Todo mundo com quem trabalho pode me ensinar algo se estou disposto a ouvir. Os trabalhadores realmente sabem o que está acontecendo e desejam fazer um bom trabalho”.
**Agora:** “Queria sair de minha área e ir para o que acreditava ser um campo tecnológico crescente e mais estável, mas descobri que me sentia mais à vontade no chão de fábrica”. Depois da graduação, Griffith se mudou para Canton, Ohio, e foi trabalhar na fabricante de rolamentos e aços especiais Timken, começando na produção. Subiu até se tornar CEO, liderando uma transformação que colocou a empresa na lista Fortune 500. Deixou a empresa em 2014 e vive em Nashville, Tennessee, onde continua a trabalhar – para várias empresas. 

**YAN GAO** 

**Primeiro emprego:** assistente de marketing em eventos no hotel Hilton na China.
**Lições aprendidas:** como construir relacionamentos e como criar materiais de marketing.
**Agora:** trabalhou nos escritórios da Lancôme em Paris, voltou para a terra natal – a China – e hoje é gerente-geral de marcas da L’Oréal chinesa. Ela liderou equipes de vendas em mais de dez países asiáticos para várias marcas da L’Oréal, incluindo Giorgio Armani, Ralph Lauren e Shu Uemura. 

**DENIS LOWRY**

**Primeiro emprego:** salva-vidas no Boiling Springs Country Club, em Lexington, Kentucky.
**Lições aprendidas:** descrições de cargos podem Liderança e pessoas reportagem ser muito inadequadas – ele também tinha de drenar a piscina toda semana e esfregar os azulejos. “Faça o melhor que pode mesmo que o salário seja ruim. Encontre diversão no trabalho.”
**Agora:** Lowry trabalhou na IBM por três décadas e então se tornou planejador financeiro certificado. Está aposentado e vive na Flórida. 

**ANDREW RICH**

**Primeiro emprego:** gerente de unidade do NBC Studios, em Burbank, Califórnia. “Meu trabalho era fazer o orçamento e então administrar os gastos de produção dos programas de entretenimento exibidos na grade da NBC, como a novela Days of our lives e vários game shows.”
**Lições aprendidas:** “Produção de TV é um ambiente muito sindicalizado, o que foi bom para abrir os olhos de um recém-formado. Aprendi que nem todo mundo é movido pela eficiência e que as pessoas precisam de habilidades extraordinárias para serem eficientes em um ambiente assim”.
**Agora:** Rich trabalhou para a CBS na área musical e, mais tarde, cuidou da área de licenciamento da Sony, o que o levou a supervisionar o merchandising global da Copa da França em 1998. Isso o fez começar a própria empresa de serviços de merchandising, a ProMost, com colegas da Sony. 

**DANICA JACINTO** 

**Primeiro emprego:** analista de investimentos do banco Credit Suisse nas Filipinas e em Singapura.
**Lições aprendidas:** “Desenvolvi habilidades em modelos financeiros, negociações e gestão de projetos. Também tive sorte de ter, no primeiro emprego, mentores que me ajudaram a avançar na carreira”.
**Agora:** vive seu sabático, como aluna do MBA de Stanford em tempo integral. hsm management edição 123 extra Country Club, em Lexington, Kentucky.
**Lições aprendidas:** descrições de cargos podem Agora: vive seu sabático, como aluna do MBA de Stanford em tempo integral.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação & estratégia
22 de novembro de 2025
Antes dos agentes, antes da IA. A camada do pensamento analógico

Rodrigo Magnano - CEO da RMagnano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Cultura organizacional
21 de novembro de 2025
O RH deixou de ser apenas operacional e se tornou estratégico - desmistificar ideias sobre cultura, engajamento e processos é essencial para transformar gestão de pessoas em vantagem competitiva.

Giovanna Gregori Pinto - Executiva de RH e fundadora da People Leap

3 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Liderança
20 de novembro de 2025
Na era da inteligência artificial, a verdadeira transformação digital começa pela cultura: liderar com consciência é o novo imperativo para empresas que querem unir tecnologia, propósito e humanidade.

Valéria Oliveira - Especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
19 de novembro de 2025
Construir uma cultura organizacional autêntica é papel estratégico do RH, que deve traduzir propósito em práticas reais, alinhadas à estratégia e vividas no dia a dia por líderes e equipes.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
18 de novembro de 2025
Com agilidade, baixo risco e cofinanciamento não reembolsável, a Embrapii transforma desafios tecnológicos em inovação real, conectando empresas à ciência de ponta e impulsionando a nova economia industrial brasileira.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação, Atitude Collab e sócia da Hub89 empresas

4 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de novembro de 2025
A cultura de cocriação só se consolida quando líderes desapegam do comando-controle e constroem ambientes de confiança, autonomia e valorização da experiência - especialmente do talento sênior.

Juliana Ramalho - CEO da Talento Sênior

4 minutos min de leitura
Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura
ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança