Empreendedorismo

O que aprender com o ecossistema de inovação de Florianópolis

Marcado pela troca de experiências, associativismo da "Ilha do Silício" serve de exemplo para inspirar ambientes colaborativos Brasil afora
Jornalista na República – Agência de Conteúdo e colaborador da HSM Management

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Empreendedores que queiram expandir seus projetos podem — e devem — observar o que está acontecendo em Florianópolis. A capital catarinense é destaque no [Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) 2022](https://ice.enap.gov.br/ranking), estudo criado pela Endeavor e, nesta edição, produzido pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Considerada pelo segundo ano consecutivo como uma cidade atrativa para novos negócios, a “Ilha do Silício” brasileira figura entre as dez melhores na maioria das sete determinantes avaliadas no estudo — ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano (melhor desempenho nacional) e cultura empreendedora. Qual é o segredo do sucesso?

“Nosso diferencial é o espírito comum de fazer o ecossistema crescer e ser de todos”, disse Fernanda Bornhausen, conselheira e vice-presidente do conselho deliberativo da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), uma das convidadas do roadshow *[Ilha do Silício: a inovação made in Florianópolis](https://www.youtube.com/watch?v=NdWrYKlg2oU&ab_channel=RevistaHSMManagement)*, promovido por __HSM Management__ em parceria com Localiza Meoo.

De acordo com a especialista, a vocação do município para o empreendedorismo tecnológico é consequência de uma cultura já sedimentada nos EUA e em muitos países europeus: o ‘give first’ e o ‘give back’. “Aqueles que receberam apoio do ecossistema no início da trajetória, mais tarde, retribuem o auxílio por meio de mentoria. É o que funciona no Vale do Silício e o que faz com que as comunidades de startups continuem crescendo”, esclareceu.

## Fatores de sucesso
Outros fatores ajudam a explicar as razões pelas quais Florianópolis continuou em 2º lugar no ICE — seguida de Curitiba, Vitória e Belo Horizonte. Um deles consiste na aliança entre iniciativa privada, universidades e demais escolas e sociedade civil organizada. “Geralmente, captamos recursos por meio de capital de risco de investidores privados. Entretanto, não abrimos mão do fomento. Muito menos das parcerias com instituições de pesquisa. Essa ‘coalizão’ é um mérito do ecossistema”, avaliou Marcos Buson, sócio-fundador da MOA Ventures e da aceleradora HARDS.

O Instituto da Indústria, inclusive, reforça a importância da cooperação em favor do empoderamento dos agentes. Localizada no Sapiens Parque, no norte da Ilha de Florianópolis, a estrutura de 3,3 mil metros quadrados abriga o Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados e o Centro de Inovação Sesi em Tecnologias para Saúde. O espaço possibilita o desenvolvimento de lotes-piloto e a realização de testes de certificações, mediante supervisão de profissionais, mentores e advisors.

A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) conta, ainda, com a presença da Fundação Certi, que desenvolve projetos personalizados para empresas, governo e terceiro setor no Brasil e no mundo. “É um ecossistema dentro de um prédio. Isso não existe em nenhum outro lugar na América Latina”, constatou Buson.

As operações de fusões e aquisições (M&As) também ajudam a acelerar o desenvolvimento por meio da inovação. Graças à estratégia corporativa, é possível aumentar a competitividade e a capacidade de gerar receitas. “É melhor se associar a alguém que entenda do assunto do que tentar criar essa competência. O processo de M&A permite isso. E a inovação vai sendo absorvida naturalmente”, certificou Guilherme Tossulino, CEO da Softplan.

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## Maturidade do ecossistema
Para além do esforço conjunto das empresas, a produtividade da economia depende da densidade de startups — o que exige a criação de um ambiente regulatório com taxas e tributos locais atrativos. “O poder público deve facilitar a vida do empreendedor. Tem que reduzir a burocracia ao mínimo”, defendeu Marcus Rocha, especialista em ecossistemas e habitats de inovação.

Atualmente, existem dois mecanismos em Floripa para complementar o apoio financeiro direto à inovação. O [Programa de Incentivo à Inovação (PII)](https://www.pmf.sc.gov.br/servicos/index.php?pagina=servpagina&id=5098) age concedendo incentivo fiscal a pessoas físicas e jurídicas que estejam em dia com suas obrigações municipais. A [Lei Municipal de Inovação](https://leismunicipais.com.br/a/sc/f/florianopolis/lei-complementar/2012/43/432/lei-complementar-n-432-2012-dispoe-sobre-sistemas-mecanismos-e-incentivos-a-atividade-tecnologica-e-inovativa-visando-o-desenvolvimento-sustentavel-do-municipio-de-florianopolis), por outro lado, cria mecanismos de estímulo, como chamadas públicas, bolsas de pesquisa e recursos financeiros para projetos empreendedores.

Embora a atuação de agentes públicos seja importante para criar um ecossistema fértil, o associativismo é a principal ferramenta para tal. “O Floripa Conecta é um grande exemplo de união. Assim como o Startup Summit, organizado pelo Sebrae SC, pela Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) e pela Acate, que reúne muitas empresas. Não é só um fazendo: são todos juntos”, ressaltou Jussiane Siqueira, fundadora da Inomapi Inovação.

Para o cocriador do Open Innovation Brasil, Alexandre Grenteski, a capacidade de introduzir novos processos, bens e serviços em qualquer tipo de setor é fruto do compromisso com o desenvolvimento local. Qualidade, esta, que os manezinhos da ilha têm de sobra. “A sinergia entre poder público e setor privado gera a arrecadação que, depois, será colocada à disposição das pessoas. É esta cooperação que impulsiona o avanço”, argumentou.

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