Assunto pessoal

O que Maya Angelou pode ensinar sobre produtividade

Artigo conta como escritores consagrados resolveram o desafio do trabalho em casa muito antes de nós

Compartilhar:

A escritora inglesa Virginia Woolf, em um ensaio que se transformou no livro “Um teto todo seu”, disse, no início do século 20, que a mulher tinha dificuldade para abraçar a literatura como carreira porque, entre outras coisas, em geral não tinha um teto todo seu, um local tranquilo e seguro onde pudesse se dedicar à escrita. Décadas depois, a premiada autora americana Maya Angelou contou em uma entrevista que se instalava em hotéis para escrever, pedindo que os funcionários tirassem todos os quadros das paredes e só entrassem diariamente para esvaziar os cestos de lixo com papéis amassados.

Clássicos da literatura infantil como Matilda e A fantástica fábrica de chocolate foram escritos pelo inglês Roald Dahl em uma casinha contígua à de sua família, onde ninguém era autorizado a entrar. Neil Gaiman, autor de Sandman e de dezenas de outras obras em quadrinhos e de fantasia, adaptou um gazebo minúsculo e abandonado, no meio de um bosque, e é ali que ele escreve.

Esses autores e seus locais de trabalho podem ensinar muito ao nosso mundo pandêmico, segundo Cal Newport, professor de ciência da computação da Georgetown University. Em um artigo para a revista The New Yorker, ele diz que os escritores foram, de alguma forma, os primeiros profissionais do conhecimento em trabalho remoto.

A experiência de se refugiar em locais diferentes para produzir não é nova para muitos, mas deverá ganhar escala com a pandemia, depois que percebemos que trabalho cognitivo útil é uma empreitada frágil no ambiente doméstico. “A casa é cheia de coisas que distraem nossa atenção, desestabilizando a dança neuronal sutil exigida para pensar claramente. Quando passamos pelo cesto de roupa suja fora do escritório (também conhecido como nosso quarto ou sala), nosso cérebro muda de rumo para o contexto dos afazeres domésticos, mesmo quando queremos focar o e-mail ou a reunião do Zoom”, afirma. “Esse fenômeno é resultado da natureza associativa do cérebro.”

Historicamente, escrever era uma das poucas profissões que exigiam trabalho cognitivo fora do contexto de um escritório. A pandemia aumentou o trabalho de conhecimento a ser realizado em casa. Muitos profissionais não voltarão para o ambiente das empresas num futuro próximo, mas mantê-los em casa pode ser um suplício – e resultar em baixa produtividade.
A saída, para Newport, é encontrar um terceiro lugar em que se possa trabalhar – externo, mas perto de casa. Ele sugere, inclusive, que as próprias empresas subsidiem esses espaços. Há companhias considerando essa possibilidade. Mas, se não for o caso da sua, a padaria da esquina ou o café mais próximo talvez resolvam seu problema de produtividade.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura
Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura
ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura