Healing leadership

O quinto pilar

Além de propósito, lÍDeres e cultura conscientes, e cuidado multistakeholder, o novo capitalismo inclui a adaptabilidade
Dario Neto é diretor geral do Instituto Capitalismo Consciente Brasil e CEO do Grupo Anga. Também é pai do Miguel e marido da Bruna. Marcel Fukayama é diretor geral do Sistema B Internacional e cofundador da consultoria em negócios de impacto Din4mo.

Compartilhar:

A pesquisa Empresas Humanizadas do Brasil, em que a startup Humanizadas mede o grau de consciência organizacional, divulgou os resultados preliminares da edição 2020/2021. Confirmando a teoria capitalista consciente, aponta que a rentabilidade (ROE em % acumulada de 2000 a 2019) das empresas humanizadas da amostra é 3,5 vezes superiorà das 500 maiores empresas do Brasil. Também ficou evidente a correlação entre a performance ESG das companhias pesquisadas e seu rating de consciência organizacional (medido pelo grau de qualidade da relação com clientes, fornecedores, colaboradores, acionistas e sociedade em geral).
A pesquisa ainda revela que, para além dos quatro pilares do capitalismo consciente – propósito maior, liderança consciente, cultura consciente e cuidado multistakeholder –, há um quinto pilar: a adaptabilidade evolutiva. Ou seja, healing leaders precisam, mais do que nunca, facilitar a aprendizagem organizacional. Sugerimos, a seguir, algumas maneiras de fazer isso:

__Cuide de você.__ Talvez a sua resiliência mental e emocional esteja sendo estressada a níveis únicos em sua história profissional e pessoal. Mas lembre-se de que não é possível ter sustentabilidade no cuidar sem autocuidado. QS (inteligência espiritual) viabiliza melhor performance de QE (inteligência emocional) e, sem esta, você terá baixa consciência emocional e estará mais vulnerável psicologicamente.

__Cuide de quem você lidera.__ Uma breve pesquisa com conselheiros eméritos do Capitalismo Consciente feita em reunião interna do instituto com dezenas de lideranças empresariais do Brasil revelou uma unanimidade: a saúde mental e emocional dos colaboradores é o principal desafio de liderança na pandemia. Segundo a OMS, já são 11,5 milhões de brasileiros com depressão e, até 2030, essa será a doença mais comum do Brasil. Se tiver que escolher uma única coisa para alocar recursos e atenção, escolha isso.

__Cuide da sua Organização.__ Monitore e atue diligentemente sobre indicadores de saúde financeira do negócio (caixa, receita bruta, Ebitda, lucro líquido), sobrea qualidade da relação da organização com seus stakeholders (o rating de consciência organizacional da Humanizadas, por exemplo) e sobre o modelo de negócio em si e como ele se desdobra em produtos e serviços. Se a empresa tem bom desempenho financeiro cuidando de COMO faz negócios (ESG), honrando seu PORQUÊ (propósito regenerativo) e ofertando QUÊs coerentes (produtos e serviços), ela tende a promover prosperidades socioambiental coletiva no longo prazo.

__Cuide de seus investidores.__ A preocupação com o todo permitirá que sua liderança seja mais transparente e consciente também na relação com investidores e acionistas. Uma relação cúmplice e aberta com eles pode ampliar resiliência e resistência em momentos de crise como a que vivemos.

__Cuida da sua Comunidade.__ A filantropia tem batido recordes no Brasil nesta pandemia, R$ 6,9 bilhões, dado relevante num país com pouca cultura de doação. Contribua como puder. Em médio e longo prazo, não há negócio bom em lugar ruim.

Se há um novo aprendizado a incorporar,é o de que amor e performance devem caminhar juntos para a organização ser longeva – apesar dos cisnes negros.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

Saúde psicossocial é inclusão

Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Empreendedorismo
O Brasil já tem 408 startups de impacto – 79% focadas em soluções ambientais. Mas o verdadeiro potencial está na combinação entre propósito e tecnologia: ferramentas digitais não só ampliam o alcance dessas iniciativas, como criam um ecossistema de inovação sustentável e escalável

Bruno Padredi

7 min de leitura
Finanças
Enquanto mulheres recebem migalhas do venture capital, fundos como Moon Capital e redes como Sororitê mostram o caminho: investir em empreendedoras não é ‘caridade’ — é fechar a torneira do vazamento de talentos e ideias que movem a economia

Ana Fontes

5 min de leitura
Empreendedorismo
Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Ivan Cruz

7 min de leitura
ESG
Resgatar nossas bases pode ser a resposta para enfrentar esta epidemia

Lilian Cruz

5 min de leitura
Liderança
Como a promessa de autonomia virou um sistema de controle digital – e o que podemos fazer para resgatar a confiança no ambiente híbrido.

Átila Persici

0 min de leitura
Liderança
Rússia vs. Ucrânia, empresas globais fracassando, conflitos pessoais: o que têm em comum? Narrativas não questionadas. A chave para paz e negócios está em ressignificar as histórias que guiam nações, organizações e pessoas

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Empreendedorismo
Macro ou micro reducionismo? O verdadeiro desafio das organizações está em equilibrar análise sistêmica e ação concreta – nem tudo se explica só pela cultura da empresa ou por comportamentos individuais

Manoel Pimentel

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Aprender algo novo, como tocar bateria, revela insights poderosos sobre feedback, confiança e a importância de se manter na zona de aprendizagem

Isabela Corrêa

0 min de leitura
Inovação
O SXSW 2025 transformou Austin em um laboratório de mobilidade, unindo debates, testes e experiências práticas com veículos autônomos, eVTOLs e micromobilidade, mostrando que o futuro do transporte é imersivo, elétrico e cada vez mais integrado à tecnologia.

Renate Fuchs

4 min de leitura
ESG
Em um mundo de conhecimento volátil, os extreme learners surgem como protagonistas: autodidatas que transformam aprendizado contínuo em vantagem competitiva, combinando autonomia, mentalidade de crescimento e adaptação ágil às mudanças do mercado

Cris Sabbag

7 min de leitura