Desenvolvimento pessoal

O significado de ser uma das “Women to watch”

Além de honrada e surpresa, ter sido eleita uma das “Women to watch” fez eu me sentir ainda mais responsável pela equidade e pela diversidade nas empresas
Trocou as grandes corporações pelo mundo das startups e atualmente é CMO da unico, IDTech especializada em tecnologia para identidades digitais.

Compartilhar:

Este ano fui eleita uma das Women to watch. Quando soube, me senti muito honrada e também muito surpresa. Bem agora que me despi de sobrenomes famosos das grandes marcas em que trabalhei? 

Para explicar, é preciso voltar uns passos na história – na minha e na do próprio Women to Watch, criado há pouco mais de uma década pela Ad Age para reconhecer as mulheres que atuam como catalisadoras de mudanças tanto em suas empresas, quanto no entorno delas. Seja por meio de suas vozes e habilidades ou pelos projetos de marketing e comunicação que assumem e representam, são elas que moldam culturas e atitudes. 

Olhando o histórico de indicações anteriores, sem evidentemente desmerecer minhas muitas e incríveis colegas que já estiveram nas listas passadas, esse definitivamente não parecia ser o meu momento. Contei em artigos aqui para a HSM Management sobre a decisão de carreira que me trouxe até a Acesso Digital, há pouco mais de um ano. E como, usando a linguagem dos “startupeiros”, pivotei, assumindo um lugar bem diferente daquele em que estavam até então as Women to Watch.

Por outro lado, quando vi quem estava ao meu lado na lista deste ano, entendi que o que poderia ter me afastado desse holofote foi justamente o que me fez estar nele. Pela primeira vez, não foram relacionadas apenas líderes de grandes agências, marcas e veículos, mas algumas das principais representantes da diversidade de background, visões, raça e espaços que transformaram nosso setor. Principalmente nas perspectivas femininas.

As mais de cinquenta mulheres que já foram eleitas no Brasil têm muito mérito para que este seja um reconhecimento cada vez mais inclusivo e em linha com a realidade que vivemos nesta era, onde a propaganda não é mais a alma do negócio, em que o negócio é a alma da propaganda. E é isso que vejo refletido nas nominadas, além de me fazer entender que nunca houve momento mais adequado para estar entre elas. 

Entre os aspectos que determinaram a minha chegada na Acesso Digital, pesaram a cultura inclusiva e a ideia de ser a primeira mulher numa liderança formada a partir de dois fundadores. Porque referência importa. Nestes pouco mais de doze meses, passamos a contar com um quadro 50% mais feminino, 35% da nossa liderança tem rosto (e força e competência!) de mulher e 17% delas atuam em produtos e tecnologia. E nosso olhar diverso é enriquecido pelos 32% de colaboradores pretos e pardos e 15% LGBTQIA+. 

Montamos também a “Liga da **diversidade**”, movimento em que funcionários lideram atividades de conscientização e treinamentos. Sabemos que há muito para ser feito ainda. Mas tenho orgulho de estar e fomentar um ambiente que reconhece e celebra as diferenças de cada um, por termos consciência de que são elas que nos unem e fortalecem. 

Sempre fui feminista e tive a sorte, ou um resultado de escolhas precisas, de fazer carreira em empresas que respeitavam mulheres. Desfrutei de uma licença maternidade estendida quando meu primeiro filho nasceu e pude trabalhar por meio período até que ele completasse um ano de vida. Esta, aliás, foi das primeiras experiências que me levaram a ser mentora e culminou na criação de um grupo de mulheres na P&G, companhia onde eu trabalhava na época. 

E não foi só a bagagem pessoal que carreguei até chegar aqui que ampliaram meu olhar e alimentaram meu senso de responsabilidade.  Como as pessoas que eu gostaria de impactar, fui impactada por exemplos. Vi muitas das mulheres com quem convivi, com destaque a muitas das Women to Watch, se dedicarem a criar e fortalecer networks femininos, mentorar profissionais mais jovens e lutar efetivamente por **equidade**.  

Aliás, voltando às eleitas e sobretudo ao fato de agora ser uma delas, reafirmo que teve honra e teve surpresa. Mas agora, o que sinto é muito mais responsabilidade. Sei que avançamos, que trouxemos propósito para a equação como critério. Porém, ainda somos minoria nas lideranças em praticamente todos os setores e indústrias e ganhamos menos que homens em cargos iguais. E não fazer nossa parte para mudar isso, sobretudo quando se chega a certos lugares, não é uma escolha.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

ESG
Investimentos significativos em tecnologia, infraestrutura e políticas governamentais favoráveis podem tornar o país líder global do setor de combustíveis sustentáveis

Deloitte

Estratégia, Liderança, times e cultura, Cultura organizacional
À medida que o mercado de benefícios corporativos cresce as empresas que investem em benefícios personalizados e flexíveis não apenas aumentam a satisfação e a produtividade dos colaboradores, mas também se destacam no mercado ao reduzir a rotatividade e atrair talentos.

Rodrigo Caiado

Empreendedorismo, Liderança
Entendimento e valorização das características existentes no sistema, ou affordances, podem acelerar a inovação e otimizar processos, demonstrando a importância de respeitar e utilizar os recursos e capacidades já presentes no ambiente para promover mudanças eficazes.

Manoel Pimentel

ESG, Liderança, times e cultura, Liderança
Conheça e entenda como transformar o etarismo em uma oportunidade de negócio com Marcelo Murilo, VP de inovação e tecnologia da Benner e conselheiro do Instituto Capitalismo Consciente.

Marcelo Murilo

ESG
Com as eleições municipais se aproximando, é crucial identificar candidatas comprometidas com a defesa dos direitos das mulheres, garantindo maior representatividade e equidade nos espaços de poder.

Ana Fontes

ESG, Empreendedorismo
Estar na linha de frente da luta por formações e pelo desenvolvimento de oportunidades de emprego e educação é uma das frentes que Rachel Maia lida em seu dia-dia e neste texto a Presidente do Pacto Global da ONU Brasil traz um panorama sobre estes aspectos atuais.

Rachel Maia

Conteúdo de marca, Marketing e vendas, Marketing Business Driven, Liderança, times e cultura, Liderança
Excluído o fator remuneração, o que faz pessoas de diferentes gerações saírem dos seus empregos?

Bruna Gomes Mascarenhas

Blockchain
07 de agosto
Em sua estreia como colunista da HSM Management, Carolina Ferrés, fundadora da Blue City e partner na POK, traz atenção para a necessidade crescente de validar a autenticidade de informações e certificações, pois tecnologias como blockchain e NFTs, estão revolucionando a educação e diversos setores.
6 min de leitura
Transformação Digital, ESG
A gestão algorítmica está transformando o mundo do trabalho com o uso de algoritmos para monitorar e tomar decisões, mas levanta preocupações sobre desumanização e equidade, especialmente para as mulheres. A implementação ética e supervisão humana são essenciais para garantir justiça e dignidade no ambiente de trabalho.

Carine Roos

Gestão de Pessoas
Explorando a comunicação como uma habilidade crucial para líderes e gestores de produtos, destacando sua importância em processos e resultados.

Italo Nogueira De Moro