Uncategorized

O Vale do Silício continua a surpreender

é diretor da HSM Educação Executiva, com vasta experiência executiva – no desenvolvimento e implantação de modelos de gestão – e acadêmica.

Compartilhar:

Você já experimentou perguntar sobre gestão de competências, governança ou mesmo remuneração variável a um empreendedor do Vale do Silício? Eu já – na recente missão HSM ao Vale, a Naveen Jain, que é o chairman da Moon Express, que desenvolve equipamentos para a mineração lunar, e investe em muitas startups de saúde. Vi nitidamente que essas questões não faziam o menor sentido para ele. Seu apego ao sucesso do passado ou a fórmulas consagradas de gestão é zero. O modelo de manutenção do status quo em que a maioria das empresas ainda opera bate de frente com o mundo descontínuo e disruptivo em que Jain vive, embora seja o mesmo planeta Terra meu e seu. 

Quando comparados a executivos tradicionais, esses empreendedores do Vale parecem alienígenas. Com idade média de 23 a 28 anos, muitos já são milionários – alguns, bilionários –, com uma fome de negócios insaciável, velocidade extrema do insight à fortuna e modelo de liderança progressista. O resultado é que mesmo empresas de atividades tão malucas como garimpar a Lua já levantam quase US$ 40 milhões de investidores. 

O pensamento exponencial é o novo mindset da gestão, e esse foi nosso primeiro aprendizado na missão do Vale. Como o modo-padrão de nosso cérebro é de pensamento linear, para captar as oportunidades exponenciais temos de recorrer a ideias-chave como os 6 Ds – digitalização, “decepção” (deception, ou ilusão), disrupção, desmonetização, desmaterialização e democratização do uso e acesso, viabilizadas por meio de um segundo aprendizado, o das tecnologias exponenciais, que estão mudando o mundo como o conhecemos: energia fotovoltaica, equipamentos médicos e laboratoriais, biologia sintética, robótica, manufatura 3D, inteligência artificial (IA), internet das coisas, nanomateriais, neurotecnologias etc. E pense em combinações dessas tecnologias também. Em todos esses campos acontecem três coisas: (1) as tecnologias/ produtos estão se tornando digitais, (2) seu desempenho cresce exponencialmente e (3) seus preços caem exponencialmente. Muitas dessas tecnologias ainda estão no início, como a Siri, do iPhone, que ainda parece só algo engraçadinho e sem funcionalidade. Mas a Siri é uma criança, tem sete anos; dê-lhe mais sete e será 128 vezes melhor do que é hoje – será melhor que qualquer ser humano em entender você, o que deve acabar, por exemplo, com os call centers. 

O terceiro aprendizado é que o ambiente de negócios do Vale é imbatível para a inovação. Muita gente já disse que, mais que um espaço físico, é um estado de espírito, que valoriza ideias inovadoras, onde a meritocracia prevalece, a colaboração e o compartilhamento de informações são essenciais, e as ideias são a principal moeda. E é verdade. Mas o que ficou claro é que não se trata de um ecossistema, e sim da interação de vários: o das universidades, com professores fazendo pesquisa; o industrial, com empresas incentivando e revolucionando o mercado; o de startups, tornando as inovações eficazes e comerciais; o legal, que permite criar empresas e distribuir equity; e o de capital. No meio, há um fluxo de pessoas mais inteligentes que a média – imigrantes são bem-vindos – e um mercado bom para fazer testes. Cerca de 30% a 40% dos investimentos fracassam, mas tudo bem.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura