Uncategorized

O valor do olho no olho

Pesquisa da Rotman School of Management demonstra que relacionamentos presenciais entre intermediários e clientes continuam a determinar os resultados financeiros

Compartilhar:

Ninguém discute que os bancos online e móveis transformaram a indústria de serviços financeiros. Clientes familiarizados com a tecnologia deram as boas-vindas aos bancos online por sua conveniência, e com isso a eficiência aumentou. Mas, apesar do crescimento rápido de ferramentas e soluções digitais, relacionamentos pessoais permanecem fundamentais na área financeira.

Pesquisa realizada pela professora de gestão estratégica da Rotman School of Management Laura Doering indica que há custos ocultos no abandono de relacionamentos pessoais nos bancos – e que os relacionamentos pessoais entre tomadores e emprestadores pode beneficiar as duas partes. 

O estudo foi realizado em um banco comercial de microcrédito na América Central, chamado na pesquisa de “MicroBank”, e partiu de pesquisas anteriores que demonstram que investidores tendem a manter seus investimentos de tempo, capital social e outros recursos em investimentos de baixo desempenho quando existe um relacionamento pessoal envolvido. Diante de assimetrias profundas de informação, os agentes do MicroBank passam bastante tempo com clientes para avaliar sua capacidade de crédito. A política do banco dita que os agentes visitem os tomadores em suas casas e empresas. Nesses ambientes, conversam com os clientes sobre suas famílias, situação financeira e planos para o empréstimo. Os agentes também entrevistam membros da comunidade para obter uma impressão da reputação local de quem pega um empréstimo. 

A partir desse exemplo, a pesquisa demonstrou que relacionamentos pessoais podem facilitar transações com o aumento da confiança, maior compartilhamento de informação e mais controle social. A confiança serve como lubrificante importante para as transações e, no contexto bancário, pode facilitar o pagamento de empréstimos ao encorajar emprestadores a ver clientes como confiáveis e trabalhar com eles produtivamente se deixarem de pagar.

Os envolvidos também tendem a compartilhar mais informações pessoais com parceiros com quem têm uma relação pessoal, e isso faz a informação transitar mais – o que também facilita cobranças e renegociações. Quando as transações acontecem no contexto das relações pessoais, a pesquisa descobriu que os parceiros têm mais probabilidade de acatar normas de reciprocidade e justiça. Várias pesquisas sobre microcrédito já tinham demonstrado que tomadores de empréstimo têm mais probabilidade de arcar com seus compromissos quando são responsabilizados por seus vizinhos em grupos de empréstimo, o que pode servir de exemplo para instituições maiores. 

© Rotman Management

Editado com autorização da Rotman School of Management. ligada à University of Toronto. Todos os direitos reservados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025
Investir em bem-estar é estratégico - e mensurável. Com dados, indicadores e integração aos OKRs, empresas transformam cuidado com corpo e mente em performance, retenção e vantagem competitiva.

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025
Na era da hiperconexão, encerrar o expediente virou um ato estratégico - porque produtividade sustentável exige pausas, limites e líderes que valorizam o tempo como ativo de saúde mental.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança