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O valor oculto da saúde organizacional

Assim como o desempenho, a saúde de uma organização precisa ser ativamente gerenciada; é isso que lhe garantirá resultados sustentáveis, como indicam os autores do livro Beyond Performance

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Faz dez anos que pesquisamos sobre o abstrato conceito de “saúde organizacional”, mas, em pesquisa recente, realizada com mais de 800 organizações do mundo inteiro, fizemos descobertas-chave sobre a relação estreita entre a saúde da empresa e seu desempenho operacional e financeiro:

**• A ligação entre saúde organizacional e desempenho financeiro é bem maior do que pensávamos. De 2003 a 2011, as companhias consideradas saudáveis geraram retornos aos acionistas três vezes maiores do que as que não eram saudáveis e mais de 60% acima das companhias com saúde mediana.**

**• As empresas que repetidamente eram superiores aos concorrentes em operações geralmente seguiam de uma a quatro “receitas-padrão” de saúde organizacional.**

**• Observamos uma alternativa prática à abordagem comum de tentar aperfeiçoar a saúde organizacional fechando cada gap que houver em melhores práticas. Iniciativas que combinam esforços em eliminar práticas ineficazes e construir forças específicas aumentam em cinco a dez vezes a probabilidade de uma empresa ser saudável.**

o que é mesmo saúde em uma organização? Trata-se do poder de alinhamento de pessoas em torno de uma visão, uma estratégia e uma cultura claras, e indica a capacidade de entregar, no longo prazo, de maneira sustentável, desempenhos financeiro e operacional superiores. Estamos convencidos de que a saúde organizacional é um dos ativos mais poderosos que uma companhia pode desenvolver. E, agora, ficou mais claro para nós o modo de atingir esse estado. É uma notícia especialmente boa para líderes preocupados com o longo prazo que se queixam da efemeridade dos benefícios das iniciativas de reorganização.

**9 DIMENSÕES E 4 RECEITAS DE SAÚDE**

Ao longo de dez anos, acompanhamos a saúde organizacional de centenas de empresas pelo mundo com base em nove dimensões de saúde organizacional, às quais os colaboradores atribuíam pontos em uma escala ascendente:

1. Direção. 

2. Accountability. 

3. Coordenação e controle. 

4. Orientação externa. 

5. Liderança. 

6. Inovação e aprendizado. 

7. Capacidades. 

8. Motivação. 

9. Clima e cultura.

Indagamos com que frequência os colaboradores observavam quatro ou cinco práticas de gestão que levavam às nove dimensões. E, entre as 37 práticas levantadas, descobrimos quatro “receitas” de práticas de gestão que se repetiam regularmente nas empresas mais saudáveis. cada uma dessas quatro receitas [veja quadro da página anterior] abrange uma metodologia de gestão que inclui crenças fundamentais sobre criação de valor e os quatro condutores de sucesso listados a seguir:

**1. Líder.** nessa receita, a característica distintiva é a presença, em todos os níveis da organização, de líderes de alto potencial que têm liberdade para descobrir como entregar resultados e se responsabilizam por eles. são empresas de cultura aberta e de confiança, com estrutura descentralizada. privilegiam práticas de desenvolvimento de liderança.

**2. Foco no mercado.** As organizações aqui são voltadas mais para fora, tanto para clientes como para concorrentes, parceiros, legisladores e comunidade. Elas procuram ser inovadoras em produtos e liderar tendências, por meio de uma visão compartilhada que contribua para que os colaboradores aproveitem oportunidades de mercado. Também têm gestão financeira forte para que cada um se responsabilize por suas iniciativas e elas sejam rentáveis.

**3. Vantagem em execução.** O aperfeiçoamento da linha de frente é constante nessas empresas, promovendo qualidade e produtividade. elas colocam grande ênfase em compartilhar conhecimento entre as pessoas tanto para gerar inovações como para manter padrões.

**4. Núcleo de talentos e conhecimento.** típico de organizações que privilegiam a vantagem competitiva da reunião e gestão de uma base de conhecimento e talentos destacados, como equipes esportivas, firmas de consultoria e empresas de entretenimento. Oferecem, às pessoas com bom desempenho, incentivos, financeiros ou não, para atraí-las e motivá-las.

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/811f8ce7-1203-4431-8d26-9c3320b2082f.jpeg)

**COMO SUA EMPRESA PODE SER SAUDÁVEL?**

O que sua empresa pode tirar de lição das quatro receitas de saúde organizacional identificadas em nossa pesquisa? Certamente não é o caso de replicar receitas, mas elas devem ser consideradas arquétipos inspiradores. Você pode identificar que conjunto de práticas saudáveis mais se encaixa em sua estratégia e organização, e deve, principalmente, pensar sobre três fatores:

O imperativo do alinhamento entre estratégia e saúde as empresas bem-sucedidas combinam organização com aspiração. 

Uma vez que tenha identificado a receita organizacional certa para a estratégia escolhida, a companhia tem de alinhar essa organização o máximo possível àquele conjunto de práticas. 

Quando se muda a estratégia, é comum que ocorra o desalinhamento, como aconteceu a uma grande empresa de tecnologia, que mudou seu mix de produtos e serviços e acelerou sua estratégia de globalização. Então, percebeu que o que realmente precisava era de foco no desenvolvimento de líderes de alto potencial, que poderiam direcionar negócios futuros. 

Seu foco anterior em execução já não constituía vantagem competitiva poderosa e, assim, ela buscava se aproximar da receita baseada no líder. A empresa desenvolveu o que denominou “caminhos críticos” de oportunidades para líderes de alto potencial. O caminho culminava, com frequência, em papéis importantes, como o de gerente-geral de uma grande região, e destacava líderes inspiradores. 

Uma pesquisa realizada pela própria companhia apontou que o fator confiança respondia por 90% da percepção dos colaboradores sobre a efetividade de seus gestores. De acordo com isso, foram ajustados os esforços de desenvolvimento, e o “mal da comoditização”, que era tão temido, foi afastado. A empresa vem aumentando suas margens a cada ano, lidera o setor em segmentos que escolheu competir e é reconhecida como celeiro de talentos.

A importância da seleção o poder das quatro receitas de sucesso reside em indicar onde concentrar esforços de melhoria. Nossa pesquisa identificou que 73% das empresas que seguiam intensamente ou muito intensamente um dos quatro caminhos e não estavam no quartil inferior em qualquer das demais práticas (do total de 37) gozavam de saúde correspondente ao quartil superior. De outro lado, apenas 7% das companhias que estavam mal em pelo menos uma das práticas e apresentavam adoção não intensa de qualquer das receitas situavam-se no quartil superior. Isso sugere que o caminho adequado é ajustar todas as práticas enfraquecidas, aperfeiçoando-as de tal modo que a empresa não fique no quartil inferior, e transformar as práticas-alvo em verdadeiras forças. Tentar superar o parâmetro médio em um grande número de práticas não funciona.

> **IMPLEMENTANDO UMA RECEITA DE SUCESSO – UM CASO REAL**
>
> **Empresa/setor:** Indústria química.
>
> **Contexto:** Custos de energia, concorrência e regulação crescentes; fechamento de uma unidade em função de exigências ambientais; necessidade de aumentar a produção e a produtividade; operação de minério empregava 450 pessoas distribuídas em extensa área (mais de cinco vezes o tamanho de Manhattan, nova York).
>
> **Receita escolhida:** Vantagem em execução.
>
> **AÇÕES**
>
> Workshop de construção de plano de ação; metas de desempenho combinadas com objetivos de saúde, reforçando-se mutuamente e aumentando a probabilidade de sucesso sustentável; estímulos às práticas mais importantes da receita escolhida (compartilhamento de conhecimento, envolvimento dos colaboradores, ambiente empreendedor); redefinição do papel do supervisor da linha de frente para engajar  o pessoal e intensificar a comunicação  entre os colaboradores. 
>
> **RESULTADOS**
>
> Mais envolvimento das pessoas em decisões e compartilhamento de conhecimento de baixo para cima; mineiros e supervisores com mais senso de propriedade pelo trabalho e aumento  de 20% do engajamento de colaboradores; avanço de 22% para 45% do tempo de mão  de obra aplicado em trabalhos de agregação de valor; incremento de 50% em produtividade em dois anos; lucros adicionais de  US$ 350 milhões; economia de cerca  de US$ 180 milhões em um ano.

**O PERIGO DOS ASSASSINOS DE RECEITA**

A pesquisa realizada também identificou “assassinos de receita”: da mesma forma que se concentrar em muitas práticas diminui a probabilidade de a organização alcan

çar saúde superior e sucesso, acrescentar práticas erradas a uma receita pode ser extremamente danoso. Um exemplo disso é a ênfase exagerada na liderança no estilo comando e controle nas empresas que tentam seguir a receita conduzida pela execução. As melhores organizações centradas em execução empregam a competição interna e a inovação de baixo para cima para dar poder à linha de frente, para que seja excelente. O uso excessivo de processos de cima para baixo mataria essa dinâmica e, de fato, em nosso conjunto de dados, as organizações menos saudáveis na receita da execução eram aquelas que apresentavam liderança autoritária como uma das dez práticas principais.

**ESCOLHER A RECEITA  É FUNDAMENTAL**

A saúde organizacional não é mais algo que os líderes possam ignorar, dado o ritmo acelerado de mudança por que passa a maioria dos setores. Todas as empresas podem ganhar saúde, e de muitas maneiras, ao menos as quatro discutidas aqui. É preciso, contudo, escolher a receita e os ingredientes com muito cuidado, já que uma combinação equivocada deles pode deixar um gosto amargo na boca dos colaboradores, executivos e investidores.

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