Uncategorized

O Yin e Yang da gestão

As empresas podem passar a lidar com as tensões de modo positivo, trocando a teoria da contingência por um equilíbrio dinâmico que as autoras detalham a seguir

Compartilhar:

Por muito tempo, a resposta para as tensões comuns à vida corporativa esteve na teoria da contingência. Segundo essa teoria, a eficiência depende do alinhamento dos elementos. os gestores acreditam que basta fazer uma **ÚNICA ESCOLHA**

Nossa sugestão é diferente. Propomos que as empresas adotem a **PERSPECTIVA DO PARADOXO**, segundo a qual se faz uma abordagem simultânea dos pontos em conflito. Um paradoxo é uma situação na qual elementos contraditórios porém inter-relacionados ocorrem ao mesmo tempo e se prolongam no tempo. suas características são bem ilustradas pelo símbolo taoista do yin-yang. Quer um exemplo? Pense no paradoxo entre as necessidades corporativas de ter responsabilidade social e gerar resultados financeiros. 

**TENSÕES PARADOXAIS** são comuns em sistemas complexos como as empresas, onde há objetivos conflitantes de diferentes stakeholders. o problema é que as pessoas ficam ansiosas diante de tensões paradoxais, porque preferem coerência entre conhecimento e ações, e adotam mecanismos de defesa –como a negação e a repressão– diante dessas tensões, gerando um círculo vicioso na organização. na prática, as pessoas até mudam suas crenças ou ações para garantir que prevaleça a coerência, o que, muitas vezes, também é reforçado por estruturas, rotinas e processos corporativos. 

**REFÉM**

O problema é que o futuro fica refém do passado quando as pessoas mudam crenças ou ações para garantir coerência

**EQUILÍBRIO DINÂMICO VIRTUOSO**

Com a perspectiva do paradoxo, buscamos estimular uma reação mais positiva às tensões paradoxais. Viabilizamos um círculo virtuoso no qual a consciência das tensões resulta em aceitação, em vez de postura defensiva. isso requer desenvolver três tipos de **HABILIDADES:**

**1 Complexidade cognitiva (cabe ao indivíduo)** habilidade de reconhecer e aceitar as inter-relações entre as tensões existentes. faz buscar e valorizar as diferenças entre as forças em disputa e ajuda a identificar as potenciais sinergias –isso leva a aceitar melhor os paradoxos.

**2 Controle emocional (cabe ao indivíduo)** conforto e abertura diante de contradições. Reduz os ciclos viciosos e de postura defensiva e contraproducente.

**3 Habilidades organizacionais dinâmicas (cabe à corporação)** ferramentas coletivas que permitem que os líderes reajam a mudanças no ambiente. levam a mais abertura e maior aceitação das tensões paradoxais e de seu dinamismo.

> **Aceitação da coexistência das tensões** 
>
> Fala-se de maneira aberta sobre as divergências existentes e seu dinamismo. Podem-se sujeitar decisões à reavaliação no médio prazo, para minimizar a tensão.
>
> +
>
>
> **Resolução** 
>
> Promover interações intencionais entre as alternativas, de maneira a garantir atenção simultânea a todas ao longo do tempo. o processo envolve uma “inconsistência consistente”, uma vez que os gestores modificam as decisões de modo dinâmico e os agentes fazem mudanças no curto prazo conscientes das contradições disso no longo prazo.
>
> A adoção de estratégias gerenciais “consistentes- -inconsistentes” distribui as tensões por estruturas, regras, processos e identidades.

**NEM TODA TENSÃO É PARADOXO**

**3 tipos de tensões envolvidas nas decisões**

**Paradoxo** 

• As opções são contraditórias, mas se inter-relacionam, como dualidades. Não há propriamente solução, e sim equilíbrio dinâmico.

_Tipos de paradoxo_

De aprendizado – aflora quando o sistema muda, se renova e/ou inova. Requer a revisão  e destruição do passado para  a construção do futuro

De processo – Surge quando sistemas complexos criam padrões e processos para atingir um resultado desejado.

De pertencimento – a complexidade e a pluralidade geram tensões de identidade, que surgem entre os indivíduos e o coletivo, uma vez que procuram tanto a homogeneidade como a diferenciação. 

De desempenho – Nasce da pluralidade dos stakeholders e gera objetos e estratégias conflitantes.  As tensões afloram entre demandas distintas (muitas vezes conflitantes) vindas dos stakeholders internos e externos.

**Dilema**

• Opções que competem  entre si, cada uma com vantagens  e desvantagens claras.  Solução = escolha.

**Dialética**

• Opções contraditórias, com tese e antítese.  Solução = integração. 

**RESULTADO**

a adoção do equilíbrio dinâmico deve levar à sustentabilidade do negócio, muito valorizada hoje, de três modos:

**Viabilização do aprendizado e da criatividade**

estudos com pessoas altamente criativas já mostraram que a genialidade surge da capacidade de conciliar ideias opostas. no front organizacional, pesquisas revelam que a associação de estratégias contraditórias favorece o aprendizado e cria o contexto para que os líderes evoluam na solução criativa de problemas, permitindo que as empresas melhorem sempre.

**Estímulo à flexibilidade e à resiliência**

A gestão de tensões paradoxais ajuda pessoas, grupos e empresas a serem mais flexíveis e resilientes. Precisar atender a demandas opostas de modo simultâneo estimula a capacidade de adaptação.

**Liberação do capital humano**

Energia positiva, criatividade e aprendizado são impulsionados pela justaposição de tensões contraditórias. 

Não é à toa: atender bem, e ao mesmo tempo, a demandas paradoxais está associado faz tempo a sucesso na carreira, liderança excepcional, equipes de alto desempenho e alta capacidade organizacional.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura