ESG, Gestão de pessoas

Onde começa a segregação horizontal/ocupacional?

Apesar das mulheres terem maior nível de escolaridade, a segregação ocupacional e as barreiras de gênero limitam seu acesso a cargos de liderança, começando desde a escolha dos cursos universitários e se perpetuando no mercado de trabalho.

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Qualquer 5 minutos numa sala de reunião em uma empresa X já é o suficiente para perceber onde se concentra a maior parte das mulheres dentro daquela companhia.

É pouco provável, infelizmente, que a maioria esteja nos cargos de comando.

De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apenas 29% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. Sem dúvida é um número baixo, principalmente quando paramos para observar o nível de escolaridade dessas mulheres, que na grande maioria das vezes é maior comparado aos seus colegas masculinos.

Porém, nem uma formação a mais ou a prospecção de sucesso que mulheres trazem para as empresas – inclusive, isso é um fato e não um achismo da minha parte – muda o fato delas sofrerem com segregação ocupacional dentro do mercado de trabalho.

O nome por si só já é autoexplicativo: o termo se refere a situação onde uma parcela de trabalhadores ficam condicionados a uma área de atuação devido a características específicas, como demográficas, racial, étnica, por orientação sexual e por gênero.

O fato é que estar ‘preso’ em um determinado setor, como o operacional, onde se concentra um grande número de mulheres, não é exatamente uma novidade.

O fato que desejo lançar um holofote, é de que essa segregação pode começar muito antes do que vocês imaginam. A verdade é que as mulheres são colocadas em caixas antes mesmo de entrar no mercado de trabalho.

Esse processo começa lá na escolha do curso que elas vão fazer na faculdade/universidade. De acordo com um [estudo de Tayná Mendes em colaboração com o Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdade da UFRJ](https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/7830), apesar das mulheres apresentarem um nível mais alto de instrução, elas estão concentradas principalmente nas formações com os piores índices de retorno, como docência e profissões relacionadas ao cuidado. Os homens, por outro lado, estão mais presentes nos cursos analíticos e técnicos, que oferecem remunerações melhores.

O que quero salientar com esses dados é que desde cedo somos induzidas a fazer escolhas em nossas vidas de acordo com o nosso gênero, afetando diretamente outros aspectos, a começar pela profissão que somos levadas a escolher.

Inclusive, comentei sobre o assunto no meu texto anterior, que [falava sobre Mulheres nas áreas de STEM](https://www.revistahsm.com.br/post/meninas-mulheres-nas-areas-de-steam). Nele citei um projeto criado pela Universidade Federal do ABC que tem como objetivo ajudar mulheres a ingressarem nas áreas de STEM, e esse apoio começa justamente durante a entrada na universidade, onde muitas desistem e vão para cursos mais ‘femininos’ por terem escolhido uma área de predominância masculina e pela falta de apoio dos colegas de classe, dos professores e muitas vezes dos próprios pais.

Isso nos esclarece que, na verdade, se não estivermos atentas e confiantes do que queremos fazer, seremos confinadas nessas caixas que criaram para nós desde que sociedade é sociedade. Mas apesar desse cenário nada positivo para nós, não estamos sozinhas nessa. Se estiver difícil, não deixe de criar uma rede de apoio, com certeza você vai encontrar outras mulheres que passam pelas mesmas dores. Como sempre digo, juntas somos mais fortes!

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