Coprodução HSM Management + Audencia

Os desafios do agro têm solução

Segurança alimentar e sustentabilidade são os objetivos; alcançá-los passa por distribuição e eficiência

Compartilhar:

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) divulgou em julho último: o número de habitantes do planeta que sofrem de insegurança alimentar chegou a 2,3 bilhões em 2021 – quase 30% da população mundial. No Brasil, conforme dados coletados entre 2019 e 2021, cerca de 60 milhões de pessoas não têm a “garantia do acesso físico, social e econômico a alimentos seguros, nutritivos e em quantidade suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais”, que é como a FAO define “segurança alimentar”.

Hoje esse é provavelmente o maior desafio do agronegócio brasileiro, apesar da trajetória de sucesso do setor, e o desafio só aumenta: além de oferecer segurança alimentar agora, e em 2030, a uma população mundial projetada em 9,7 bilhões de pessoas, deve contornar a crise causada pela guerra na Ucrânia – que reduziu a oferta de alimentos, energia e fertilizantes –, as consequências da pandemia de covid-19 e, no Brasil, inflação, perda de poder de compra do consumidor e incertezas políticas.

## Um novo patamar de eficiência
O contexto adverso requer liderança e que esta busque um novo patamar de eficiência em produção, distribuição e cadeia de fornecedores.

Os caminhos para maior produtividade, que engloba aumento da eficiência na produção e desperdício menor, também são conhecidos, mas têm uma implementação especialmente desafiadora.

Segundo Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas do Brasil), a maior eficiência na produção requer ganhos de produtividade “exponenciais, em vez de lineares”. E isso só é possível com mais tecnologia, dados e capacitação. “O conhecimento tem de ser muito mais difundido.” Inclusive entre líderes.

Em distribuição, uma das soluções mais eficientes é o cooperativismo agropecuário – e o Brasil sai na frente aí. As cooperativas, por estarem presentes em todo o País, distribuem a produção de modo mais eficiente em custo. Cerca de 1,2 mil cooperativas, com 1 milhão de produtores rurais cooperados, respondem por 53,6% de nossa safra de grãos, diz Lopes.

A cadeia de fornecimento eficiente tem desperdício menor. Como explica Sonia Chapman, diretora da Rede Empresarial Brasileira de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), é necessária a cooperação entre diferentes organizações para que isso ocorra, indo na direção de um modelo de economia circular. Este prevê redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energias a fim de ter menor desperdício.

A Rede ACV promove, desde 2013, diálogos e ações em rede para que as empresas equacionem o uso mais eficiente de insumos, materiais e produtos.

## Produtivos e sustentáveis
O movimento em direção à tecnologia, à capacitação e à economia circular não visa só eficiência. Na era do ESG (sigla que designa responsabilidades ambientais, sociais e de governança), produtores de alimentos têm de ser eficientes e também sustentáveis, o que é uma nova visão para a eficiência.

Sustentabilidade implica, por exemplo, manter florestas em pé, usar menos água, cumprir metas de descarbonização, usar resíduos para gerar energia limpa. Essa é a expectativa crescente de investidores, clientes e reguladores.

Artigo publicado na HSM Management nº 154, em coprodução com Audencia

__Leia também: [Mudar para atender os clientes](https://www.revistahsm.com.br/post/mudar-para-atender-os-clientes)__

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
No mundo corporativo, onde a transparência é imperativa, a Washingmania expõe a desconexão entre discurso e prática. Ser autêntico não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica para líderes que desejam prosperar e construir confiança real.

Marcelo Murilo

8 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo onde as empresas têm mais ferramentas do que nunca para inovar, por que parecem tão frágeis diante da mudança? A resposta pode estar na desconexão entre estratégia, gestão, cultura e inovação — um erro que custa bilhões e mina a capacidade crítica das organizações

Átila Persici

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A ascensão da DeepSeek desafia a supremacia dos modelos ocidentais de inteligência artificial, mas seu avanço não representa um triunfo da democratização tecnológica. Embora promova acessibilidade, a IA chinesa segue alinhada aos interesses estratégicos do governo de Pequim, ampliando o debate sobre viés e controle da informação. No cenário global, a disputa entre gigantes como OpenAI, Google e agora a DeepSeek não se trata de ética ou inclusão, mas sim de hegemonia tecnológica. Sem uma governança global eficaz, a IA continuará sendo um instrumento de poder nas mãos de poucos.

Carine Roos

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A revolução da Inteligência Artificial está remodelando o mercado de trabalho, impulsionando a necessidade de upskilling e reskilling como estratégias essenciais para a competitividade profissional. Empresas como a SAP já investem pesadamente na requalificação de talentos, enquanto pesquisas indicam que a maioria dos trabalhadores enxerga a IA como uma aliada, não uma ameaça.

Daniel Campos Neto

6 min de leitura
Marketing
Empresas que compreendem essa transformação colhem benefícios significativos, pois os consumidores valorizam tanto a experiência quanto os produtos e serviços oferecidos. A Inteligência Artificial (IA) e a automação desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo a resolução ágil de demandas repetitivas por meio de chatbots e assistentes virtuais, enquanto profissionais se concentram em interações mais complexas e empáticas.

Gustavo Nascimento

4 min de leitura
Empreendedorismo
Pela primeira vez, o LinkedIn ultrapassa o Google e já é o segundo principal canal das empresas brasileiras. E o seu negócio, está pronto para essa nova era da comunicação?

Bruna Lopes de Barros

5 min de leitura
ESG
O etarismo continua sendo um desafio silencioso no ambiente corporativo, afetando tanto profissionais experientes quanto jovens talentos. Mais do que uma questão de idade, essa barreira limita a inovação e prejudica a cultura organizacional. Pesquisas indicam que equipes intergeracionais são mais criativas e produtivas, tornando essencial que empresas invistam na diversidade etária como um ativo estratégico.

Cleide Cavalcante

4 min de leitura
Empreendedorismo
A automação e a inteligência artificial aumentam a eficiência e reduzem a sobrecarga, permitindo que advogados se concentrem em estratégias e no atendimento personalizado. No entanto, competências humanas como julgamento crítico, empatia e ética seguem insubstituíveis.

Cesar Orlando

5 min de leitura
ESG
Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Alain S. Levi

6 min de leitura
Carreira
O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

Viviane Ribeiro Gago

4 min de leitura