Diversidade, Liderança

Porque fiz um Outubro Negro

Em um Brasil racista, a consciência negra precisa estar todos os dias na pauta não somente no mês de novembro
Fundadora da #JustaCausa, do programa #lídercomneivia e dos movimentos #ondeestãoasmulheres e #aquiestãoasmulheres

Compartilhar:

Você já fez uma lista das suas amizades, colegas e professores da escola, da faculdade, de amores e afetos, da vizinhança? Quantas dessas pessoas, que fazem parte da sua vida, do seu ciclo de confiança, são pretas ou pardas?

Alguma vez na vida você achou que um homem preto era o motorista ao invés do pai ou que a mulher preta era a babá ao invés da mãe de uma criança?

Talvez você já tenha descrito uma pessoa preta como “morena” para não soar, na sua cabeça, como alguém racista.

Ou você tenha negado a negritude de alguém que faz parte do seu círculo social, inconscientemente, achando que essa era a coisa certa ou natural a fazer.

Se as únicas pessoas pretas e pardas ao seu redor são as empregadas domésticas, seguranças dos lugares que você frequenta ou trabalhadores sem escolaridade, o quanto você segue reproduzindo ou alimentando o modelo “Casa Grande e Senzala” ao seu redor?

Fazendo uma retrospectiva das pessoas pretas na minha vida, tive uma colega “morena” na infância e uma preta na adolescência. Apenas dois de todos os meus professores eram negros, ambos na faculdade. Até 2015, trabalhei com tão somente quatro pessoas negras em toda a minha carreira. Nas escolas das minhas filhas convivemos com nada mais que duas famílias pretas.

Como é possível não notarmos que 56% da nossa população continua à margem da sociedade, sem acesso às oportunidades de educação e trabalho que nós temos só porque fazemos parte da elite branca que colonizou, domina e ocupa as nossas posições de poder desde o início da história do Brasil?

Quando, em junho de 2020, eu comecei o #LíderComNeivia, meu programa semanal de conversas ao vivo com líderes do Brasil, meu objetivo era compartilhar as histórias de vida das pessoas que hoje estão na liderança das empresas e dos conselhos de administração do país, porque eu sempre acreditei que são as pessoas líderes das empresas que nos inspiram, nos mobilizam e nos engajam. E podem usar o lugar de poder que ocupam para transformar a realidade.

O #LíderComNeivia é o único programa que tem igualdade de gênero toda semana, com uma conversa na terça e outra na sexta, no LinkedIn, Youtube e Facebook. Todavia, das 89 pessoas, com as quais eu conversei no primeiro ano, tive pouco diversidade para além de homens e mulheres brancas heterossexuais e sem nenhuma deficiência aparente: apenas uma mulher com deficiência, duas mulheres negras, três homens negros, uma mulher lésbica e três homens gays.

Isso me levou a conversar, intencionalmente, nesse segundo ano do programa, com 10 líderes, cinco mulheres e cinco homens LGBTQIAP+, durante o mês de junho passado e, agora em outubro, com oito líderes – quatro mulheres e quatro homens pretas e pretos.

O #OutubroNegro do #LíderComNeivia está disponível no YouTube para você também fazer parte dessa jornada de conscientização, compaixão, aprendizado, ação e transformação.

Porque nós, brasileiros e brasileiras, somos racistas e temos que trazer a consciência negra para a pauta de todos os nossos dias, não somente no mês de novembro.

Só assim aprenderemos a ser antirracistas!

*Gostou do artigo da Neivia Justa? Confira conteúdos semelhantes [assinando nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.
12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura
Uncategorized, Inteligência Artificial

Coluna GEP

5 min de leitura
Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura