Customer experience

Para atender melhor o cliente, resolva os problemas antes de eles existirem

É até óbvio falar sobre a importância da satisfação do cliente para o seu negócio não ruir. Mas o que separa empresas bem-sucedidas das que atingem resultados medianos é a antecipação dos problemas e das necessidades da clientela
Pedro Augusto Balsemão é CEO da Atendo.

Compartilhar:

A importância da satisfação do cliente é algo tão óbvio que falar sobre seria um desperdício dos minutos de atenção que você está dedicando para a leitura deste artigo. Está posto: sem clientes satisfeitos, seu negócio tende a ruir. O bom atendimento, junto com todas as experiências envolvidas no uso do produto ou serviço, é o que definirá se os clientes voltarão a fechar negócio com sua empresa. A boa notícia aqui é que você não precisa escolher entre ter alta satisfação ou baixo custo com suporte. É possível ter os dois, desde que se tenha em mente que se antecipar aos problemas e necessidades da clientela é o que separa empresas bem-sucedidas das que atingem resultados medianos.

O grande “pulo do gato” para estar no topo da preferência das pessoas é analisar os motivos que as levam a entrar em contato com sua empresa e encontrar alternativas para que este contato seja evitado. Sim, evitado. Não estou falando aqui de não haver contato. Pelo contrário. Manter-se na mente do consumidor é essencial. Por isso, é necessário estar na estratégia da empresa a exploração de todos os pontos de contatos possíveis. Mas, sobretudo, faça com que os canais de comunicação sejam tão eficientes que o cliente consiga, rápida e intuitivamente, resolver tudo sozinho. E aí estamos falando principalmente dos canais digitais, que possibilitam atendimentos personalizados a partir do histórico de relacionamento com a marca.

Nessa linha, em 2011, o Gartner já previa que, até 2025, 85% das interações entre clientes e empresas seriam realizadas através de canais e soluções digitais. E 90% deles esperam estratégias omnicanal, conforme pesquisa recentemente realizada pela Opinion Box e a retail tech Bornlogic.

Mas, afinal, como deixar os clientes satisfeitos, atendê-los como gostariam e ainda reduzir custos? Podemos utilizar a analogia de um funil ou pirâmide invertida, no qual a maior parte dos problemas devem ser resolvidos (ou mitigados) nos canais digitais menos onerosos, e que somente uma parcela residual necessite a mediação humana.

## Melhorias de produto, usabilidade e comunicação
No coração da redução de custos com suporte está a melhoria contínua do produto, experiência de uso (UX) e comunicação. Aperfeiçoar a usabilidade e garantir mensagens claras reduzirá as dúvidas e os erros dos clientes. Esta, aliás, é uma das principais estratégias que o Nubank utiliza para obter um nível de satisfação tão elevado: “A gente desenha os produtos para o cliente se resolver sozinho. Se o cliente entrou em contato conosco, a gente errou”, afirma Cristina Junqueira, cofundadora do banco.

Aqui, a colaboração entre as equipes de s, customer success e produto é fundamental, pois as principais dúvidas e problemas encontrados ao longo do caminho precisam ser continuamente reportadas e avaliadas em busca de melhorias e alternativas.

## Um bom FAQ
Um conjunto abrangente de perguntas frequentes (FAQ) pode direcionar os clientes para soluções sem a necessidade de suporte. O formato de FAQ, quando bem utilizado e organizado, apresenta o conteúdo de forma clara e objetiva, trazendo questionamentos ou dúvidas que são frequentes, mas não a ponto de serem comunicadas nas mensagens-chave da comunicação do produto. Assim, o cliente consegue encontrar rapidamente a resposta para seus questionamentos e resolver seus problemas sozinho.

## Chatbots resolutivos
Os chatbots estão cada vez mais presentes em nossas vidas e possibilitam um atendimento mais rápido e acessível. Quando bem estruturados, eles podem conduzir o cliente na resolução de problemas, execução de tarefas (como segunda via de fatura, dados de pagamento ou consultas e operações simples) ou esclarecimento de dúvidas. Além disso, reduzem o número de toques e canais, pois possibilitam que o cliente seja direcionado para o setor ou equipe mais indicada para cada tipo de atendimento. Algumas implementações mais sofisticadas permitem ainda cruzar informações do cadastro do cliente e antecipar determinadas situações, como informar que há uma manutenção em andamento em sua região, ou que sua fatura está atrasada e já oferecer opções de pagamento ou renegociação. Tudo isso sem que ninguém de sua empresa precise intervir.

## Conteúdo educativo
Nem sempre o formato objetivo de perguntas e respostas ou fluxos de chatbot serão capazes de esclarecer todas as dúvidas de seus clientes. Para casos em que é necessário introduzir conceitos ou detalhar etapas para realizar determinados procedimentos é necessário adotar formas sofisticadas de conteúdo, como artigos, vídeos e posts nas redes sociais.

Esta é uma abordagem de longo prazo e que traz amplos benefícios, pois além de educar o seu cliente e ajudá-lo a compreender conceitos e funcionalidades em maior profundidade, lhe posiciona como autoridade no tema e fortalece a sua própria marca.

## Canais de atendimento
Mesmo quando os clientes chegam aos canais de atendimento, você pode otimizar a eficiência com respostas padronizadas, automações e inteligência artificial. O uso de canais assíncronos como e-mail e sistemas de chamados ou helpdesk permite que sua equipe consiga absorver uma quantidade maior de atendimentos simultâneos. No entanto, também é necessário levar em conta o tempo médio de atendimento e o grau de aderência do seu público a este tipo de canal, bem como a urgência e prioridade de cada situação.

Ao seguir essas estratégias, você não apenas reduzirá os custos de suporte, mas também aumentará a satisfação do cliente. Depois de ler esse artigo, mantenha em mente o paradoxo: o melhor suporte é aquele que raramente é necessário.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação

Living Intelligence: A nova espécie de colaborador

Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Liderar GenZ’s: As relações de trabalho estão mudando…

Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial deixou de ser uma promessa futurista para se tornar o cérebro operacional de organizações inteligentes. Mas, se os algoritmos assumem decisões, qual será o papel dos líderes no comando das empresas? Bem-vindos à era da gestão cognitiva.

Marcelo Murilo

12 min de leitura
ESG
Por que a capacidade de expressar o que sentimos e precisamos pode ser o diferencial mais subestimado das lideranças que realmente transformam.

Eduardo Freire

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A IA não é só para tech giants: um plano passo a passo para líderes transformarem colaboradores comuns em cientistas de dados — usando ChatGPT, SQL e 360 horas de aprendizado aplicado

Rodrigo Magnago

21 min de leitura