Estratégia e Execução

Para enfrentar transições

O especialista de Wharton Richard Shell encoraja os gestores a enfrentar suas mudanças profissionais repensando o sucesso e a felicidade

Compartilhar:

Como enfrentar os momentos de transição mais difíceis da vida profissional –da universidade para o primeiro emprego, de uma carreira para outra, do trabalho para a aposentadoria? O professor Richard Shell, da Wharton School, ministra um curso sobre isso, que agora ficou acessível também a quem não estuda na célebre escola de negócios da University of Pennsylvania. Em 2013, o curso virou livro: Springboard: Launching Your Personal Search for Success (ed. Penguin). Nesta entrevista, ele levanta questionamentos em relação à cultura da celebridade e diz que o conceito de “felicidade” de Thomas Jefferson influenciou o mundo ocidental, talvez erroneamente. 

**Por que tantos buscam fama e fortuna como sinônimo de sucesso?**

Gostemos ou não, a cultura em que nos inserimos cria muitas expectativas para nós. Como a cultura ocidental atual é baseada na mídia e no culto à celebridade, é muito comum ver as pessoas inconscientemente presumirem que, se não forem famosas ou ricas, não serão bem-sucedidas. Pior: mesmo quando tomam consciência disso, elas continuam a se sentir insatisfeitas se não são famosas ou ricas o suficiente. Parte do que faço é tentar colocar novos objetivos no lugar daqueles automáticos que nossa cultura estabelece. Procuro fazer com que as pessoas pensem sobre ganhar respeito em vez de fama –respeito de quem elas conhecem e daqueles que as conhecem, algo bem diferente do reconhecimento de indivíduos desconhecidos. Em relação ao dintheiro, busco enfatizar necessidades relacionadas com segurança financeira para você e sua família, em detrimento de uma tabela de pontos de status ligados a renda. 

**Na Declaração de Independência dos Estados Unidos, Thomas Jefferson escreveu que temos os inalienáveis direitos à vida, à liberdade e à felicidade. Felicidade é sucesso?**

Sabia que o texto original dizia “vida, liberdade e propriedade”, e Jefferson substituiu “propriedade” por “felicidade”? E que, como Jefferson era um filósofo estoico e seguia um regime muito estrito de vida, enxergava felicidade na jardinagem e na busca intelectual? 

**E isso influenciou o Ocidente…**

Sim! Minha pesquisa mostrou que, em geral, felicidade significa três coisas para as pessoas: uma emoção momentânea; uma avaliação positiva de esforços recompensados em algum tipo de realização; a satisfação que vem de uma dimensão quase espiritual –da apreciação da natureza, de um senso de conexão com o mundo ou com alguma divindade. Quando se fala de busca da felicidade, costuma-se falar de uma mistura dessas três coisas, o que inclui sucesso, portanto. 

**Seu livro cita um “anjo perspicaz” que resumiu “felicidade como ter saúde, uma ocupação que faça sentido e amor”. Está tudo aí?**

O “anjo perspicaz” era um senhor que apareceu em um seminário da Wharton sobre a relação entre renda e felicidade. Ele vestia roupas de operário, não pertencia àquele grupo social, mas sua afirmação foi muito profunda e inteligente. O que ele esqueceu de observar, talvez, é que muita gente associa isso a uma realização notável. Creio que é um erro. As pessoas podem sentir felicidade ao realizar algo que seja significativo para elas e as satisfaça, e que não seja necessariamente notável. 

**Qual é o maior obstáculo na busca do sucesso?**

O medo. Quando olho nos olhos de meus alunos de graduação que encaram o primeiro emprego, eles temem não ter feito a escolha certa. Digo para cada um: “Use esses primeiros anos de trabalho como um experimento para aprender mais sobre quem você é, do que gosta e que habilidades tem”. Mesmo nos gestores experientes eu vejo medo, em especial em fases de transição de vida. Enxergam um buraco negro no futuro.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.
12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura
Uncategorized, Inteligência Artificial

Coluna GEP

5 min de leitura
Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura