Carreira

Para mudanças inevitáveis, um norte claro

Nem sempre é fácil parar e refletir sobre o que queremos em nossa carreira, ainda mais em um contexto como o atual. Mas esse exercício é essencial para manter a motivação
Sandra Chemin é fundadora da FutureYou, que apoia empresas a desenvolver o novo DNA da liderança, navegar transformações e ter clareza de seu propósito. Trabalha com inovação há 25 anos e é apaixonada por criar futuros que valem a pena ser vividos.

Compartilhar:

Não desanime se você ainda não dedicou um tempo para refletir sobre sua carreira este ano. Quando falamos de futuro do trabalho, uma das únicas certezas é que vivemos um cenário de transformações inevitáveis. Movimentos como “great resignation” e “quiet quitting” estão aí para mostrar que não dá para trabalhar a qualquer custo.

Temos visto grandes demonstrações dessa realidade. Desde o começo do ano, acompanhamos casos de clientes seniores, em altos cargos, que decidiram pedir demissão, mesmo sem outro contrato em vista. Ou clientes que escolhem dar uma pausa no aperfeiçoamento profissional para focar outras áreas da vida, porque descobriram que viver não é só trabalhar.

Para se sentir estimulado, é preciso realizar esse tipo de mergulho de maneira constante. Mas como planejar vida e carreira neste mundo tão instável? Aplicando metodologias de inovação. Da mesma forma que empresas criam produtos e serviços colocando o cliente no centro, para produzir a partir das suas necessidades, devemos nos colocar no centro do processo.

A primeira dica é coletar dados sobre si: o que me engaja? O que eu faço sem perceber o tempo passar? O que drena a minha energia? Que ambientes me motivam? Nossa experiência mostra que felicidade é coerência. Se existe coerência entre quem eu sou, no que acredito e o que eu faço, sou feliz.

Hoje, a carreira não é linear. Quais atividades e projetos poderiam compor seu portfólio? O profissional está mais preparado para viver os momentos de mudança quando se apropria de suas experiências múltiplas, encontrando a combinação que traz estabilidade financeira, significado e aprendizagem.

O Work Trend Index 2022, da Microsoft, mostrou que 40% dos brasileiros acham que, para se desenvolver melhor, precisarão trocar de emprego. No cenário de crise atual, pode até ser que eles optem por seguir onde estão. Mas quem quer na sua equipe alguém que não vê sentido em estar ali?

Proponho então que você inclua algumas atitudes na sua lista de tarefas deste ano – e dos próximos:

– __Não delegar seu desenvolvimento.__ Dedique tempo para descobrir o que move você. Esse é seu norte.
– __Entender o propósito da sua organização.__ Estimule sua equipe a fazer essas reflexões.
– __Ter flexibilidade ao traçar as rotas.__ Seja consciente de que o essencial é dar pequenos passos e experimentar novos caminhos.
– __Lembrar que não existe erro em inovação.__ Tudo é aprendizado e refinamento.

Que este ano, e nos próximos, as lideranças invistam em suas equipes, sabendo que investir não envolve só dinheiro. Invista tempo e presença, abra espaço para conversas sobre vida e carreira com seus colaboradores. Tenha coragem de escutar suas experiências, angústias e aspirações e crie o ambiente ideal. Assim, para se desenvolverem, eles não precisarão pedir demissão.

Artigo publicado na HSM Management nº 156.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Tecnologias exponenciais
A IA não é só para tech giants: um plano passo a passo para líderes transformarem colaboradores comuns em cientistas de dados — usando ChatGPT, SQL e 360 horas de aprendizado aplicado

Rodrigo Magnago

21 min de leitura
ESG
No lugar de fechar as portas para os jovens, cerque-os de mentores e, por que não, ofereça um exemplar do clássico americano para cada um – eles sentirão que não fazem apenas parte de um grupo estereotipado, mas que são apenas jovens

Daniela Diniz

05 min de leitura
Empreendedorismo
O Brasil já tem 408 startups de impacto – 79% focadas em soluções ambientais. Mas o verdadeiro potencial está na combinação entre propósito e tecnologia: ferramentas digitais não só ampliam o alcance dessas iniciativas, como criam um ecossistema de inovação sustentável e escalável

Bruno Padredi

7 min de leitura
Finanças
Enquanto mulheres recebem migalhas do venture capital, fundos como Moon Capital e redes como Sororitê mostram o caminho: investir em empreendedoras não é ‘caridade’ — é fechar a torneira do vazamento de talentos e ideias que movem a economia

Ana Fontes

5 min de leitura
Empreendedorismo
Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Ivan Cruz

7 min de leitura
ESG
Resgatar nossas bases pode ser a resposta para enfrentar esta epidemia

Lilian Cruz

5 min de leitura
Liderança
Como a promessa de autonomia virou um sistema de controle digital – e o que podemos fazer para resgatar a confiança no ambiente híbrido.

Átila Persici

0 min de leitura
Liderança
Rússia vs. Ucrânia, empresas globais fracassando, conflitos pessoais: o que têm em comum? Narrativas não questionadas. A chave para paz e negócios está em ressignificar as histórias que guiam nações, organizações e pessoas

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Empreendedorismo
Macro ou micro reducionismo? O verdadeiro desafio das organizações está em equilibrar análise sistêmica e ação concreta – nem tudo se explica só pela cultura da empresa ou por comportamentos individuais

Manoel Pimentel

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Aprender algo novo, como tocar bateria, revela insights poderosos sobre feedback, confiança e a importância de se manter na zona de aprendizagem

Isabela Corrêa

0 min de leitura