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Para que Joãozinho vire board member ou CEO um dia

Guilherme Soárez

Guilherme Soárez, CEO da HSM...

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As aulas das minhas meninas estão só começando, mas pense neste enredo: Joãozinho tem 9 anos e acaba de entregar aos pais suas notas da escola. Há no boletim uma nota 10, seis notas 9, duas notas 7 e uma nota 5. Adivinhe sobre o que vão conversar? Se forem como a maioria dos pais que conhecemos, sobre a nota 5 – e não adianta argumentar que Joãozinho foi o único a receber um 10 em sua turma. Esse olhar que prioriza o déficit é fruto de um modelo mental que tende a acompanhar João por toda a vida. Estará não só no colégio, mas na universidade, no estágio, nas sessões de avaliação 360 graus da empresa e nos clientes. 

O leitor identificou-se com João?

Possivelmente. O paradigma do negativo está por toda parte. Segundo uma análise recente, dos 44 mil artigos publicados sobre psicologia nos Estados Unidos, 98,8% trataram de disfunções e problemas. Muitos volumes são publicados sobre depressão, raiva e angústia, e poucas linhas restam para criatividade, alegria e superação. Na mídia, é quase desnecessário comentar a proporção entre notícias negativas e positivas – alguns estudos sugerem que seja de 10 para 1. 

Por conta desse paradigma, é muito provável que passemos nossas vidas carregando o peso de nossos erros e fraquezas, sem valorizar o suficiente nossas virtudes e fortalezas, como afirma David Cooperrider, autor do conceito de “investigação apreciativa”. Essa é a outra IA importante para os gestores, como avisamos na capa desta edição. Discípula de Cooperrider, a professora e consultora Vânia Bueno Cury repassa a abordagem conosco em um momento mais do que oportuno, sugerindo que deixe de ser aplicada apenas para intervenções pontuais e torne-se um modelo de cultura. Talvez o Brasil precise dessa IA tanto quanto da tecnológica. 

Agora, vou recorrer aos verbos “investigar” e “apreciar” também para falar da mudança que esta revista vive. “Investigar” remete a “estar aberto a enxergar novos potenciais e possibilidades”, enquanto “apreciar” significa “reconhecer o melhor nas pessoas e no mundo ao nosso redor”. São exatamente esses dois os movimentos que HSM está fazendo ao eleger um novo parceiro para seu negócio de publishing, a Qura Editora. Sei que, com nossa transição operacional, esta edição acabou circulando no segundo mês de seu bimestre, e peço desculpas pelo transtorno causado aos leitores. Mas igualmente peço seu voto de confiança para as inovações que a Qura vai oferecer ao longo de 2019, adotando um mindset mais digital e ágil. Como se disse uma vez na coluna HSM, “em casa de ferreiro, o espeto precisa ser de aço inox” e cabe à HSM inovar muito, e fazê-lo colaborativamente. Que a Qura tenha um enorme sucesso e que nossa aliança seja longa e próspera!

A edição 132 ainda não reflete as mudanças por vir, mas multiplica perspectivas do jeito que a gente gosta, a começar pelo Dossiê, que é uma provocação a nossos leitores. Aumenta o número de empresas que montam algum sistema de governança. Diversifica-se o perfil dos profissionais que se tornam conselheiros. Por que não incluir a posição de “board member” entre suas opções de carreira? Como cada vez mais gestores têm feito isso, mapeamos o caminho – e até Uri Levine, fundador do Waze, nos ajuda no mapeamento. De quebra, mapeamos também o caminho para o cargo de CEO, numa entrevista ótima com o especialista David Beatty, da canadense Rotman School. Joãozinho pode virar “board member” ou CEO, não?!

Outras boas perspectivas você encontrará nos textos de Bruce Sinclair, sobre a visão business da internet das coisas, e de Wilma Bolsoni, do modelo de gestão holográfico. Sugestão: investigue e aprecie tudo sem moderação!

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