Gestão de Pessoas

People analytics abre espaço para gestão humanizada do RH

Mapear o capital humano com tecnologia ajuda a construir uma gestão mais eficiente, inclusiva e empática
Leonardo Pujol e Paulo César Teixeira são colaboradores de HSM Management.

Compartilhar:

Considerado o pai da administração moderna, o economista Peter Drucker (1909-2005) costumava dizer: “O que pode ser medido, pode ser melhorado”. Com o avanço da tecnologia, o poder de mensurar explodiu. Hoje, várias organizações já recorrem ao analytics para inovar, tomar melhores decisões e impulsionar receitas.

A inteligência de __dados__, aplicada em todos os elos da corporação tornou-se ferramenta essencial da gestão de um negócio de modo geral, e pode definir o sucesso ou fracasso de uma operação. No universo da gestão de pessoas, essa ciência de dados é conhecida como people analytics.

Uma constelação de ferramentas colhe, mensura e cruza informações para analisar o comportamento dos funcionários no people analytics. De maneira geral, essa análise oferece aos líderes insights que subsidiam decisões mais inteligentes nas organizações.

Ao sinalizar tendências, gargalos e oportunidades, o people analytics pode orientar a qualificação continuada e ações para estimular o engajamento das equipes. Assim, ele cria mais um vetor de competitividade e produtividade, contribuindo para o desempenho positivo das empresas.

O consultor David Green, autor de [*Excellence in People Analytics: How to Use Workforce Data to Create Business Value*](https://www.amazon.com.br/Excellence-People-Analytics-Workforce-Business/dp/0749498293/ref=asc_df_0749498293/?tag=googleshopp00-20&linkCode=df0&hvadid=379693121961&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=17047903198798673407&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvlocphy=1001650&hvtargid=pla-919017203248&psc=1), livro lançado em 2021 (ainda sem tradução no Brasil), faz sua consideração sobre a ferramenta. “O people analytics é vital para ajudar o RH a agregar mais valor ao negócio, mais valor à força de trabalho e mais valor à sociedade em geral”, resume.

As organizações parecem perceber essas vantagens. Um estudo do LinkedIn com mais de 7 mil profissionais de RH entrevistados em 35 países revela que, para 73% deles, ferramentas de people analytics estavam entre as prioridades de suas empresas até 2025.

## Aprimorando a experiência do colaborador
Para os profissionais de RH, tornar as pessoas mais eficientes, felizes e criativas no ambiente do trabalho (seja presencial ou remotamente) é um enorme desafio. Mas quando o people analytics entra em cena – ou seja, quando a empresa usa dados e informações para mapear o quadro de pessoal para compreender o comportamento dos funcionários –, tudo fica mais fácil. Isso inclui identificar, com clareza e objetividade, os obstáculos que ainda precisam ser superados para melhorar a [experiência do colaborador](https://www.revistahsm.com.br/dossie/experiencia-do-colaborador).

Como isso acontece? A análise do capital humano com tecnologia fornece estatísticas e outras informações que ajudam a desenvolver uma gestão mais assertiva, com informações confiáveis para uma boa política de retenção de talentos, além de propiciar uma cultura organizacional mais inclusiva. Desse modo, é possível planejar novas ações de treinamento e capacitação, bem como monitorar o ambiente de trabalho para garantir que seja humanizado e equânime, entre outros aspectos.

Para muitas organizações, a questão é saber por onde começar. É importante avaliar o grau de maturidade da empresa e evoluir passo a passo em direção a uma cultura data-driven. Nessa hora, simplificar pode ser o melhor caminho. Começando pela informação que já está à disposição – uma pesquisa de clima organizacional, um relatório anual de investimentos em treinamento ou até mesmo os dados que estão embutidos na folha de pagamento.

Se olharmos de perto, quase toda empresa já conta com uma gama de informações para dar o pontapé inicial no analytics. Vai ganhando maturidade analítica à medida que transforma esses esforços desconexos em análises consistentes, adotando boas práticas do mercado e novas tecnologias. E o ápice do amadurecimento na área acontece quando ela alcança uma gestão de pessoas mais eficiente, cria experiências humanizadas e desenvolve uma força de trabalho mais produtiva com a contribuição do trabalho analítico.

## Não contaminemos o algoritmo
Conforme o estudo do LinkedIn, as soluções de people analytics que devem ganhar capilaridade até 2025 incluem: (1) as que mensuram a força de trabalho, (2) as que identificam gaps para melhorar o desenvolvimento de determinadas habilidades e (3) aumentam a [diversidade nas contratações](https://www.revistahsm.com.br/post/as-empresas-estao-passando-a-fase-2-do-movimento-de-diversidade). Mas é preciso tomar cuidado na hora de coletar e processar as informações.

Embora possa não parecer, os dados não são neutros. Dito de outra maneira, o algoritmo também está sujeito a condicionamento, pois são construídos a partir de dados históricos e culturais das organizações. Avaliações de desempenho, por exemplo, podem estar contaminadas por preconceito ou discriminação contra um grupo específico.

Você deve lembrar o caso da Amazon. Em 2018, a big tech descobriu que uma ferramenta de triagem de currículos contava com um algoritmo sexista. Automaticamente diminuía as chances das mulheres postulantes às vagas. A explicação? Havia sido criado a partir do padrão de currículos enviados à empresa durante os dez anos anteriores, quando a maior parte dos candidatos era do gênero masculino, como na maioria das indústrias de tecnologia. Depois de identificar o problema, a Amazon se desculpou e o corrigiu.

A discriminação algorítmica de gênero também acometeu o LinkedIn. Usada em todo o mundo por quem procura emprego e por gestores de RH, essa plataforma apresentava um bug no momento de registrar os dados: o preenchimento automático sugeria a substituição de nomes femininos por masculinos. De novo, força do hábito para um sistema condicionado a um mundo dominado pelos homens.

Tanto o caso da Amazon como o do LinkedIn demonstram que o processo analítico também está sujeito a um viés – grave, ainda que não intencional – de discriminação de determinados grupos. Assim, a escolha da solução de people analytics e a revisão regular das ferramentas são essenciais para que a ciência de dados vá além da eficiência.

Em última instância, a análise de pessoas, especialmente baseada em IA, é uma ferramenta incrivelmente poderosa que se tornou indispensável no RH moderno. No entanto, lembre-se que a tecnologia veio para auxiliar, não para substituir, o julgamento humano. Não se faz gestão humanizada unicamente com tecnologia.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
26 de novembro de 2025
Parar para refletir e agir são forças complementares, não conflitantes

Jose Augusto Moura - CEO da brsa

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
25 de novembro de 2025

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom Tecnologia

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança