Uncategorized

Planos de incentivos de longo prazo: entenda como os ILPs fazem a diferença para gestores

Os ILPs abrem portas para que assalariados possam, enfim, fazer parte do seleto e disputado clube dos milionários.
Sócio fundador da SG Comp Partners

Compartilhar:

Reza o velho e bom manual da remuneração: o salário fixo pago ao colaborador existe para que ele possa viver, enquanto o bônus anual, para que ele possa viver bem. 

Já a chamada remuneração de longo prazo de altos executivos tem uma função maior: deve estimular a geração de riqueza conjuntamente para acionistas e executivos. 

Mais: deve entrelaçar os destinos desses gestores aos dos acionistas, confundindo seus objetivos de longo prazo. Ou seja, garantir que quanto melhor for o futuro da empresa, mais ricos todos saiam.

Aí entram os planos de incentivos de longo prazo (ILPs), que você verá a seguir. 

O início dos planos de incentivos de longo prazo
————————————————

A verdade é que os planos de incentivos de longo prazo (ILPs) concedidos a presidentes e diretores de empresas são relativamente recentes, com maior adesão entre grandes organizações a partir das décadas de 80 e 90. 

A prática embute uma promessa sedutora: uma vez engajados na perseguição de bons resultados, ela abre uma porta para que assalariados possam, enfim, fazer parte do seleto e disputado clube dos milionários. 

Roberto Goizueta, ex-CEO da Coca Cola, é um exemplo icônico nesse sentido. O executivo foi um dos primeiros CEOs a se tornar um bilionário nos Estados Unidos, chegando a deter mais 16 milhões de ações da companhia ao final de sua vida, em 1997.

Startups do Vale do Silício têm apostado alto em planos de incentivos de longo prazo há bastante tempo, pois este instrumento permite a elas engajar talentos técnicos e altos executivos, ainda que seus salários fixos não sejam diferenciados, em mercados extremamente competitivos. 

Em troca do engajamento da equipe, oferecem a seus colaboradores uma expressiva participação no seu capital – até 20% ou mais – em poucos anos.

Como encontrar o equilíbrio nos planos de incentivos de longo prazo?
——————————————————————–

Mas nem tudo são flores nesta seara. No início do milênio, a confiança existente entre altos executivos e acionistas foi duramente abalada. 

Os escândalos da Enron (2001) e Worldcom (2002) forçaram empresas ao redor do mundo a se perguntarem: como dosar o incentivo aos gestores sem, com isso, detonar um incontrolável apetite ao risco, capaz de ameaçar a solidez do patrimônio da companhia, no curto ou no longo prazo? 

No Brasil, uma pesquisa recém saída do forno, realizada pela SG Comp Partners junto a 36 grandes empresas no País, cujos resultados foram tabulados e apresentados em novembro do ano passado, revelou que as organizações que querem premiar e reter os seus gestores ao longo dos anos estão, cada vez mais, adotando o chamado full value award, pago por meios de “ações restritas” ou por “phantom shares”.

Essa modalidade de incentivo – que dá ao executivo o direito sobre o valor integral da ação mais a valorização após três ou mais anos trabalhando na empresa – já responde por 50% dos planos de incentivos de longo prazo.

O quadro é novo, pois até o início dos anos 2000 (antes, portanto, dos escândalos das corporações Enron e WorldCom) predominavam por aqui os planos baseados em stock options, ou opções de compra de ações.

Esta é uma categoria de incentivos que paga apenas a variação do preço da ação no mercado ao longo de um período determinado.

Já os planos de opções (stock options e phantom options) são preferidos por aproximadamente um terço das empresas (31%) da amostra da pesquisa. 

Esses planos concedem ao executivo o direito de adquirir ações no futuro a uma condição de preço pré-fixada. Ou, no caso das phantom options, de receber o valor equivalente à valorização dessas ações. Esta opção de aquisição das ações só pode ser feita após o cumprimento do período de carência do plano – em geral, de três a cinco anos. 

A modalidade, no entanto, tende a incentivar tomadas de risco maiores por parte dos executivos e vem sendo adotada com maior parcimônia pelos conselhos de administração.

Independentemente do formato adotado, o fato é que quem investe no seu time de gestores para incentivá-los e valorizá-los colhe bons frutos. 

A Universidade de Washington, nos Estados Unidos, por exemplo, aferiu em estudo que, naquele país, a cada dólar gasto em programas de opções, a empresa lucra 2,85 dólares nos cinco anos seguintes. 

A questão já não é mais se uma empresa deve ou não adotar um plano de incentivos de longo prazo para seus gestores, e sim qual é o melhor plano para ela. Uma resposta simples de se dar, quando se tem claro quais são os objetivos a serem alcançados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura