Esta edição, parte da série comemorativa dos 25 anos de __HSM Management__, estampa na capa o tempo. O olhar sobre as ondas do tempo. A relação entre a gestão de empresas e o espírito deste momento. Fico muito feliz em ver o “zeitgeist” em nosso Dossiê, uma vez que ele pode ser o caminho mais curto e eficiente para a customer centricity – e uma vez que os empresários e executivos brasileiros podem se beneficiar muito desse conhecimento, pois sofrem para separar zeitgeist e modismo.
Carla Tieppo, faculty de neurociências da [SingularityUBrasil](https://www.singularityubrazil.com/), explica bem o segundo ponto no artigo [“Tendências e modismos: o que isso tem a ver
com seu cérebro?”] [link]. O zeitgeist deriva do que um dia foi uma tendência – nossa capacidade cerebral de analisar tendências é o que nos ajuda a lidar com as incertezas da vida. Mas quando, querendo ganhar dinheiro fácil, pessoas e empresas se apropriam de tendências ainda não estabelecidas e as produtificam prematura e superficialmente, elas as convertem em modismos. E, assim, as queimam antes que possam virar zeitgeist. Ao menos, foi como interpretei. Tanto que minhas palavras para definir esse conceito seriam: “zeitgeist é o conjunto de tendências que escapou dos modismos e se instalou na sociedade”.
Esse tema realmente mexe comigo. Talvez porque, no fundo, o que a gente faz na HSM é mapear o zeitgeist e ajudar os gestores a traduzi-lo em ações práticas para organizações e carreiras. Ou porque a pandemia nos levou a refletir mais sobre nosso tempo. Seja como for, vou me permitir explorar um pouco o zeitgeist neste espaço, já que o Reynaldo Gama me cedeu a caneta – temporariamente risos. A [Paula Englert, da Box 1824](https://www.revistahsm.com.br/post/zeitgeist-o-que-voce-e-seu-negocio-tem-a-ver-com-isso), diz à nossa repórter Sandra Regina da Silva que a busca por afeto e autonomia vem definindo o zeitgeist dos últimos dez anos, e também cita a busca por propósito e impacto (ESG, numa liberdade poética).
Enquanto escrevo, lembro que estou em Poços de Caldas (MG), cidade em que nasci e que deixei ainda bebê – e para onde meus pais voltaram, 35 anos depois. Vim numa viagem afetiva – vejo as montanhas mineiras pela janela e sinto o cheiro do pão de queijo que minha mãe acabou de tirar do forno – e exercendo minha autonomia de trabalho remoto. Noto também que minha carreira tem estado alinhada ao espírito do tempo. Por coincidência ou não, a trajetória não linear que trilhei faz todo o sentido hoje. Por um longo período me dediquei à cooperação e à negociação internacional. Cheguei a fazer um curso sobre mulheres em tempos de guerra e de paz, um conhecimento que volta a ser contemporâneo quando o mundo fala de guerra e de ESG. Tudo isso tem a ver com propósito e impacto – o que continua na HSM, onde queremos mudar o Brasil pela educação.
Afeto, autonomia e propósito também me fazem recomendar algumas marcas desta edição. Uma é o fato de ela ser inteira feita por mulheres – como fontes para todos os temas da gestão. A segunda é ver um [case de inovação da Algar Telecom] [link “Inovando na economia compartilhada: o case Algar Telecom”], empresa da minha terra, conduzido pela Ana Flávia Martins. E outra é a pesquisa [“Melhores para o Brasil 2022”](https://www.revistahsm.com.br/post/as-melhores-para-o-brasil-em-2022), da Humanizadas, em que vários stakeholders são os avaliadores.
Acho que minha sintonia com o zeitgeist também explica o fato de eu ainda ser quem fui. Pensava que sustentabilidade era página virada de minha história, trocada por conteúdo e marketing, mas, quando me convidaram para dar um curso de ESG, de repente eu tinha gravado 18 aulas sem intervalo e com a maior naturalidade. É afeto isso, não é? Guardava tudo em mim. Então, leia esta revista de e com propósito!