Liderança

Por que acreditar na juventude?

Engajados e críticos, jovens podem ser o combustível para a mudança nas empresas. Vamos dar oportunidades a eles?
Content manager na Eureca, onde procura enaltecer a importância da humanização do trabalho, dos jovens talentos e da diversidade nas empresas.

Compartilhar:

O Dia Internacional da Juventude foi celebrado em 12 de agosto. A data foi instituída em 1999 pela Organização das Nações Unidas (ONU), como resultado da Conferência Mundial dos Ministros Responsáveis pelos Jovens, em Lisboa, Portugal.

O principal objetivo da data é promover o papel dos jovens como parte essencial nos processos de mudança e encontrar um espaço que gere consciência sobre os desafios e problemas que eles enfrentam.

Atualmente, por meio do Programa Mundial de Ação para a Juventude, a ONU incentiva ações políticas e diretrizes que ajudam a apoiar a melhoria da qualidade de vida dos jovens de todo o mundo. A data é uma espécie de pretexto político-pedagógico que ajuda a mobilizar mais pessoas para se sensibilizarem sobre o tema.

Agora que você entendeu a importância do Dia Internacional da Juventude, em homenagem a esse dia, eu levanto o seguinte questionamento: o que a sua empresa está fazendo em prol dos jovens?

## O bônus demográfico

O Brasil está passando por um momento único: estamos no auge do nosso bônus demográfico. O que significa isso? Nunca foi tão baixa a **razão de dependência** no país, que é a relação entre os chamados dependentes (crianças, adolescentes e idosos) e aqueles em idade para trabalhar. Pelo que apontam os estudos, temos até 2035 para aproveitar este cenário positivo.

Ou seja, [temos 15 anos](https://exame.com/economia/por-que-o-brasil-tem-so-15-anos-para-ficar-rico/) para investir em nossa próxima geração de trabalhadores – são **51,3 milhões de jovens, entre 15 e 29 anos**. Após este período, o bônus demográfico não estará mais do nosso lado.

Mas, o que estamos encontrando por aí? Desde o crescimento zero do PIB em 2014 vivemos uma crise que parece não ter fim. A taxa de desemprego no Brasil está acima dos 13%, mas só considera aqueles que estão efetivamente em busca de uma vaga. À medida que o isolamento social se enfraquece, esse número tende a aumentar. Estimativas apontam um [desemprego de **20% ao final de 2020**](https://exame.com/revista-exame/com-alto-desemprego-brasil-desperdica-bonus-demografico/).

Como ficam os jovens nessa conta? De acordo com [pesquisa do Conselho Nacional da Juventude](https://www.juventudeseapandemia.com/), o CONJUVE, apenas 73% dos jovens que trabalhavam antes da pandemia continuam trabalhando. Desses, 16% tiveram a carga horária reduzida. A proporção é ainda menor entre os jovens pretos: apenas 69% continuam trabalhando.

Bem no momento em que deveríamos estar aproveitando a nossa força jovem, o cenário não é otimista, e a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus piora ainda mais a situação.

Os jovens também estão sentindo os mesmos receios. Ainda segundo a CONJUVE, **34% dos jovens estão pessimistas** em relação ao futuro após a pandemia, 27% estão otimistas e 37% estão neutros.

Mas ainda dá tempo! Para o país tentar tirar o melhor dos 15 anos que restam do bônus demográfico, é preciso investir em ações para aumentar a oferta de emprego e universalizar a educação de qualidade. Os jovens são os nossos maiores ativos para correr atrás do tempo perdido!

## Por que acreditar na juventude?

Os jovens podem ser uma força muito positiva para o desenvolvimento global quando recebem educação de qualidade e oportunidades para prosperar. Hoje existem 1,2 bilhão de jovens de 15 a 24 anos, o que representa **16% da população mundial**.

O tema do Dia Internacional da Juventude de 2020, **“Engajamento dos Jovens pela Ação Global”**, destaca o envolvimento dos jovens nos níveis local, nacional e global e levanta a discussão sobre como essa representação da juventude pode ser significativamente aprimorada.

Os desafios que a humanidade enfrenta atualmente, como a pandemia do novo coronavírus e as mudanças climáticas, exigem uma ação global com envolvimento ativo da juventude.

– Uma série de iniciativas voluntárias estão sendo desenvolvidas pelos jovens para apoiar as populações em risco ou afetadas pela pandemia, como a oferta de ajuda para comprar e entregar alimentos para idosos ou pessoas que fazem parte dos grupos de risco;

– Centros de inovação tecnológica voltados para jovens estão apoiando startups para desenvolverem soluções eficazes para lidar com o Covid-19;

– Por meio da disseminação de informações confiáveis sobre o novo coronavírus no meio virtual, os jovens estão combatendo efetivamente a desinformação online.

O próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, em [mensagem especial para o Dia Internacional da Juventude](https://youtu.be/85P9YGRuw-4), elogiou a resiliência, a desenvoltura e o engajamento das gerações mais jovens:

*“Estes são os jovens que se levantaram para exigir ação climática. Que se mobilizaram por justiça racial e igualdade de gênero e são os campeões de um mundo mais sustentável. *

*Eles são construtores da paz, promovendo a coesão social em um momento de distanciamento social, promovendo o fim da violência globalmente e defendendo a harmonia em um momento de crescente ódio. Muitos são os jovens que estiveram que estiveram na linha de frente da mobilização por justiça e ação climática, enquanto também serviam na linha de frente da resposta ao Covid-19.*

*Realizar a promessa desta geração significa investir muito mais na inclusão, participação, organizações e iniciativas dos jovens.*

*Peço aos líderes e adultos de todos os lugares do mundo que façam todo o possível para permitir que os jovens do mundo desfrutem de vidas com segurança, dignidade e oportunidade, e contribuam ao máximo para alcançar todo o seu grande potencial.”*

Sim, a juventude é a nossa maior esperança de futuro! Precisamos garantir que ela continue tendo oportunidades. Precisamos garantir a qualificação dos jovens e estimular o engajamento que eles já demonstram diante das mais diversas causas. Precisamos aproveitar esse combustível em busca de um mundo mais justo, mais diverso e mais inclusivo. Principalmente no Brasil, precisamos lutar para nos beneficiar desse bônus demográfico.

Fica aqui a reflexão: será que estamos caminhando para esse objetivo? Será que realmente valorizamos a força jovem que tanto acredita em um futuro melhor?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação

Living Intelligence: A nova espécie de colaborador

Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Liderar GenZ’s: As relações de trabalho estão mudando…

Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura