Quase 56% da população brasileira é composta de pretos e pardos, mas menos de 20% de startups nacionais foram fundadas por pessoas pretas ou pardas. De acordo com o Guia de Promoção de Diversidade em Startups, publicado pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups), o percentual de pessoas fundadoras negras no Brasil é de 17,8%, num universo de 4.500 empresas pesquisadas.
O baixo número pode ser explicado pela urgência financeira. Segundo o livro *[Comece sua Startup Enxuta](https://www.amazon.com.br/Comece-Sua-Startup-Enxuta-Maurya/dp/8547228462/ref=asc_df_8547228462/?tag=googleshopp00-20&linkCode=df0&hvadid=379708192683&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=13601208552436511218&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvlocphy=1001650&hvtargid=pla-811770768698&psc=1)*, obra fundamental para compreender o setor, a grande maioria das startups não vai adiante e ainda gera um grande prejuízo financeiro à pessoa fundadora.
Se considerarmos que mais de 90% dos moradores das áreas periféricas no Brasil são negros, de que forma essas pessoas poderiam se recuperar financeiramente caso suas startups naufragassem? A perspectiva da tentativa e erro não é inclusiva para pessoas com pouca ou nenhuma reserva financeira. Além disso, ainda há uma desconfiança do mercado em fornecer crédito e investimentos para pessoas negras.
Não faltam negros criando boas startups. É o caso de Carlos Humberto, do Diáspora Black, Jaciana Melquíades, da Era Uma Vez Mundo, Tarso Oliveira, da Troca, Talita Peixoto, do Clubinho Preto, e tantos outros. Essa população, contudo, ainda é pouco notada pelos grandes investidores.
Já existem muitos profissionais negros prontos para receber investimento, mas ainda não acessam as grandes rodadas. Não vemos muitos programas de apoio financeiro ou de mentoria para startups lideradas por pessoas negras em estágio inicial ou em tração.
Essa lacuna limita o desenvolvimento dos protótipos, o alcance do marketing e a contratação de funcionários, caracterizando o contumaz efeito dominó. Empreendedores usam seus próprios recursos, que em geral são escassos, diminuindo o ritmo da construção das empresas.
A forma efetiva de apoiar é abrir editais exclusivos para esses empreendedores, criar fundos para investimento em negócios comandados por empreendedores negros, desenvolver programas de mentorias focados neles comunicar esses projetos de forma a atingir o público-alvo.
Outro desafio dos pretos e pardos nesse cenário é bater na porta das empresas pelas quais seriam barrados implicitamente pela cor de sua pele. É necessário que essas organizações se sensibilizem cada vez mais pela causa e tomem atitudes, como propiciar que o ecossistema gere oportunidade para essas ideias de negócio. Além dos padrões hegemônicos de atuação, repetem-se os padrões de desigualdade. E é contra isso que se precisa atuar. Será que o investimento recebido por startups lideradas por pessoas negras é o mesmo que o das empresas lideradas por brancos?
Antecipadamente, os empreendedores negros precisariam ter acesso gratuito a conteúdos sobre gestão de negócios e tecnologia, mentorias e acompanhamento com especialistas para estar alinhados ao posicionamento de marca, cultura de inovação e impacto social como ferramentas de atuação junto à determinação e criatividade.
A jornada é longa, mas a saída é acreditar na mudança!