Empreendedorismo
4 min de leitura

Por que o Brasil tem tudo para ser referência em benefícios para pets no ambiente corporativo? 

CEO da Guapeco

Compartilhar:

Pets

A população de animais de estimação superou em muito a população de crianças – os pets já somam mais de 160 milhões de indivíduos, segundo dados da ABINPET; enquanto o Censo Demográfico 2022 revelou que a população de crianças entre 0 e 14 anos no Brasil é formada por 40 milhões de pessoas. Esses dados revelam mudanças comportamentais e culturais da sociedade e estão gerando impactos no mercado, na legislação brasileira e no ambiente de trabalho.

Primeiro é preciso entender as mudanças culturais e comportamentais que levaram a população de animais nos lares a crescer ao nível de movimentar mais de 285 mil empresas no país e bater mais de R$ 76 bilhões de faturamento em 2024. Na pandemia, o número de pets aumentou 30%, e esse crescimento pode ser explicado por fatores ligados à saúde mental e psicológica. O isolamento social favoreceu a criação e fortalecimento dos vínculos com os animais que, em muitos casos, eram a única companhia possível na situação de risco sanitário enfrentada durante os anos de 2020 a 2022. O cuidado e afeto dos tutores transformou a relação, trazendo o cachorro, por exemplo, para o status de membro da família, tendo suas necessidades priorizadas e incluídas no orçamento familiar.

Olhando a situação por outra perspectiva, também comportamental, a população em idade produtiva cada vez menos está tendo filhos. A taxa de fecundidade no Brasil tem apresentado uma tendência de queda nas últimas décadas. Dados do IBGE mostram que, entre 2000 e 2023, essa taxa diminuiu de 2,32 para 1,57 filhos por mulher – uma proporção menor que a de pets por residência, que está em 1,6.

A recente aprovação do projeto de lei 5636/23 pela Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados vem para atualizar a CLT, reconhecendo as mudanças sociais impulsionadas pela convivência com os animais de estimação. Essa PL, que trata sobre a inclusão de planos de saúde para animais domésticos como benefício corporativo, reforça a responsabilidade social das empresas e contribui para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. A expectativa do mercado de saúde animal e benefícios corporativos pela sanção da nova lei é alta, visto que essa mudança pode impactar significativamente a relação entre empresas e colaboradores. Nos Estados Unidos, que ocupa a primeira posição no ranking de população animal, há mais de 20 anos, algumas empresas já oferecem plano de saúde pet como benefício. No Brasil, que é o terceiro em número de pets no mundo, esse movimento começou a ganhar força apenas em 2020. A oferta de benefícios voltados aos pets não é apenas uma questão de conveniência, mas um reflexo das novas prioridades dos profissionais.

Ao analisar esses dados e como eles fazem parte da realidade dos trabalhadores, é possível perceber o grande potencial do mercado de benefícios corporativos pet. Empresas que acompanham as transformações sociais e culturais se destacam na atração e retenção de talentos, tornando-se mais competitivas no cenário atual. Uma das primeiras barreiras a serem enfrentadas é o entendimento das necessidades dos profissionais e suas famílias e como os benefícios corporativos podem ser alinhados às novas demandas que incluem os pets. Uma forma eficaz de lidar com essa questão é a realização de pesquisas internas para mapear o perfil dos colaboradores. Esse levantamento permite que os RHs compreendam melhor as prioridades da equipe e embasem propostas estratégicas para a diretoria. Saber, por exemplo, se há mais pets do que filhos humanos entre os funcionários e quais benefícios agregariam mais valor a eles é essencial para decisões alinhadas às expectativas do time.

Vale destacar que nesse contexto, os profissionais entre 28 e 34 anos são os que mais valorizam benefícios voltados aos pets, pois muitos priorizam a companhia dos animais em detrimento da parentalidade tradicional. Esse comportamento reflete uma mudança no perfil dos trabalhadores e exige um olhar mais atento das empresas para garantir engajamento e retenção. O Brasil tem potencial para se tornar uma grande referência em benefícios corporativos pets, a nossa cultura e até a legislação caminham para isso, o próximo passo é a mudança de entendimento dos RHs tradicionais ao lidar com as novas demandas do mercado. 

Compartilhar:

Artigos relacionados

Imaginar como ato de reinvenção  

A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
26 de novembro de 2025
Parar para refletir e agir são forças complementares, não conflitantes

Jose Augusto Moura - CEO da brsa

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
25 de novembro de 2025

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom Tecnologia

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
24 de novembro de 2025
Quando tratado como ferramenta estratégica, o orçamento deixa de ser controle e passa a ser cultura: um instrumento de alinhamento, aprendizado e coerência entre propósito, capital e execução.

Dárcio Zarpellon - Chief Financial Officer na Hypofarma

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
22 de novembro de 2025
Antes dos agentes, antes da IA. A camada do pensamento analógico

Rodrigo Magnano - CEO da RMagnano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Cultura organizacional
21 de novembro de 2025
O RH deixou de ser apenas operacional e se tornou estratégico - desmistificar ideias sobre cultura, engajamento e processos é essencial para transformar gestão de pessoas em vantagem competitiva.

Giovanna Gregori Pinto - Executiva de RH e fundadora da People Leap

3 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Liderança
20 de novembro de 2025
Na era da inteligência artificial, a verdadeira transformação digital começa pela cultura: liderar com consciência é o novo imperativo para empresas que querem unir tecnologia, propósito e humanidade.

Valéria Oliveira - Especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
19 de novembro de 2025
Construir uma cultura organizacional autêntica é papel estratégico do RH, que deve traduzir propósito em práticas reais, alinhadas à estratégia e vividas no dia a dia por líderes e equipes.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança