A preocupação com a saúde mental e bem-estar dos trabalhadores nunca esteve tão em alta entre as áreas de Recursos Humanos das empresas. O fato é que questões como o avanço de novas tecnologias e dos métodos tradicionais de trabalho mudaram drasticamente o dia a dia dos profissionais, que precisam lidar com questões que envolvem desde estresse e assédio no trabalho a pressão por resultados e sobrecarga.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo, uma em cada oito pessoas vive com algum tipo de transtorno mental. Quase 60% dos casos são de ansiedade (31%) e depressão (28,9%), condições que cresceram 26% e 28%, respectivamente, desde a pandemia da covid-19. Ainda, segundo um estudo realizado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), em parceria com as empresas Talenses e Gympass, 43% dos respondentes alegaram que estão com sobrecarga de trabalho. Além disso, 31% dos entrevistados sofrem pressão por metas.
O cenário é bastante desafiador e, com a chegada de um novo ano, é essencial que as instituições utilizem esse período para reavaliar suas estratégias e identificar iniciativas que podem impactar positivamente a saúde mental dos profissionais. Vale ressaltar que um ambiente de trabalho seguro e saudável coloca o bem-estar do trabalhador no centro das atenções, reduzindo os riscos de doenças físicas e emocionais e, consequentemente, promovendo seu equilíbrio emocional integral.
Problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, por exemplo, são grandes causas de absenteísmo e presenteísmo (quando o trabalhador está presente, mas não consegue produzir). Deste modo, valorizar o indivíduo melhora seu desempenho, visto que mentalmente saudável, ele é mais focado, criativo e engajado. No fim, colaboradores que se sentem bem e valorizados tendem a trabalhar melhor em equipe, trazendo ganhos para todas as esferas da organização.
Além disso, a redução de custos também é um dos grandes benefícios de promover a saúde mental, já que investir em programas de bem-estar é mais econômico do que lidar com os efeitos de problemas negligenciados, como é o caso da baixa produtividade. Para se ter um parâmetro, o estudo “Mental Health in the Workplace”, divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), revelou que para cada US$ 1 investido em ações que promovem melhorias na saúde e bem-estar mental dos trabalhadores, US$ 4 são percebidos em ganhos com o aumento da produtividade.
Mas como proporcionar um ambiente saudável? A preparação começa com um diagnóstico preciso, que atua como o primeiro passo para identificar os “sintomas” da companhia e os riscos ocupacionais presentes. Essa avaliação detalhada das condições de trabalho, conduzida de maneira sistemática, permite detectar tanto os riscos físicos quanto os psicossociais, proporcionando uma visão clara das áreas que exigem atenção.
Aliado a isso, é papel da liderança estar comprometida em criar uma cultura de segurança, adotando uma postura ativa em relação ao equilíbrio emocional e físico dos trabalhadores. Vale reforçar que a saúde mental dos trabalhadores não é apenas uma questão de empatia, mas também de estratégia empresarial, de modo que instituições que investem nesse aspecto criam um ambiente mais produtivo, inovador e resiliente.
Por fim, cuidar da saúde mental é uma prática que reflete não apenas o compromisso corporativo, mas também com o desenvolvimento humano e impacto positivo na sociedade, trazendo qualidade de vida aos profissionais dentro e fora do trabalho.