ESG
3 min de leitura

Por que se importar com a saúde mental dos trabalhadores em 2025?

Promover a saúde mental no ambiente de trabalho é mais do que um gesto de empatia; é uma estratégia essencial para elevar a produtividade, reduzir custos e fomentar o bem-estar dos profissionais, dentro e fora da empresa.
Diretora de Produto e Operações da Mapa HDS. É Psicóloga, Mestre em Psicologia pela PUC-MG, e pós-graduada em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela PUC-MG, e realizou pesquisa sobre fatores psicossociais no trabalho de profissionais de Tecnologia. Integrante do grupo de pesquisas PSITRAPP da PUC-MG e do CT - Saúde Mental e Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho - ABERGO.

Compartilhar:

A preocupação com a saúde mental e bem-estar dos trabalhadores nunca esteve tão em alta entre as áreas de Recursos Humanos das empresas. O fato é que questões como o avanço de novas tecnologias e dos métodos tradicionais de trabalho mudaram drasticamente o dia a dia dos profissionais, que precisam lidar com questões que envolvem desde estresse e assédio no trabalho a pressão por resultados e sobrecarga. 

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo, uma em cada oito pessoas vive com algum tipo de transtorno mental. Quase 60% dos casos são de ansiedade (31%) e depressão (28,9%), condições que cresceram 26% e 28%, respectivamente, desde a pandemia da covid-19. Ainda, segundo um estudo realizado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), em parceria com as empresas Talenses e Gympass, 43% dos respondentes alegaram que estão com sobrecarga de trabalho. Além disso, 31% dos entrevistados sofrem pressão por metas. 

O cenário é bastante desafiador e, com a chegada de um novo ano, é essencial que as instituições utilizem esse período para reavaliar suas estratégias e identificar iniciativas que podem impactar positivamente a saúde mental dos profissionais. Vale ressaltar que um ambiente de trabalho seguro e saudável coloca o bem-estar do trabalhador no centro das atenções, reduzindo os riscos de doenças físicas e emocionais e, consequentemente, promovendo seu equilíbrio emocional integral.

Problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, por exemplo, são grandes causas de absenteísmo e presenteísmo (quando o trabalhador está presente, mas não consegue produzir). Deste modo, valorizar o indivíduo melhora seu desempenho, visto que mentalmente saudável, ele é mais focado, criativo e engajado. No fim, colaboradores que se sentem bem e valorizados tendem a trabalhar melhor em equipe, trazendo ganhos para todas as esferas da organização.

Além disso, a redução de custos também é um dos grandes benefícios de promover a saúde mental, já que investir em programas de bem-estar é mais econômico do que lidar com os efeitos de problemas negligenciados, como é o caso da baixa produtividade. Para se ter um parâmetro, o estudo “Mental Health in the Workplace”, divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), revelou que para cada US$ 1 investido em ações que promovem melhorias na saúde e bem-estar mental dos trabalhadores, US$ 4 são percebidos em ganhos com o aumento da produtividade.

Mas como proporcionar um ambiente saudável? A preparação começa com um diagnóstico preciso, que atua como o primeiro passo para identificar os “sintomas” da companhia e os riscos ocupacionais presentes. Essa avaliação detalhada das condições de trabalho, conduzida de maneira sistemática, permite detectar tanto os riscos físicos quanto os psicossociais, proporcionando uma visão clara das áreas que exigem atenção.

Aliado a isso, é papel da liderança estar comprometida em criar uma cultura de segurança, adotando uma postura ativa em relação ao equilíbrio emocional e físico dos trabalhadores. Vale reforçar que a saúde mental dos trabalhadores não é apenas uma questão de empatia, mas também de estratégia empresarial, de modo que instituições que investem nesse aspecto criam um ambiente mais produtivo, inovador e resiliente.

Por fim, cuidar da saúde mental é uma prática que reflete não apenas o compromisso corporativo, mas também com o desenvolvimento humano e impacto positivo na sociedade, trazendo qualidade de vida aos profissionais dentro e fora do trabalho.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Tecnologias exponenciais
A ascensão da DeepSeek desafia a supremacia dos modelos ocidentais de inteligência artificial, mas seu avanço não representa um triunfo da democratização tecnológica. Embora promova acessibilidade, a IA chinesa segue alinhada aos interesses estratégicos do governo de Pequim, ampliando o debate sobre viés e controle da informação. No cenário global, a disputa entre gigantes como OpenAI, Google e agora a DeepSeek não se trata de ética ou inclusão, mas sim de hegemonia tecnológica. Sem uma governança global eficaz, a IA continuará sendo um instrumento de poder nas mãos de poucos.

Carine Roos

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A revolução da Inteligência Artificial está remodelando o mercado de trabalho, impulsionando a necessidade de upskilling e reskilling como estratégias essenciais para a competitividade profissional. Empresas como a SAP já investem pesadamente na requalificação de talentos, enquanto pesquisas indicam que a maioria dos trabalhadores enxerga a IA como uma aliada, não uma ameaça.

Daniel Campos Neto

6 min de leitura
Marketing
Empresas que compreendem essa transformação colhem benefícios significativos, pois os consumidores valorizam tanto a experiência quanto os produtos e serviços oferecidos. A Inteligência Artificial (IA) e a automação desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo a resolução ágil de demandas repetitivas por meio de chatbots e assistentes virtuais, enquanto profissionais se concentram em interações mais complexas e empáticas.

Gustavo Nascimento

4 min de leitura
Empreendedorismo
Pela primeira vez, o LinkedIn ultrapassa o Google e já é o segundo principal canal das empresas brasileiras. E o seu negócio, está pronto para essa nova era da comunicação?

Bruna Lopes de Barros

5 min de leitura
ESG
O etarismo continua sendo um desafio silencioso no ambiente corporativo, afetando tanto profissionais experientes quanto jovens talentos. Mais do que uma questão de idade, essa barreira limita a inovação e prejudica a cultura organizacional. Pesquisas indicam que equipes intergeracionais são mais criativas e produtivas, tornando essencial que empresas invistam na diversidade etária como um ativo estratégico.

Cleide Cavalcante

4 min de leitura
Empreendedorismo
A automação e a inteligência artificial aumentam a eficiência e reduzem a sobrecarga, permitindo que advogados se concentrem em estratégias e no atendimento personalizado. No entanto, competências humanas como julgamento crítico, empatia e ética seguem insubstituíveis.

Cesar Orlando

5 min de leitura
ESG
Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Alain S. Levi

6 min de leitura
Carreira
O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

Viviane Ribeiro Gago

4 min de leitura
Liderança
A liderança eficaz exige a superação de modelos ultrapassados e a adoção de um estilo que valorize autonomia, diversidade e tomada de decisão compartilhada. Adaptar-se a essa nova realidade é essencial para impulsionar resultados e construir equipes de alta performance.

Rubens Pimentel

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O DeepSeek, modelo de inteligência artificial desenvolvido na China, emerge como força disruptiva que desafia o domínio das big techs ocidentais, propondo uma abordagem tecnológica mais acessível, descentralizada e eficiente. Desenvolvido com uma estratégia de baixo custo e alto desempenho, o modelo representa uma revolução que transcende aspectos meramente tecnológicos, impactando dinâmicas geopolíticas e econômicas globais.

Leandro Mattos

0 min de leitura