Tecnologia e inovação

Por que só falar em inovação não nos torna inovadores?

Inovação é muito mais do que criar projetos inovadores, é encontrar soluções que transformem a vida das pessoas
Diretor de inovações na Ambev. Com doze anos de experiência na companhia, ele já atuou nas áreas de vendas, marketing e inteligência de mercado até assumir a cadeira atual, onde lidera com foco na velocidade, cultura do risco, desburocratização e autonomia dos times.

Compartilhar:

Existe um desejo muito profundo de se apaixonar por tudo o que criamos. É normal mergulhar de cabeça nos projetos e depositar todas as fichas para que eles saiam exatamente como o esperado. E ninguém melhor do que nós mesmos para defender as nossas ideias e entender o esforço e o trabalho que há por trás delas. Mas a verdade é que essa paixão pode se tornar a nossa maior armadilha. 

Podemos até atingir o sucesso com algumas de nossas criações, mas atualmente, é mais importante nutrir a capacidade de continuar aprendendo do que nos mantermos fiéis às nossas certezas. Isso porque o seu sucesso de hoje pode estar desatualizado amanhã, ou ultrapassado por outra criação. Por isso, sempre digo que empresas que têm a [**inovação**](https://www.revistahsm.com.br/post/inovacao-problema-pratico-ou-conceitual) como pilar central do seu negócio são as únicas que estão verdadeiramente preparadas para se manter relevantes pelos próximos cem anos.

## Mas o que é um negócio inovador?

Não é do dia para a noite que a inovação se torna o centro de um negócio. Para se ter uma ideia, esse ainda é um desafio enorme para as grandes companhias, que já vêm de uma trajetória de sucesso e têm dificuldades de colocar em xeque o que as trouxeram até ali.

O que precisamos ter em mente é que as empresas que se tornam mais disruptivas, atualizadas e prontas para lidar com as mudanças constantes da sociedade são aquelas que já vêm há um tempo investindo em uma longa jornada de inovação.

Inovação não é um trabalho de futurismo. Sabemos que está longe disso. Inovação está relacionada ao agora, às transformações dos nossos métodos de trabalho e às maneiras com as quais posicionamos o nosso negócio para o consumidor. Está mais do que na hora de termos em mente que esse processo só existe quando estamos mais próximos das pessoas ao nosso redor.

Inovação é trabalhar com hipóteses. Nunca vamos descobrir se o nosso produto é de fato relevante se não levarmos para que o consumidor final conheça, experimente e opine sobre ele.

E aqui vai uma dica fundamental para quem tem receio de criar novas formas de fazer negócio: esteja preparado para errar, tentar de novo e entender que tudo isso faz parte de uma jornada. Os projetos que ficam no meio do caminho sempre deixam algum [**aprendizado**](https://www.revistahsm.com.br/post/10-aprendizados-que-continuarao-em-alta). 

Às vezes, é necessário desenvolver uma gama de soluções para resolver um único problema, mesmo que apenas uma delas alcance o sucesso. Porém, antes disso, devemos descobrir como preencher o espaço que está faltando na vida das pessoas. Nossos esforços não devem se concentrar apenas na criação de projetos, pois eles são inovadores por si só, mas também em entender as razões que fazem com que pessoas comprem a inovação.

Tem uma frase muito boa do criador do Waze, Uri Levine, que diz que **a gente tem que se apaixonar pelos problemas, não pelas soluções.** É esse tipo de mentalidade que nos faz olhar para além da nossa categoria e enxergar novas oportunidades de negócio.

## É preciso aproveitar cada segundo desta crise

Toda crise tem seu impacto negativo no âmbito social e econômico da sociedade. Contudo, por outro lado, é sempre uma [**oportunidade de aprendizado e transformação dos negócios**](https://www.revistahsm.com.br/post/metamorfose-para-inovacao). Para sobreviver, muitas empresas precisam ocupar novos espaços no mercado e encontrar novas soluções para atender às necessidades dos seus consumidores. Por isso, aquelas que já incorporaram uma mentalidade de inovação são as que estão mais preparadas para lidar com hipóteses e testar novos desafios – ainda que desconhecidos.

O ano de 2020 é o maior exemplo que poderíamos ter. A pandemia da Covid-19 chegou para “disruptar” velhos negócios e acelerar a jornada de inovação em muitos segmentos. No setor de restaurantes, houve uma mudança radical na maneira com que consumimos refeições. Estabelecimentos que não tinham uma estrutura sólida de serviços de delivery tiveram que se adequar rapidamente e encontrar alternativas para solucionar o cenário imposto: as pessoas precisavam consumir dentro de casa.

Aqueles que souberam inovar nos formatos de entrega, na apresentação de seus produtos e na experiência do consumidor têm o negócio sustentado até o momento. Essa mentalidade colaborou para que estes estabelecimentos sobrevivessem? Com certeza! Mas mais do que isso, quando a crise passar, eles terão duas fontes de receitas (dentro e fora de casa) e não apenas uma como no passado.

Por isso, não adianta fazermos o melhor daquilo que já estamos acostumados, por mais tentador que seja. Temos que olhar o nosso negócio como algo constantemente mutável, preparado para abastecer as demandas primárias dos clientes. A inovação sempre será o comecinho dessa jornada. Ela abre espaço para que pessoas criem confiança, pensem em novas soluções e tenham vontade e ímpeto de fazer sempre mais e melhor.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Marketing & growth
25 de novembro de 2025

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom Tecnologia

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
24 de novembro de 2025
Quando tratado como ferramenta estratégica, o orçamento deixa de ser controle e passa a ser cultura: um instrumento de alinhamento, aprendizado e coerência entre propósito, capital e execução.

Dárcio Zarpellon - Chief Financial Officer na Hypofarma

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
22 de novembro de 2025
Antes dos agentes, antes da IA. A camada do pensamento analógico

Rodrigo Magnano - CEO da RMagnano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Cultura organizacional
21 de novembro de 2025
O RH deixou de ser apenas operacional e se tornou estratégico - desmistificar ideias sobre cultura, engajamento e processos é essencial para transformar gestão de pessoas em vantagem competitiva.

Giovanna Gregori Pinto - Executiva de RH e fundadora da People Leap

3 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Liderança
20 de novembro de 2025
Na era da inteligência artificial, a verdadeira transformação digital começa pela cultura: liderar com consciência é o novo imperativo para empresas que querem unir tecnologia, propósito e humanidade.

Valéria Oliveira - Especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
19 de novembro de 2025
Construir uma cultura organizacional autêntica é papel estratégico do RH, que deve traduzir propósito em práticas reais, alinhadas à estratégia e vividas no dia a dia por líderes e equipes.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
18 de novembro de 2025
Com agilidade, baixo risco e cofinanciamento não reembolsável, a Embrapii transforma desafios tecnológicos em inovação real, conectando empresas à ciência de ponta e impulsionando a nova economia industrial brasileira.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação, Atitude Collab e sócia da Hub89 empresas

4 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de novembro de 2025
A cultura de cocriação só se consolida quando líderes desapegam do comando-controle e constroem ambientes de confiança, autonomia e valorização da experiência - especialmente do talento sênior.

Juliana Ramalho - CEO da Talento Sênior

4 minutos min de leitura
Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança