Alguém duvida que o tédio provocado pelas filas em supermercados é o motor de vendas de produtos não essenciais posicionados ali perto do caixa? Ou pelo menos era.
Hoje, com os smartphones, o consumidor está distraído com alguma conversa no whatsapp ou olhando as redes sociais, e aquela pilha que há meses precisa ser trocada não foi nem notada no display.
Essa mudança de comportamento do consumidor teve impacto no consumo dos produtos comprados por impulso – aqueles que acabam nos carrinhos sem nunca terem entrado na lista de compras. Esse impacto é sentido pela indústria e também pelos varejistas.
Em tempos de Covid-19, a situação se agravou. A fila do caixa virou uma área de risco.
Manter a distância e estabelecer o menor contato físico com a esteira ou a maquininha de cartão, viraram prioridade.
E nessa nova jornada de compra que estamos vivendo as balas, chocolates, chicletes e revistas seguem esquecidos nas prateleiras.
Esse contexto evidencia a dependência que muitas categorias, marcas e produtos têm desse espaço por onde passam 100% dos consumidores.
Já para os varejistas, essa mudança significa uma perda significativa de faturamento.
E quando projetamos este cenário em um futuro em que os self check-outs serão realidade (fora do Brasil esta modalidade chega a representar 80% das transações) e o sistema “grab & go” continuará crescendo, o cenário pode ser ainda pior.
Quer dizer então que o consumidor deixará de comprar por impulso? De maneira nenhuma.
O impulso é humano, sempre vai existir. Vamos continuar buscando pequenas indulgências, provando novos sabores de balas e chicletes, e adquirindo coisas sem necessidade.
O desafio é olhar para o impulso de forma mais ampla, pois ele deve acontecer em outro momento da jornada de compra: por meio do seu celular, de novos canais, dos serviços de entrega, usando voice activation ou provavelmente uma combinacao de todos eles.
A relação entre impulso e conveniência vai se estreitar ainda mais.
Nessa nova realidade, o consumidor continuará adaptando sua jornada de compras ao seu contexto social, enquanto marcas e canais precisarão se reinventar continuamente.