Ao longo dos últimos dois anos, tenho me feito a seguinte pergunta: será que o mercado de trabalho realmente está de portas abertas para a diversidade?
O Brasil é um dos países mais diversos do mundo na composição da sua população. De acordo com dados do IBGE e Datafolha, somos 52% mulheres, 56% negros, 24% PCD, 9% LGBTI+ e cerca de 1% de pessoas trans. Porém, o cenário muda drasticamente quando olhamos para os espaços de poder, tomada de decisão e liderança dentro das maiores organizações.
![Gráfico 1 (2)](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/7vMmZjn1Y5PU2o0y1XVWHd/efdae5cc939d545e5718d8e47e8350af/Gr_fico_1__2_.png)
Ou seja, em um País como o nosso, onde as portas da igualdade e equidade deveriam estar totalmente abertas, garantindo que talentos de grupos minorizados tenham a oportunidade de participar plenamente do mercado de trabalho, ainda precisamos lidar com muros difíceis de escalar.
## E o que as empresas estão fazendo para ampliar a representatividade?
Ao longo dos últimos anos, vimos avanços importantes nas iniciativas de ESG e diversidade no ambiente corporativo. A pesquisa de benchmarking *[Panorama das estratégias de diversidade no Brasil em 2022 e tendências para 2023](https://conteudo.blend-edu.com/relatorio-benchmarking-diversidade-2022?material_baixado_hidden=benchmarking_2022)* mostrou que ações de atração, recrutamento e seleção de talentos diversos está entre as 11 mais implementadas pelas organizações que possuem programas estruturados de D&I.
![Gráfico 2 (2)](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/1vRPEJ0KXOAC8TcYH5o8GV/271bef3569a86eb988b65e3176f8cd87/Gr_fico_2__2_.png)
Esse dado não é tão diferente do que apontado recentemente pela Pesquisa Ethos/Época de Inclusão. Dentre as empresas participantes, foi observado que apenas:
– 58% afirmam dispor de programa para a contratação de mulheres, contendo indicadores, metas e meios de acompanhamento;
– 35% afirmam dispor de um programa para a contratação de pessoas negras, com indicadores, metas e meios de acompanhamento;
– 22% afirmam dispor de programa para a contratação de pessoas trans (travestis, transexuais ou pessoas não binárias), com indicadores, metas e meios de acompanhamento.
O único índice com um percentual mais elevado foi o de programas voltados para a contratação de pessoas com deficiência (78%), provavelmente impulsionado pela necessidade de atendimento da cota de inclusão de pessoas com deficiência.
## Nossos esforços estão sendo o bastante para impulsionar a empregabilidade de grupos minorizados?
Dados levantados pela empresa Gupy mostraram que apenas 1% das oportunidades publicadas em sua plataforma são vagas afirmativas. Este ainda é um número extremamente pequeno diante dos *gap’s* tão gigantes que existem no mercado.
Para tornar o cenário ainda mais crítico, o levantamento *[Diversidade e Inclusão – o impacto da marca empregadora](https://blog-forbusiness.vagas.com.br/diversidade-inclusao-impacto-marca-empregadora/#:~:text=O%20levantamento%20%E2%80%9CDiversidade%20e%20Inclus%C3%A3o,lo%20(46%2C9%25).)* também mostrou que a maioria dos profissionais que atuam com atração conhecem o conceito de viés inconsciente (85,6%), mas quase a metade deles não faz ideia de como evitá-lo (46,9%).
Ou seja, nem estamos impulsionando oportunidades afirmativas na proporção que precisamos, nem estamos mitigando os vieses e os preconceitos que impedem talentos minorizados de ascender profissionalmente.
## Diversidade é o caminho para a inovação, criatividade, crescimento social e econômico
Entendemos que, quando pessoas diferentes se unem, novas ideias florescem, e a capacidade de resolver problemas complexos se amplia. Sabemos que deve ser do interesse de todas as pessoas que o mercado de trabalho seja verdadeiramente diverso, equânime e inclusivo.
É imperativo que questionemos se nossas empresas estão realmente de portas abertas para a diversidade. E mais do que isso, que sejamos protagonistas de uma transformação.