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ESG

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Sustentabilidade humana na agenda ESG das empresas

O equilíbrio físico, emocional e mental dos colaboradores também deve ser incluído na agenda ESG para que se alcance a sustentabilidade humana. Se o bem-estar no ambiente de trabalho não é uma prioridade, a empresa pode sofrer com alto turnover, baixos resultados e pouca competitividade de mercado

Diana Damasceno e Tássia Bezerra

30 de Novembro

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Artigo Sustentabilidade humana na agenda ESG das empresas

O conceito de sustentabilidade humana é uma das aplicações de sustentabilidade que engloba não apenas considerações ambientais, mas também fatores sociais, econômicos e psicológicos. Apesar de ainda ser incipiente, o tema ganha a atenção em discussões mais amplas sobre mundo sustentável.

Este ano, por exemplo, Pascal Soriot, CEO global da biofarmacêutica AstraZeneca, afirmou em uma entrevista que “a saúde climática e a humana andam de mãos dadas”. A declaração serve como um alerta para empresas que ignoram aspectos de desenvolvimento de pessoas na agenda ESG.

O tema não é recente. O economista e filósofo Amartya Sen passou a incluir o desenvolvimento humano na agenda de sustentabilidade desde 1999. O Nobel de Economia tem uma série de trabalhos que enfatiza a necessidade de capacitar as pessoas, proporcionando-lhes oportunidades e melhorando suas competências.

As ideias de Amartya Sen se juntaram com as de Martha Nussbaum e, em 2011, criaram a abordagem das “capacidades”. O conceito destaca a importância de garantir que as pessoas tenham as capacidades básicas para levar vidas dignas, relacionando esse desenvolvimento à sustentabilidade.

Por que as empresas devem incluir a sustentabilidade humana na agenda ESG?

Porque o mundo passa por uma crise de bem-estar no trabalho. O Brasil ocupa o 2º lugar no ranking de países com mais casos de burnout e ao mesmo tempo também atravessa fenômenos coletivos como quiet quitting (demissão silenciosa, na tradução) ou da great resignation (grande resignação - na tradução -, isto é, sair do mercado de trabalho por vontade própria).

Há uma ruptura no paradigma de trabalho que converge com as evidências de uma sociedade adoecida por suas rotinas laborais. Jack Kelly, escritor especialista em recursos humanos, acredita que a crise de bem-estar no ambiente de trabalho não só impacta na saúde mental dos indivíduos, como também gera prejuízo empresarial, como alto turnover, baixos resultados e pouca competitividade de mercado. O relacionamento entre empresa-funcionário não pode ser mais negligenciado.

Vida competente e mundo sustentável

Com base nos estudos de Amartya Sen e Martha Nussbaum, além das discussões mais recentes sobre sustentabilidade, mostra-se urgente promover uma vida competente, aqui entendida como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, que promova o equilíbrio entre as dimensões social, psicológica, econômica e ambiental.

Isso significa que o equilíbrio físico, emocional e mental dos indivíduos também deve ser incluído na agenda ESG para que se alcance a sustentabilidade humana. No contexto corporativo, uma organização deveria ser considerada um membro da sociedade e promover valores empresariais que respeitem o capital humano.

Uma vida competente e sustentável deve ir ao encontro de uma abordagem organizacional responsável e consciente de seu papel. Talvez esse seja o principal conteúdo a ser compartilhado nos programas de treinamento das empresas que pretendem estar alinhadas com os princípios ESG.

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Autoria

Diana Damasceno e Tássia Bezerra

Diana Damasceno é diretora executiva da Rizoma Consultoria em Comunicação. Tássia Bezerra é jornalista com pós-graduação em economia comportamental (ESPM). Diana Damasceno e Tássia Bezerra têm um trabalho de pesquisa sobre cultura organizacional e sustentabilidade humana, e realizam treinamentos in company sobre o tema.

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