Segunda-feira, 19 de outubro de 1987, também conhecida como “Black Monday”: um dia quando as bolsas de valores globais despencaram, lideradas pelo Índice Standard & Poor’s (S&P) 500 e pelo Dow Jones Industrial Average (DJIA) nos EUA. Somente uma reação rápida do Federal Reserve Bank dos EUA permitiu que os mercados se estabilizassem nas semanas seguintes.
Seria este um evento previsível? Alguns sinais de alerta eram semelhantes em pontos de inflexão anteriores. O crescimento econômico havia desacelerado enquanto a inflação estava dando as caras. O dólar forte estava pressionando as exportações dos EUA.
Mas houve também um fator tecnológico que impactou fortemente neste evento: o uso de negociação computadorizada e ordens “stop-loss” automatizadas. Visando reduzir riscos, inadvertidamente, elas acabaram criando pânico quando os preços das ações começaram a cair. Conclusão: a aceleração das liquidações demonstrou os perigos de depender muito de uma tecnologia emergente sem supervisão humana suficiente.
A sua “Black Monday” pode ser um momento em que as coisas não saem como planejado. Ou até mesmo quando eventos que parecem mais improváveis como ataques terroristas, guerras, desastres naturais e pandemias se tornam mais comuns, suficientemente frequentes para entrarem no seu mapa de riscos organizacionais.
Mas como você tem avaliado as consequências “não intencionais” de sinais ou tendências, e suas decisões estratégicas tomadas a partir disto? Como desvendar os pontos frequentemente escondidos por trás de transformações aparentemente brilhantes? Assim como a tecnologia por trás da “Black Monday”, muitos líderes erram o alvo em consequências não intencionais que, embora simples, são muito caras.
O efeito colateral da inovação
Um caso bastante conhecido é o da Coca-Cola, em 1985, quando a multinacional conheceu o seu fracasso completo com o lançamento da New Coke. Para competir com a Pepsi, a empresa tentou atualizar seu produto principal com um sabor mais doce. Mas a mudança levou a uma reação negativa em massa, já que os consumidores preferiram fortemente o sabor original. Com a queda nas vendas, a Coca-Cola teve que trazer de volta a fórmula original como “Coca-Cola Classic”.
Escolher a eficiência hoje às custas da sustentabilidade de amanhã.
A crescente adoção da automação orientada por inteligência artificial (IA) tem gerado grandes avanços na produtividade. No entanto, como nos preparamos para os possíveis impactos negativos dessa transformação, como decisões tendenciosas ou outros erros causados pela falta de supervisão?
Em um momento em que muitas organizações estão no processo de planejamento anual, o maior desafio não é apenas compreender as tendências do mercado, mas também prever suas implicações. É preciso ir além da análise de tendências e considerar suas “sombras”, ou seja, os efeitos colaterais que podem surgir no futuro. Combine análise de tendências com planejamento de cenários e simule diferentes futuros possíveis para se preparar para uma variedade de impactos – tanto positivos, quanto negativos. E faça isso usando da inteligência coletiva, em um processo colaborativo, trazendo diversidade de perspectivas para enriquecer as conversas.
Na urgência pela decisão, pela pressão da execução, o pensamento crítico e a dedicação de tempo para refletir tem sido, muitas vezes, recursos subutilizados. Será que ainda temos tempo para sair desta armadilha até entrarmos em 2025?