Coprodução HSM Management + Audencia

Procuram-se agribusiness chief officers

O especialista e professor José Luiz Tejon conversa sobre o futuro que pode ser construído no agro e quem o construirá

Compartilhar:

“Do A do abacate ao Z do zebu.” É assim que José Luiz Tejon, professor da Audencia Business School, gosta de chamar as oportunidades de melhorar o panorama geral do setor do agronegócio brasileiro. Mas ele diz que essas mudanças só serão possíveis se os líderes do agronegócio adquirirem mentalidade e habilidades novas, tornando-se lideranças sistêmicas, ou “agribusiness chief officers” (ACOs).

### Há décadas o sr. acompanha o agronegócio global e brasileiro. O que está mudando nos últimos anos?
Absolutamente tudo. Nos últimos 15 anos, os alimentos, principalmente, passaram a ser objeto de controvérsias, seja pelo aumento do papel de organizações não governamentais (ONGs), da própria mídia ou de entidades de defesa do consumidor. Em um dia, divulga-se que o ovo é nocivo à saúde; no dia seguinte, revela-se um estudo que diz que ele é formidável e recomendado. Essas reverberações impactam todo o sistema do agro. As tendências do consumidor estão mudando muito e cada vez mais rapidamente.

### Como as empresas do agro podem responder a essas mudanças?
Não há saída que não seja as lideranças estarem preparadas para atender às demandas que se transformam constantemente. Elas precisam conseguir enxergar de fato, e antecipar até, as tendências do consumidor, além de adquirir o hábito de acompanhar suas mudanças.

### Quem são essas pessoas?
São os “agribusiness chief officers” (ACOs), gestores sistêmicos do agronegócio inteligente, do século 21. Eles entendem que o agro envolve desde a ciência e a tecnologia, que antecedem a produção, passa pela agropecuária propriamente dita e segue com a agroindústria, na ponta que chega ao consumidor, aos alimentos que comemos, às roupas que vestimos. Seja trabalhando em uma companhia de ciência e tecnologia, no varejo ou numa ONG, a gestão do agribusiness envolve visão sistêmica e muito planejamento estratégico.

### Isso é quase uma gestão 4.0. Como tê-la?
Primeiro, todos devemos investir em educação e capacitação dos futuros ACOs. Além disso, cabe ao governo orquestrar uma política agrícola com visão sistêmica, incluindo grandes e pequenos players no jogo. Outras forças podem nos ajudar a fazer isso, dentre as quais o cooperativismo e organizações como o Sebrae. Uma entidade como Sebrae atua na busca de arranjos produtivos locais que unem agroindústria, empresas de tecnologia, produtores e os responsáveis por transporte e logística.

### Como vai nosso agro hoje? E amanhã?
Vejo o agronegócio brasileiro como um sistema de cadeias produtivas, e a soma de seus elos significa 30% do PIB do País. Mas precisamos dobrar de tamanho até 2030: é uma meta total de US$ 1 trilhão, com o cooperativismo podendo incluir mais de 4 milhões de pequenos produtores rurais hoje quase fora do mercado, com uma revolução da distribuição da tecnologia, agregação de valor e marcas para acessar mercados mundiais. Temos ativos a contabilizar – do metano zero, do carbono, da agroenergia. Tudo isso depende de uma coisa: educar para transformar.

Artigo publicado na HSM Management nº 154, em coprodução com Audencia

__Leia também: [Os desafios do agro têm solução](https://www.revistahsm.com.br/post/os-desafios-do-agro-tem-solucao)__

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Empreendedorismo
Esse ponto sensível não atinge somente grandes corporações; com o surgimento de novas ferramentas de tecnologias, a falta de profissionais qualificados e preparados alcança também as pequenas e médias empresas, ou seja, o ecossistema de empreendedorismo no país

Hilton Menezes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial Generativa (GenAI) redefine a experiência do cliente ao unir personalização em escala e empatia, transformando interações operacionais em conexões estratégicas, enquanto equilibra inovação, conformidade regulatória e humanização para gerar valor duradouro

Carla Melhado

5 min de leitura
Uncategorized
A inovação vai além das ideias: exige criatividade, execução disciplinada e captação de recursos. Com métodos estruturados, parcerias estratégicas e projetos bem elaborados, é possível transformar visões em impactos reais.

Eline Casasola

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A IA é um espelho da humanidade: reflete nossos avanços, mas também nossos vieses e falhas. Enquanto otimiza processos, expõe dilemas éticos profundos, exigindo transparência, educação e responsabilidade para que a tecnologia sirva à sociedade, e não a domine.

Átila Persici

9 min de leitura
ESG

Luiza Caixe Metzner

4 min de leitura
Finanças
A inovação em rede é essencial para impulsionar P&D e enfrentar desafios globais, como a descarbonização, mas exige estratégias claras, governança robusta e integração entre atores para superar mitos e maximizar o impacto dos investimentos em ciência e tecnologia

Clarisse Gomes

8 min de leitura
Empreendedorismo
O empreendedorismo no Brasil avança com 90 milhões de aspirantes, enquanto a advocacia se moderniza com dados e estratégias inovadoras, mostrando que sucesso exige resiliência, visão de longo prazo e preparo para as oportunidades do futuro

André Coura e Antônio Silvério Neto

5 min de leitura
ESG
A atualização da NR-1, que inclui riscos psicossociais a partir de 2025, exige uma gestão de riscos mais estratégica e integrada, abrindo oportunidades para empresas que adotarem tecnologia e prevenção como vantagem competitiva, reduzindo custos e fortalecendo a saúde organizacional.

Rodrigo Tanus

8 min de leitura
ESG
O bem-estar dos colaboradores é prioridade nas empresas pós-pandemia, com benefícios flexíveis e saúde mental no centro das estratégias para reter talentos, aumentar produtividade e reduzir turnover, enquanto o mercado de benefícios cresce globalmente.

Charles Schweitzer

5 min de leitura
Finanças
Com projeções de US$ 525 bilhões até 2030, a Creator Economy busca superar desafios como dependência de algoritmos e desigualdade na monetização, adotando ferramentas financeiras e estratégias inovadoras.

Paulo Robilloti

6 min de leitura