Desde 2018, as irmãs Mariana, Maria Carolina e Maria Clara Moraes têm provocado o Brasil a pensar sobre sustentabilidade por meio de pequenas ações individuais através do seu projeto, Movimento Verdes Marias. Reconhecidas pelo Prêmio Lixo Zero Brasil por seu trabalho nas redes sociais em 2022, as influenciadoras experimentam e compartilham descobertas sobre produtos, alimentos e experiências mais sustentáveis. Além disso, produzem podcasts e fazem palestras em escolas e empresas.
Mariana Moraes, a primogênita, é a principal responsável por ter introduzido a sustentabilidade na família. Ela teve a ideia que daria origem ao Verdes Marias após o nascimento de sua filha, Manuela, em 2017, quando ficou angustiada com a quantidade de lixo descartada. A discussão sobre “microrrevoluções”, como definem as irmãs, norteia as atividades do Verdes Marias em frentes como vídeos e podcasts, que tem como objetivo não só convidar as pessoas a reduzirem seu próprio impacto no meio ambiente, mas também buscar soluções mais saudáveis. No meio corporativo, as irmãs aplicam a fórmula de incentivo a um estilo de vida sustentável e ensinam suas práticas cotidianas como forma de inspiração.
As cofundadoras do Verdes Marias serão palestrantes do TEDxGuarulhos, evento que acontece no próximo dia 29 de julho, em São Paulo, do qual __HSM Management__ é media partner. Com o tema *Aurora*, o conteúdo promoverá reflexões sobre o futuro que desejamos. A equipe do TEDxGuarulhos fez três perguntas para Mariana Moraes sobre o papel individual e corporativo para criar um mundo mais sustentável. Confira a seguir:
### 1 – Equipe TEDxGuarulhos: O Verdes Marias nasceu para inspirar as pessoas a levarem uma vida mais sustentável. Como a abordagem de microrrevoluções que vocês propõem pode ser aplicada ao mundo corporativo?
__Mariana Moraes:__ As microrrevoluções partem da ideia de que, independente do ambiente que você estiver, você tem um efeito e um impacto, seja ele positivo ou negativo. Então, independente de onde você estiver – seja no governo, em uma empresa, uma consultoria, ou na sociedade civil, você pode colocar provocações. Isso pode ser feito na empresa que você trabalha, junto às empresas dos produtos que você consome, com provocações para que mudanças sejam feitas.
Por exemplo, uma pessoa contou para a gente que começou a fazer provocações sobre plástico na empresa que ela trabalha, e essa empresa tirou absolutamente todos os plásticos de todos os serviços. Não tem mais plástico no café ou copinho de água, nada disso. Cada um tem que ter a sua caneca – e se você esqueceu sua caneca, tem que sair para comprar uma se não tiver outro jeito de tomar água. Um outro exemplo é uma seguidora que contou que nunca tinha pensado sobre logística reversa e a responsabilidade que a empresa dela tem sobre isso. E ela trabalha com pontos de ônibus e aí passou a entender que ela poderia fazer a logística reversa de todos os pontos de ônibus na empresa em que ela trabalha. Quando estes pontos são descartados, isso acontecia de forma irregular, mas agora todas as peças são descartadas de forma correta – além da empresa ganhar uma renda que ela não tinha previsto, o descarte começou a acontecer do jeito certo.
No fundo, o que a gente propõe é que as pessoas olhem o ambiente que elas estão, a vida que elas levam e entendam que tudo o que elas fazem tem um impacto – e que esse impacto pode acontecer por uma provocação que nasce de você. Todas as mudanças que aconteceram no mundo começaram por alguém: então, por que a gente não pode ser esse alguém?
### 2 – Quais são os cuidados que vocês tomam para evitar o “greenwashing” (quando empresas camuflam, mentem ou omitem informações sobre os reais impactos de suas atividades no meio ambiente) no trabalho de produção de conteúdo que vocês realizam?
O greenwashing é um tema super sério e muito triste, mas uma realidade que tem acontecido demais nas empresas. Organizações estão se sentindo pressionadas para entrarem no tema da sustentabilidade, discutirem o tema, mas não fazem isso a fundo. Para evitar cair no greenwashing, fazemos as perguntas que a gente acha que são importantes para a marca, principalmente se elas não as tiverem. A gente procura no site, nas comunicações e se essas respostas não estão muito claras e a empresa não foi capaz de nos responder, a gente não fala sobre a empresa. Nos recusamos a divulgar uma coisa onde a verdade da empresa não está clara. E isso acontece com frequência. Recusamos muitos trabalhos, porque vamos atrás das informações, e as empresas não têm as respostas.
Outra coisa que fazemos é entender o que a empresa está se propondo a fazer, qual a dimensão destas propostas diante do tamanho do problema. Por exemplo, uma empresa de refrigerante tem garrafas pet como um grande problema, e se propõe a fazer limpeza de praia. Vamos fazer perguntas como quantas vezes isso acontece, quanto a empresa está se propondo a reduzir a quantidade de plástico produzida versus o que está sendo recolhido. Essas contas precisam ser feitas, porque às vezes, a marca está fazendo uma coisa que é até interessante, mas em uma proporção que é só para chamar a atenção mesmo, ao invés de gerar algum tipo de mudança efetiva. Isso é muito importante, pois mostra que a empresa não está sendo transparente naquilo que ela está se propondo, e também é um indicador de que ali tem alguma coisa estranha.
No segmento de moda, por exemplo, isso acontece muito. Procuram a gente para fazer uma estampa inspirada na Mata Atlântica para as pessoas se conscientizarem sobre esse bioma, por exemplo. E então perguntamos: legal, o que você está fazendo efetivamente para este bioma, além de fazer uma estampa de roupa? Como você está se propondo a realmente apoiar esse bioma, para que o desmatamento reduza ou que esse lugar seja realmente fortalecido? Se for só uma estampa, ou alguma coisa que seja mais perceptível só para o cliente, mas que não esteja efetivamente ajudando, já entendemos que essa organização não está preocupada de verdade.
### 3 – O que podemos esperar do Verdes Marias para o próximo ano, no que diz respeito à atuação de vocês junto a empresas?
Para o próximo ano, vamos cobrar por consistência, coerência e convicção das marcas. A gente quer que elas falem e façam, e estamos aqui tanto para apoiá-las nesse processo, caso elas precisem de ajuda para encontrar esse caminho, quanto como consumidoras vigilantes que estão ali para entender, interrogar, provocar e mostrar que existem outros caminhos.
O que a gente sempre faz, tanto em relação às empresas com as quais trabalhamos junto, quanto às que criticamos, é fazer as provocações completas e necessárias para que a empresa entenda que existem pessoas, além de nós, que estão alertas. A gente desperta o assunto, mas existem muitos consumidores que estão alertas e que não estão mais dispostos a permitir que o mercado não olhe para o que está acontecendo. O tema das mudanças climáticas não pode ser ignorado, e diz respeito a todos: independente do país, da cidade, de posição social – e claro que isso impacta mais as pessoas em situação de mais vulnerabilidade social. As pessoas vão ter menos acesso a água, a alimentação, ao ar puro, a terra fértil para plantar, isso é um fato. Empresas que não olham para isso não entendem que qualquer empresa está inserida no mundo e tem um papel, e vão ter que desaparecer. Não existe outra forma de ver essa questão. Acho que as empresas têm um impacto, e queremos propor a elas que não seja negativo.
## Serviço:
### TEDxGuarulhos | Edição Aurora
__Data:__ Sábado, 29 de julho de 2023
__Horário:__ Das 13h às 19h
__Local:__ Teatro Adamastor Centro: Av. Monteiro Lobato, nº 734, Macedo – Guarulhos, SP
__Ingressos:__ Para participar do evento é necessário garantir seu ingresso [pela plataforma Sympla](https://www.sympla.com.br/produtor/tedxguarulhos), tanto para a forma presencial quanto para a online. Professores, estudantes e idosos pagam meia entrada. Para mais informações visite o site [tedxguarulhos.org](http://tedxguarulhos.org/).