Ajudar os clientes a serem mais sustentáveis, com acesso a oferta de insumos mais sustentáveis, conhecimento e aprendizado sobre práticas agrícolas sustentáveis e ferramentas financeiras e de relacionamento que incentivem a adoção crescente de modelos de negócios agrícolas que promovam uma agricultura de baixo carbono.” Esse é um dos pilares de ESG da Nutrien Soluções Agrícolas, parte de um grupo que tem como propósito transformar a agricultura e liderar a próxima onda da evolução agrícola. Segundo seu CEO para a América Latina, André Dias, esse propósito é o eixo em torno do qual tudo gira na organização – o engajamento e o desempenho dos colaboradores, o trabalho da área de recursos humanos etc.
Nesta conversa entre Dias e a diretora Latam de RH Clarissa Grunberg, eles conversam sobre detalhes da agenda ESG, erros, aprendizado etc. A rede varejista de insumos agrícolas vem investindo forte no País para construir “a maior e melhor” plataforma de soluções aqui, e o RH tem papel-chave nisso.
## IDENTIDADE
__CLARISSA GRUNBERG:__ __Agenda ESG é o assunto do momento para nós. E que bom, porque as empresas do ecossistema do agronegócio, como a nossa, são mais cobradas nisso… Como vai nossa agenda?__
__ANDRÉ DIAS:__ Globalmente estamos comprometidos em transformar a agricultura e fazer o que é certo para os nossos stakeholders e para o planeta, o que significa que precisamos liderar a próxima onda de inovação na agricultura, desenvolvendo produtos e serviços que ajudem os agricultores a adotar tecnologias e práticas de agronomia que lhes possibilitem de fato alimentar um mundo em crescimento.
Nossa agenda ESG no Brasil tem três pilares próprios: clientes, social e governança. A parte dos clientes remete a ajudá-los a serem mais sustentáveis, dando-lhes acesso à oferta de insumos mais sustentáveis, a conhecimento sobre práticas agrícolas sustentáveis e a ferramentas financeiras e de relacionamento que incentivem um modelo de negócio compatível com a agricultura de baixo carbono.
O social significa contribuir para que as comunidades sejam mais sustentáveis, impulsionando a qualidade da educação nas cidades onde operamos, promovendo a valorização da diversidade e inclusão, e combatendo a discriminação em qualquer de suas formas. Nos comprometemos com a promoção e proteção dos direitos humanos e a liberdade fundamental em todas as nossas relações de negócio. Governança implica que, por meio de processos, políticas e práticas que garantam,e alcancemos a ecoeficiência em nossas operações e instalações.
Além disso, estamos trabalhando para assegurar que a cultura da sustentabilidade, inclusão e diversidade permeie toda a organização, para que sejamos referência no tema mediante a nossa cadeia de valor. Certamente estamos tentando ser cada vez mais diversos e inclusivos em nossos times no Brasil, implementando uma série de iniciativas internas de D&I, mas ainda temos um bom caminho a percorrer.
__É uma agenda ESG toda baseada em pessoas –clientes, fornecedores, colaboradores. Fora ESG, que avanços você vê na gestão de pessoas?__
A gente às vezes esquece, mas é um grande avanço que as pessoas estejam, cada vez mais, em busca de trabalhos que as conectam com seu propósito de vida. E o mercado tem tornado as mudanças de rota possíveis; constantemente vejo profissionais trabalhando em áreas bem diferentes daquelas em que se formaram. O fato de a vida profissional não ser mais linear como antes e de as pessoas não se importarem de mudar de emprego até que encontrem um propósito, impacta o futuro da gestão de pessoas nas organizações: as empresas devem ter uma identidade com a qual as pessoas se conectem.
__Essa conexão é o mesmo que engajamento?__
Acho que sim. Na Nutrien, medimos o engajamento e a satisfação dos nossos colaboradores a cada dois anos por meio de uma pesquisa global e definimos ações engajadoras a partir disso. Mas, mesmo sem medir, saberíamos quando um funcionário está engajado. Quanto mais engajado, melhor é seu desempenho. E o engajado busca soluções e alternativas para melhorar sua rotina de trabalho, enquanto o desengajado reclama, não se motiva, compromete a entrega.
O que me anima é que estamos passando por grandes mudanças na companhia (em busca de ser o varejo agrícola de um agricultura transformada no futuro) e, apesar disso, nosso índice de satisfação é alto. Mostra que nossos colaboradores se identificam conosco – estão conectados com o nosso propósito. Mais importante ainda, talvez, é que colaboradores engajados ficam mais tempo na empresa e funcionam como nossos embaixadores.
__O digital mais desengaja ou mais engaja?__
A pandemia mostrou que o trabalho remoto é factível em todos os aspectos. Contratamos e treinamos times inteiros, integramos empresas adquiridas, criamos e desenvolvemos a cultura corporativa, tudo de forma remota.
No entanto, você tem razão: a experiência digital é um caminho, mas não o único caminho. O negócio em que estamos inseridos precisa do time comercial no campo, em contato direto com o agricultor para entender as suas necessidades. Devemos – e queremos – ser flexíveis para as experiências online, mas algumas áreas precisam de interação e colaboração. Desenvolver relacionamentos confiáveis e trocar ideias não são coisas possíveis em sua plenitude no ambiente virtual.
Sempre digo que o profissional do futuro, e o do presente com futuro, deve ter capacidade de adaptação e é isso – trabalhamos online, offline, vamos todos nos adaptando.
## RH, COMUNICAÇÃO E ELT
__Como o RH pode contribuir ainda mais para a estratégia da Nutrien Soluções Agrícolas de ser líder do varejo agrícola no Brasil? E o que não deve fazer?__
Nossa estratégia no Brasil, como você sabe, é ser líderes do varejo agrícola nacional. Para isso, precisamos que o RH estruture um time diferenciado, com profissionais reconhecidos no mercado que tenham perfis e experiências diversas, para incentivar o ambiente criativo e inovador. Isso resultará no desenvolvimento de um novo modelo de vendas de insumos agrícolas no Brasil. Só dá para transformar o setor, como queremos fazer, com os melhores talentos – tanto vindos do mercado como desenvolvidos na companhia.
Vou voltar ao engajamento, se me permite, que envolve um trabalho conjunto de RH, comunicação e o ELT, como chamamos internamente o grupo de liderança estendida para a América Latina. É importante ter em mente que somos uma empresa em construção, que passa por mudanças constantes, não só agora. E manter nosso pessoal engajado não é fácil quando há revisões de processos e estruturas, muitos colaboradores novos chegando, empresas sendo adquiridas e integradas à nossa cultura. Para superar esses desafios, temos trabalhado com uma agenda forte de comunicação com transparência e com o ELT também, juntamente com o RH.
A estratégia de comunicação tem lives frequentes, abertas a toda a empresa, em compartilhamos o que está acontecendo e nossa evolução como negócio. Abrimos ainda um canal de perguntas e respostas em que os colaboradores ficam à vontade para perguntar de forma anônima o que for necessário – e respondemos sempre com transparência. Prestamos atenção às perguntas recorrentes e não só ampliamos a comunicação sobre isso como também equipamos nossos líderes para que deem abordem suas equipes com as respostas. Já a estratégia de ELT Latam é que esses profissionais sejam mobilizadores dos colaboradores com o propósito da organização, liderando, opinando, trazendo e levando informações relevantes.
Sobre o que não fazer, o RH não deve cair na tentação de instaurar práticas só porque estão na moda ou deram certo em outra organização. Nem tudo que está disponível deve ser usado.
## DESAFIOS 360 GRAUS
__Olhando para frente, qual será seu maior desafio?__
O ano de 2022 será um ano que precisaremos ter planos A, B, C e D prontos para entrar em ação se quisermos chegar aos resultados almejados. Deve ser um ano turbulento, evido às eleições presidenciais, principalmente com o cenário político e econômico que estamos vivendo. Será fundamental a liderança da empresa estar prontos para tomar decisões a qualquer momento, pois o caminho precisará de constante correção de rota. Manter uma conversa aberta com os stakholders e gerenciar bem as opções será importante.
__Olhando para trás, qual foi seu maior erro?__
Cometi vários erros na carreira, mas os maiores sempre foram associados a não ouvir atentamente a pessoas ao meu redor. Tanto que meu maior aprendizado foi o de me cercar de pessoas mais inteligentes e capazes e criar um ambiente que favoreça as opiniões abertas e construtivas.
__Aprender é um desafio no presente?__
Sempre, um desafio e um prazer, porque eu sou muito curioso. Eu aprendo ouvindo as pessoas e lendo. Tenho interesse em assuntos diversos e gosto de fazer correlações.
__ANDRÉ DIAS__
Foi líder da Monsanto e da Nidera.
__CLARISSA GRUNBERG__
Ex-Syngenta, também tem carreira “multidisciplinar”, que inclui Latam Airlines.