Business content, Dossiê: Jovens Talentos, Carreira

Protagonistas do futuro

Programa de estágios da Sodexo utiliza metodologias ágeis e inovadoras na formação de jovens talentos para a empresa e o mercado de trabalho
É jornalista, colaborador de __HSM Management__ e __MIT Sloan Review Brasil__, autor dos livros Esquina Maldita e Rua da Margem - Histórias de Porto Alegre, além de editar o portal do Rua da Margem.

Compartilhar:

Em 2016, a francesa Sodexo decidiu reformular o programa de estágios da subsidiária brasileira. A ideia era assegurar-lhe maior robustez a partir da adoção de metodologias ágeis, como lean e design thinking, adaptadas às necessidades da companhia. “Não queríamos comprar mais um produto de prateleira, e sim ter a oportunidade de inovar os conteúdos e adequá-los à estratégia da empresa. Encontramos essa possibilidade com a Eureca, e essa parceria tem dado muito certo”, afirma Thais Almas, líder de talent acquisition da Sodexo.

A partir da parceria com a Eureca, que oferece suporte e orientação para a Sodexo, a formação de jovens talentos da empresa foi rebatizada. Passou a denominar Programa de Estágios – Protagonize. A mudança não é [mera questão de branding](https://www.revistahsm.com.br/post/o-rei-esta-nu-cuidado-com-a-marca-empregadora). A alteração reflete uma profunda transformação da estrutura do programa, com base em uma seleção de jovens alinhados à cultura da companhia e no comprometimento dos gestores em relação ao desenvolvimento dos estagiários, além da participação de um RH bem preparado e articulado aos objetivos da organização.

O Protagonize está orientado não apenas para capacitar futuros colaboradores da Sodexo, como também para formar profissionais para a vida e o mercado de trabalho, atendendo ao posicionamento de responsabilidade social da empresa. “Bato muito na tecla do amadurecimento e da formação de um profissional diferenciado, que – ainda que não seja efetivado na Sodexo, já que não é possível reter a todos – tenha plenas condições de se vender para o mercado”, diz Thais Almas.

Com a reformulação do programa, as atividades foram reestruturadas, dividindo-se em dois ciclos ao longo do ano. No primeiro, reunidos em grupos de 4 a 5 estagiários, como se fosse um [protótipo de startup](https://www.revistahsm.com.br/post/seis-pilares-para-desenvolver-e-gerir-comunidades), os jovens são desafiados a produzir projetos que contribuam para solucionar demandas reais de diferentes áreas da organização. Os trabalhos contam com suporte das áreas aos quais estão relacionados e funcionam à semelhança de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), com apresentação de resultados para uma banca composta de gestores e executivos, incluindo o presidente da Sodexo no Brasil, Thierry Guihard.

## Workshops e vídeos de curta duração
Já o segundo ciclo envolve o desenvolvimento de competências comportamentais por meio da realização de workshops. Em 2021, por exemplo, foram trazidas pautas ligadas ao [momento de home office](https://www.revistahsm.com.br/post/aqui-estao-algumas-ideias-para-gerenciar-um-time-hibrido) determinado pela pandemia da covid-19, como disciplina, saúde mental e mindset, além de aspectos pessoais dos jovens, como gestão de tempo para conciliar estágio e faculdade.

A opção por temas ligados à pandemia levou em conta pesquisas como a do Conjuve (Conselho Nacional da Juventude), segundo a qual sete em cada grupo de 10 jovens manifestaram sintomas fortes e constantes de ansiedade ao longo da crise sanitária. Ao final dos workshops, foram recebidas mais de 170 avaliações, com índice de satisfação de 4,67% (de um total de 5). Para 2022, o programa deverá estar focado em competências do mundo digital, outro assunto bastante vinculado à atualidade.

Em paralelo aos workshops, os estagiários têm acesso a vídeos de curta duração (entre 3 a 8 minutos) postados em uma plataforma de conteúdos (Lab Eureca) sobre competências importantes para os jovens no mercado de trabalho. Entre os temas abordados estão: organização da agenda, trabalho remoto, autoconhecimento e inteligência emocional. O NPS (Net Promoter Score) da interação com os vídeos foi de 91 (de um total de 100).

## Migração para formato online em 2021
Por causa da pandemia, todas as ações do Protagonize em 2021 foram realizadas no formato virtual (a Sodexo só pretende retomar as atividades presenciais dos colaboradores no ano seguinte). Thais Almas admite que sentiu um “frio na barriga” quando foi necessário migrar para o modelo 100% online, mas a empresa conseguiu virar a chave e deu tudo certo.

“O pulo do gato foi nos reinventarmos e nos descolarmos do passado. Mesmo com os desafios do home office, incentivamos os jovens a irem atrás de informações, falar com pessoas de diferentes áreas da companhia para o desenvolvimento do projeto. Com isso, eles [ganharam visão de negócio](https://www.revistahsm.com.br/post/o-desafio-do-primeiro-cargo-de-lideranca), além de desenvolver comunicação, autonomia e relacionamento”, afirma a líder de talent acquisition da Sodexo.

Uma das vantagens do formato online foi ampliar a participação dos colaboradores na apresentação do projeto dos estagiários, em junho deste ano. Antes, o encontro se realizava presencialmente na sala de reuniões da matriz, em Barueri (SP), sendo convidados apenas gestores e executivos, além de stakeholders que tivessem ajudado a desenvolver o trabalho. Neste ano, todos os colaboradores receberam convites e cerca de 190 deles fizeram login para participar da reunião. Fora isso, um estagiário da unidade comercial em Belo Horizonte também se fez presente, o que não aconteceria no modo presencial.
Gestores participam das ações de desenvolvimento

Thais Almas destaca ainda o comprometimento dos gestores no Protagonize, que vem aumentando ao longo dos últimos anos. “Conforme o programa de estágios foi ganhando mais corpo e visibilidade internamente, mais intensa se tornou essa relação”, atesta ela. Inclusive, ao longo do programa, os gestores participam de [workshops sobre liderança de jovens](https://www.revistahsm.com.br/post/inovacao-em-comunicacao-uma-tarefa-nada-simples-e-facil). Em 2021, entre outros pontos contemplados, essas atividades trataram de novas formas de gestão de pessoas durante a pandemia, como trabalho remoto e autogestão, além de orientar a como lidar com erros inerentes ao início de carreira da jornada profissional.

De 2016 a setembro deste ano, o Programa de Estágios – Protagonize desenvolveu 107 estagiários. Desse total, 27 (cerca de 25% do público total) foram efetivados – e 19 seguem trabalhando na companhia atualmente. Para Thais, o sucesso do programa está diretamente relacionado à afinidade estabelecida com a parceira na formatação das atividades. “A Eureca é uma empresa que tem empatia com o jovem, se identifica com ele e fala a linguagem dele. Outros fornecedores não têm essa proximidade. Essa condição combina muito bem com a Sodexo, ela também uma empresa jovem, que já nasceu no modelo digital”, conclui.

__*O E-dossiê: Jovens Talentos é uma coprodução HSM Management e Eureca.*__

Compartilhar:

Artigos relacionados

Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura
ESG
No mundo corporativo, onde a transparência é imperativa, a Washingmania expõe a desconexão entre discurso e prática. Ser autêntico não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica para líderes que desejam prosperar e construir confiança real.

Marcelo Murilo

8 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo onde as empresas têm mais ferramentas do que nunca para inovar, por que parecem tão frágeis diante da mudança? A resposta pode estar na desconexão entre estratégia, gestão, cultura e inovação — um erro que custa bilhões e mina a capacidade crítica das organizações

Átila Persici

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A ascensão da DeepSeek desafia a supremacia dos modelos ocidentais de inteligência artificial, mas seu avanço não representa um triunfo da democratização tecnológica. Embora promova acessibilidade, a IA chinesa segue alinhada aos interesses estratégicos do governo de Pequim, ampliando o debate sobre viés e controle da informação. No cenário global, a disputa entre gigantes como OpenAI, Google e agora a DeepSeek não se trata de ética ou inclusão, mas sim de hegemonia tecnológica. Sem uma governança global eficaz, a IA continuará sendo um instrumento de poder nas mãos de poucos.

Carine Roos

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A revolução da Inteligência Artificial está remodelando o mercado de trabalho, impulsionando a necessidade de upskilling e reskilling como estratégias essenciais para a competitividade profissional. Empresas como a SAP já investem pesadamente na requalificação de talentos, enquanto pesquisas indicam que a maioria dos trabalhadores enxerga a IA como uma aliada, não uma ameaça.

Daniel Campos Neto

6 min de leitura
Marketing
Empresas que compreendem essa transformação colhem benefícios significativos, pois os consumidores valorizam tanto a experiência quanto os produtos e serviços oferecidos. A Inteligência Artificial (IA) e a automação desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo a resolução ágil de demandas repetitivas por meio de chatbots e assistentes virtuais, enquanto profissionais se concentram em interações mais complexas e empáticas.

Gustavo Nascimento

4 min de leitura