Estratégia e Execução

Quando o P&D é uma armadilha

A complexidade organizacional pode atrapalhar a inovação e afastar os talentos

Compartilhar:

> **Saiba mais sobre  Alfredo Pinto**
>
> **Quem é:** Sócio no escritório da Bain & Company em São Paulo, juntou-se à Bain em 2000. Antes, foi executivo de operações da P&G. 
>
> **Especialidade:** Trabalha com a alta gestão de grandes grupos nacionais e multinacionais em diversos setores das indústrias de varejo e bens de consumo. 
>
> **Formação:** Graduado em engenharia mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (Brasil) e com MBA pela The Anderson School, da University of California em Los Angeles (Estados Unidos).

A inovação é uma prioridade para a maioria das empresas, especialmente as de tecnologia, as farmacêuticas, as de telecomunicações e as de setores que têm rápida evolução de produtos. No entanto, menos de um em cada quatro executivos entrevistados pela Bain & Company acredita que suas empresas sejam eficazes ao inovar. Por quê? Temos uma hipótese: a culpada é a complexidade. Não é, como se pensa, a dificuldade de criação de produtos, que, nesses setores, é necessariamente sofisticada. 

A complexidade indesejada é que pode prejudicar a capacidade da empresa de inovar e crescer de maneira rentável. Nós, da Bain, achamos que isso ocorre de três formas: 

**• falta de foco – dificulta o crescimento da receita:** empresas com muitos projetos em seu portfólio de pesquisa e desenvolvimento (P&D) transmitem seu investimento em muitas oportunidades. Elas não têm a disciplina para acabar com as “más apostas” logo no início ou não conseguem revisar a carteira de produtos periodicamente para que possam investir mais nos projetos de alto potencial. É preciso focar o que realmente importa e dedicar menos energia a assuntos de baixa importância estratégica. 

**• Complexidade organizacional – sufoca a inovação e afasta os talentos:** quando as equipes estão fragmentadas em operações mundo afora, as decisões podem levar muito tempo para serem tomadas. Além disso, um organograma extenso, com muitos degraus hierárquicos, faz com que a tomada de decisão seja mais lenta e atrase os planos. Se o andamento de projetos promissores é lento, os talentos vão embora.

**• Complexidade em processos – leva à perda de oportunidades de mercado:** as empresas que colocam muito esforço na gestão de sua carteira de produtos existentes ou em processos gerais podem ignorar novas oportunidades de mercado. É possível identificar sinais de complexidade em processos quando há diferentes tipos de ferramentas e metodologias nas unidades da empresa, geralmente ocasionados por fusões e aquisições.

**EVITANDO O PIOR**

Algumas empresas evitam essas armadilhas mantendo foco disciplinado e encontrando modos de simplificar seus departamentos de P&D. As que acabaram entrando na seara da complexidade precisam de uma abordagem transformadora para voltar à liderança em inovação. Por exemplo, para mitigar a complexidade de portfólio, as empresas podem rever seus roteiros de inovação e verificar se eles estão alinhados com seus objetivos de longo prazo. Simplificar os roteiros permite criar um ciclo virtuoso de foco e de entregas bem-sucedidas, dando impulso para restaurar a confiança na equipe de P&D. Simplificar a estrutura de P&D começa pela escolha da equipe certa, aquela que está empenhada em fazer as mudanças necessárias. 

Isso pode exigir líderes com uma nova visão em relação à linha de produtos e à organização. Pode também exigir que a estrutura de P&D se adapte a uma carteira mais simples. Reduzir a complexidade em P&D leva tempo; exige paciência e persistência. Entretanto, pode gerar enorme valor para os acionistas por meio da melhoria na inovação, que culmina em menor tempo para o lançamento de produtos e um portfólio com maior qualidade. Em nossa experiência, menos comple xidade leva a despesas operacionais mais baixas e maior produtividade, com avanço de 15% a 20% ao longo do tempo. Em alguns casos, as economias compensam os custos, permitindo que a transformação seja autofinanciada.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)